APRENDER - Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação

O conceito de identificação no pensamento de Adorno: entre o ajustamento social e a resistência em direção a uma existência mais humana

Rita de Cassia Thomaz — 2023-12-29

O artigo traz uma discussão acerca da utilização do conceito de identificação por Adorno. A partir disso procuramos dar ênfase para o tema da crítica e da negação da cultura possibilitadas pela apropriação da psicanálise realizada pelo autor. A aplicação do conceito permite analisar o processo de assimilação do indivíduo no capitalismo tardio. Uma vez que a cultura é transformada em mercadoria, e assim absorve o ritmo idêntico e repetitivo da produção mecanizada, que transmite aos indivíduos através dos produtos que consomem e das celebridades com as quais se identificam. Nesse contexto, cresce o sentimento de impotência individual gerado por um modelo de organização social que dissimula suas contradições a partir da identidade do indivíduo com a cultura. E revela a união entre progresso e barbárie que promove o declínio do indivíduo como foi exposto na Dialética do Esclarecimento. Como sugere Adorno, diante da irracionalidade da cultura moderna, cabe à educação a tarefa de autorreflexão crítica e de esclarecimento dos indivíduos. De maneira a convidá-los a pensar na falsa realidade em que estão inseridos e de contrapor impotência com autonomia.

Ética intercultural latino-americana: pressupostos para a educação escolar

Alexandre Silva — 2023-12-29

Nas últimas décadas, discussões sobre interculturalidade efetivaram-se no cenário intelectual latino-americano, relacionando os temas mais diversos a partir de diferentes interlocutores e pensadores. Muitos desses fizeram emergir a realidade latino-americana denunciando o parasitismo colonial (Manoel Bonfim), anunciando que a Nuestra America pode libertar-se da dominação Ibérica (José Marti) quando os princípios universais como a justiça, o reconhecimento do outro e a comunicação forem porta-vozes de mudanças (Raul Fornet-Betancourt; Ricardo Salas). A educação possui papel fundamental nesse processo (Catherine Walsh; Fidel Tubino). Por isso, neste artigo fruto de aulas, leituras, pesquisas e dedicação ao curso oferecido pela PUC Minas, na disciplina: Educação, Interculturalidade e Espiritualidade, temos como objetivo identificar os principais pressupostos para se pensar e desenvolver uma educação escolar, de víeis Intercultural Latino-Americana, a partir de uma metodologia qualitativa, documental e pesquisa bibliográfica desenvolvida com base em material publicado como livros, artigos periódicos e entrevistas. De que maneira este diálogo e pressupostos contribuem para a educação escolar? Nestes tempos, em que se discute novos paradigmas para educação escolar, acredita-se que a interculturalidade crítica coopera para desvelar os projetos hegemônicos.

Adolescência, escola e o tempo na pandemia

Cláudia Braga de Andrade — 2023-12-29

O artigo se propõe a pensar o retorno dos adolescentes às escolas após a pandemia fazendo a articulação entre conceitos psicanalíticos e a importância da escola na transição que a adolescência representa para a constituição psíquica do sujeito. A partir de uma experiência de pesquisa-extensão em uma escola com estudantes do Ensino Médio, pensamos sobre como o laço social contemporâneo impacta os modos de subjetivação e a educação, relacionando-o ao mal-estar nos estudantes adolescentes nos contextos educativos brasileiros. Além disso, a dimensão da temporalidade tanto a própria da adolescência, quanto da escola e da pandemia que lhe atravessam foram tomadas como direcionamentos sendo o artigo dividido três partes: tempo na pandemia, tempo da escola e o tempo da adolescência.

Autoestima dos estudantes de enfermagem diante do contexto pandêmico

Júlio Rodrigues de Avelar — 2023-12-29

Introdução: As aulas virtuais se tornaram o principal meio de ensino das instituições educacionais diante da pandemia, e essa mudança repercutiu diretamente na autoestima dos estudantes e consequentemente nos rendimentos acadêmicos. Objetivo: avaliar a autoestima dos estudantes de enfermagem em contexto pandêmico. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem quantitativa. A coleta e análise de dados se deu a partir da escala de autoestima de Rosenberg (The Rosenberg Self-Esteem) e de instrumento complementar desenvolvido pelos autores. A pesquisa foi realizada no Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande, com 155 estudantes do Curso de Bacharelado em Enfermagem. Resultados: Dentre os participantess, 60,7% apresentam valores que indicam uma autoestima diminuída de modo geral. Os números indicam que a maioria absoluta apresentava uma baixa autoestima, decorrente do período vivenciado na pandemia, com uma pontuação entre 7 e 12 no escore, o que representa 89,7% dos entrevistados. Isso mostra que o desgaste vivenciado pelos estudantes durante esse tempo é presente e notório. Conclusão: A baixa autoestima está presente entre os estudantes, como mostram os resultados obtidos através dessa pesquisa, que podem sugerir que essa autoestima diminuída seja advinda do período vivenciado pela pandemia.

Mal-estar de adolescentes no retorno presencial das escolas: perdas e ganhos

Cristiana Carneiro — 2023-12-29

Este artigo discute o mal-estar de adolescentes de duas escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro, no contexto de retorno presencial das aulas pós-pandemia da COVID-19. Durante o contexto de isolamento, a escola teve de se ressignificar como lugar de aprendizagem, de convivência e de mediações com tecnologias até então ausentes, e atualmente tem que se reconstruir, territorialmente, como um lugar possível de afeto e transmissão. A escola é uma das instâncias que se ocupa desta tarefa, em que o jogo de forças entre os grupos e a subjetividade se faz presente. No entanto, a ausência territorial da escola no período de isolamento social foi inevitável. A questão central a que este artigo busca responder é de que maneira o pressuposto freudiano de que o mal-estar faz parte e é inerente à relação entre o sujeito e a cultura, aparece, e sob que aspectos, nesta experiência de retorno às escolas, no período pós-pandemia. Quer nas dificuldades de aprendizagem, diante do lugar do outro, no conflito entre temporalidade e demanda, nas estratégias de enfrentamento e na distância entre os projetos e a realidade, os estudantes revelam suas angústias e novos modos de lidar com a condição de mal-estar.

Família, escola e psicanálise: ideais de família e saúde mental nos contextos educativos

Liliane Cristina Santos — 2023-12-29

Este artigo apresenta um projeto de pesquisa clínica qualitativa, que busca compreender a função da família, seu caráter de transmissão, no que se refere à constituição subjetiva da criança, considerando as profundas transformações contemporâneas das instituições, inclusive da família. Propomos uma discussão sobre a temática em articulação com a educação, abordando-a no contexto social e avançando para perspectiva psicanalítica. Notamos que a noção de função da psicanálise pode nos fazer avançar teórica e clinicamente na tentativa de superar modelos parentais ou de comportamentos que supostamente pudessem garantir um desenvolvimento adequado à criança, permitindo a problematização dos ideais de família marcantes em nosso imaginário social e a reflexão sobre seus possíveis impactos na saúde mental dos aprendentes, familiares e educadores nos contextos educativos.

O psicólogo escolar: da depressão à saúde mental e à cidadania da criança

Carlos Marcelo Cavalheiro Félix — 2023-12-29

O presente artigo se debruça sobre a temática da Psicologia e a Educação. O recorte do tema reflete a necessidade da ação da psicologia no ambiente escolar. O estudo se constitui uma breve análise quanto aos enfrentamentos à saúde mental dos estudantes na etapa da infância. De cunho qualitativo e de natureza básica, este é excerto de pesquisa bibliográfica, utilizando-se de referências que conversam com a temática abordada. Busca-se entender: De que modo o psicólogo escolar pode auxiliar as crianças que se encontram em depressão? Como identificar a depressão infantil no contexto escolar? Nesse sentido, busca-se compreender as ações do psicólogo escolar, em confronto com os problemas da depressão infantil. Do estudo foi possível perceber que: existe a depressão infantil e esta forma as lacunas nas aprendizagens das crianças; torna-se evidente a necessidade de manter o diálogo entre a escola e a família buscando sanar os efeitos da depressão infantil; a presença e a ação do psicólogo escolar, no ambiente da Educação, poderá se constituir uma medida preventiva que promova uma infância sadia e mais cidadã; o psicólogo escolar nos processos de intervenção precisa ressaltar a reflexão crítica, democrática e humanizadora dos sujeitos.

Vozes que constrangem: mal-estar (res)sentidos em interações didáticas em uma cultura escolar do interior da Bahia

Fernanda de Castro Modl — 2023-12-29

Este artigo visa analisar indícios verbo-visuais de episódios de mal-estar enunciados por alunos que integram turmas da modalidade Educação de Jovens Adultos (EJA) em uma escola do interior baiano. Dedicamo-nos, especialmente, a compreender como os sujeitos semiotizam situações de embaraço social vivenciadas em salas de aula e(m) seus (d)efeitos. Como referencial teórico, partimos de pressupostos da Análise Dialógica do Discurso, da Clínica da Atividade e de outras categorias discursivas para lermos, a partir de uma dimensão axiológica, o corpus que é composto por duas biograficzines. A análise dos dados registra que os (res)sentimentos dos discentes, que se deixam materializar em termos verbo-visuais, deflagram situações que ilustram a complexidade de dinâmicas que perfazem interações didáticas no ambiente escolar. Trabalhos como o nosso contribuem para tensionar a realidade escolar-profissional possibilitando a exploração de outros ângulos de nossas atividades como sujeitos sociais.

Universidade Pública e desejo de viver: o acolhimento enquanto dispositivo de escuta em tempos nefastos

Fernanda Mara da Silva lima — 2023-12-29

O cerne desse artigo remete à instauração de um dispositivo de acolhimento e escuta de orientação psicanalítica numa instituição educacional pública de nível superior. Sustentamos a práxis em uma experiência político-clínica de acolhimento na Universidade, salientando sua função terapêutica como forma de resistência coletiva a um modus operandi absolutamente individualista. Cada investida neoliberal em nossa sociedade é capaz de produzir engendramentos subjetivos da pulsão de morte, resultando em sofrimento e adoecimento na medida em que o sujeito é abandonado à própria sorte, desamparado, num tecido social que se esgarça. Para fazer face a tamanho desalento, recorremos a um projeto de extensão, delineado enquanto um dispositivo de escuta psicanalítica gratuita, no seio da Universidade Pública, oferecido à comunidade acadêmica, a educadores e, principalmente, a jovens estudantes em estado de intenso sofrimento psíquico.

Bem-estar psicológico de estudantes universitários da graduação: fatores de risco, fatores de proteção e estratégias de cuidado em saúde mental

Rafael Anunciação Oliveira — 2023-12-29

O Bem-Estar Psicológico (BEP) de estudantes universitários da gradução tem sido objeto de crescente interesse na pesquisa científica por ser reconhecido como uma dimensão multifacetada e central da saúde mental. Nesse sentido, este trabalho propôs-se a apresentar os fatores de risco e os fatores de proteção que influenciam nos índices do BEP, de modo a evidenciar as estratégias eficazes de cuidado em saúde mental para o referido segmento populacional. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, a partir de uma revisão integrativa de artigos publicados em português e inglês, disponíveis na íntegra nas bases BVS-Psi e PubMed. Foram utilizados os descritores “bem-estar psicológico”, “universidades” e “saúde mental” ou “bem-estar psicológico”, “fatores de risco” e “fatores de proteção” para BVS-Psi e para PubMed, respectivamente, sendo selecionados e analisados 19 estudos. Os resultados ressaltaram que a sobrecarga de trabalho acadêmico, as expectativas elevadas, a competição intensa e a incerteza em relação ao futuro profissional são fatores de risco. Evidencia-se, ainda, que a criação de relações sociais fortes e de estratégias de gerenciamento do tempo aliadas à orientação profissional eficaz são fatores de proteção que auxiliam na promoção da saúde mental nesta população.

Serviços e programas de saúde mental discente: acesso, informações e oferta em sites de instituições federais de ensino superior

Moises Romanini — 2023-12-29

Os sites institucionais das universidades são ferramentas importantes para que os estudantes acessem as informações referentes à instituição. Espera-se que as informações distribuídas nos sites sejam de fácil acesso e contemplem informações completas. Considera-se o cuidado com a saúde mental discente um assunto muito importante, mas pouco explorado e/ou investido. Esse estudo tem por objetivo problematizar e discutir sobre os serviços de saúde mental discente encontrados através das informações apresentadas nos sites institucionais das universidades e avaliar a facilidade de acesso às informações. Foram escolhidas 11 universidades federais da região sul do Brasil por amostra de conveniência, sendo uma pesquisa qualitativa onde foi utilizado o método descritivo e interpretativo com o auxílio da etnografia virtual para construção dos dados. Ao longo da pesquisa, percebeu-se uma dificuldade em encontrar informações sobre suporte à saúde mental e informações completas sobre os serviços estudados. Durante o estudo houve o questionamento sobre a necessidade de pensar a saúde mental discente além do viés biomédico centralizado em dificuldades cognitivas e/ou possíveis adoecimentos no meio acadêmico. Existe uma urgência de criar propostas de prevenção e promoção à saúde mental universitária ampliando os campos de atuação do psicólogo escolar.

Motivações e desafios enfrentados por estudantes de licenciatura em psicologia

Lucas Antunes Machado — 2023-12-29

Este artigo aborda as motivações para a docência e os desafios enfrentados por licenciandos em psicologia. A metodologia utilizada foi a abordagem qualitativa, e o instrumento de coleta de dados questionário online com questões abertas e fechadas. Participaram do estudo, onze estudantes de cursos de licenciatura em psicologia de quatro instituições universitárias das regiões sul e sudeste do Brasil. Os resultados demonstraram que a escolha pela licenciatura se deu, sobretudo, pelo interesse e curiosidade na área da educação, apropriação dos saberes pedagógicos, ampliação do mercado de trabalho, bem como as possibilidades de atuação profissional. As dificuldades apontadas revelaram: a falta de informações sobre as especificidades do curso de licenciatura e da atuação do professor de psicologia e a ausência de docentes com saberes pedagógicos para atuar na licenciatura em psicologia. Embora seja considerada formação complementar entre os estudantes, observou-se possibilidades de um ensino-aprendizagem de psicologia engajada e inventiva.

Da felicidade epicurista à mortificação do desempenho: o sofrimento psíquico na pós-graduação stricto sensu

Emanoela Thereza Marques de Mendonça Glatz — 2023-12-29

Este estudo objetiva relacionar a felicidade epicurista, particularmente a partir da análise da Carta a Meneceu, de Epicuro (341 a.C.-260 a. C.) ao sofrimento psíquico de pós-graduandos stricto sensu, pertencentes ao atual sistema social capitalista. A pesquisa de campo e de método mistos, utilizou como instrumento para a coleta de dados um survey interseccional, respondido por 76 discentes de um Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Educação (PPGE), localizado no estado do Paraná-PR. A análise dos resultados ocorreu a partir do conceito de felicidade expresso por Epicuro de Samos, além de pesquisadores contemporâneos que dissertam sobre o conceito de felicidade na contemporaneidade. Os resultados indicam que há uma ascendência nos casos de sofrimento psíquico dentro do ambiente acadêmico da pós-graduação, o que gera descontentamento, ansiedade e, consequentemente, infelicidade. Observou-se também que o sistema social capitalista, nos distancia da temperança, da ética e da moralidade, não obstante, também da felicidade enquanto conceito epicuriano.

Medicalização e educação: um estudo sobre a formação de pedagogas e pedagogos

Jacqueline Cavalcanti Chaves — 2023-12-29

A preocupação com a saúde física e mental de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos tem crescido ao longo dos últimos anos, sobretudo a partir da pandemia de Covid-19. Tal preocupação tem produzido estudos e pesquisas acadêmicas; levantamentos e análises realizados por organizações nacionais e internacionais; políticas públicas nacionais; e orientações e planos de ação dirigidos às diversas nações. Se por um lado a atenção e o cuidado com as questões relativas à saúde física e mental são importantes e necessários, por outro, fazem pensar no risco da medicalização da vida, do sofrimento e do mal-estar. Tendo em vista que a escola tem sido lócus privilegiado de discursos e práticas medicalizantes, foi realizada uma pesquisa com o objetivo de averiguar se o processo de medicalização é abordado na formação inicial de pedagogos e investigar os conhecimentos dos participantes sobre a temática. Para tal fim, foi aplicado um questionário em 19 (ex)estudantes de uma universidade pública federal através do aplicativo Google Forms. Dentre os resultados, a análise indica que o tema ainda é pouco estudado no curso e que há pouca clareza na definição e diferenciação dos termos medicalização, patologização e medicação, e na compreensão das causas e desdobramentos do processo.

O ensino da psicologia da educação e a formação de professores: apontamentos sobre o ensinar e o aprender em sala de aula em tempos de pós-pandemia

Rogério Rodrigues — 2023-12-29

Este ensaio tem como objetivo analisar os desafios do ensino da Psicologia da Educação na formação de professores em tempos de pós-pandemia. A nossa metodologia de pesquisa encontra-se no campo da Filosofia da Educação, no sentido de interpretar criticamente o processo formativo dos futuros professores que se encontram nos cursos de licenciaturas. Partimos do pressuposto que o deslocamento do sujeito para atuar no papel de professor se apresenta como resultado das relações que se estabelecem na transmissão do saber crítico em sala de aula. Essa condição se constitui numa ressignificação da cultura escolar, no sentido de proporcionar a experiência vivida numa relação entre iguais. Podemos concluir que a Psicologia da Educação em tempos de pós-pandemia deveria assumir a tarefa de reelaborar o ensinar e aprender o outro no campo escolar como forma de construirmos processos de aprendizagem em que possamos olhar e pensar o mundo em respeito às todas as espécies de vida do nosso planeta no sentido de evitarmos a crise ecológica e suas consequências devastadoras.

Cartas da pandemia: narrativas de estudantes de pedagogia sobre sua formação em território semiárido

Clara Maria Miranda de Sousa — 2023-12-29

Este artigo visa analisar a narrativa (auto)biográfica de estudantes de Pedagogia em uma universidade pública da região do Vale do São Francisco, localizada no território de Petrolina-PE em contexto de pandemia da COVID-19. Para refletir sobre a formação a partir da escrita de si, pautamo-nos, teórica e metodologicamente, em Heidegger, Josso, Freire, Ribeiro, Passeggi, Sousa e Lima. Neste artigo, comtempla-se respostas referentes à como os estudantes se sentiram no processo de formação docente em meio a pandemia e o que esperavam do futuro. A turma do curso de Pedagogia era composta por 19 estudantes, deste total, 17 participaram da atividade da escrita da carta a si. Como estratégia de análise, utilizou-se o método do círculo hermenêutico “heideggeriano”. Assim, as informações foram organizadas em três temas de sentido, sendo: saúde mental na pandemia; ensino remoto versus ensino presencial; e planejamento de carreira. Percebeu-se, por meio das cartas, a preocupação quanto ao ensino remoto, assim como os planos de futuro, com intenção contribuir socialmente para uma educação humana e facilitadora de aprendizagens. Notou-se, ainda, que os estudantes refletiram sobre o bem-estar na profissão, buscando o sentido de suas ações, além de demarcarem o suporte financeiro, emocional, familiar e formativo.

Efeitos da prática de yoga sobre a qualidade de vida de participantes do programa de extensão universitária “yoga: awaken one”

Poliana Coelho Barbosa — 2023-12-29

O ingresso na universidade acarreta mudanças na vida dos estudantes universitários, fato que pode levar à adoção de hábitos não saudáveis que podem resultar em impactos negativos na saúde e na qualidade de vida (QV) desses jovens. Nessa perspectiva, o presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos da prática de Yoga na QV de estudantes universitários participantes do programa de extensão universitária intitulado “Yoga: Awaken ONE”. O estudo caracterizou-se como pré-experimental, do tipo antes e depois. Os participantes foram submetidos a aulas práticas de Yoga duas vezes por semana durante 12 semanas. As aulas tiveram duração de 60 minutos. Para avaliação da QV pré e pós intervenção foi utilizado o questionário WHOQOL-bref. No que diz respeito aos Domínios da QV e QV global, não houveram diferenças significativas em nenhuma das variáveis investigadas (p>0,05). Com base nos achados do presente estudo, conclui-se que duas práticas semanais de Yoga não tiveram efeito significativo na QV dos estudantes investigados. Dessa forma, encoraja-se novos estudos com maior tempo de intervenção e com número maior de participantes.

Continuação de um sonho: caminhos entre o presente e o futuro do adolescente no trabalho protegido

Tatiane Alves Baptista — 2023-12-29

O presente artigo tem como objetivo analisar a problemática inserida no discurso coaching alinhada à lógica neoliberal, o impacto deste pensamento na trajetória dos jovens em formação pelo Programa de Trabalho Protegido na Adolescência (PTPA) e de que modo esse discurso remodela os aspectos da subjetividade do sujeito em desenvolvimento. Para tanto contou-se com material de fonte primária obtido em atividade de pesquisa-ação denominada “Oficina dos Sonhos”, que contou com presença e participação direta dos adolescentes do PTPA que tiveram a tarefa de pensar no local onde residem, como vivem e a perspectiva da transformação de modo lúdico e participativo. Assim, a oficina foi realizada pelo Observatório de Políticas Públicas para Adolescência, projeto de extensão da UERJ, e tornou-se relevante para compreender como a visão social e cultural do adolescente em diferentes contextos pode moldar a realidade dos sujeitos. Este estudo propõe, portanto, analisar a realidade do adolescente inserido na contradição do Estado capitalista, compreender limites, desafios e possibilidades de acesso ao primeiro emprego com condições dignas e tendo seus direitos garantidos, bem como a garantia à construção e continuação de projetos de vida.

Estratégias de aprendizagem: reflexões sobre o papel do corpo e a tese da mente estendida

Débora Vieira Machado — 2023-12-29

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a relação entre a tese da mente estendida e do papel do corpo no uso das estratégias de aprendizagem. Nas discussões, tecemos algumas possíveis interseções entre a teoria das estratégias de aprendizagem com a tese da mente estendida de Andy Clark e David Chalmers e o papel do corpo. Em um primeiro momento, apresentamos a teoria das estratégias de aprendizagem. Em seguida, fizemos uma breve exposição da teoria da mente estendida. De modo subsequente, refletimos sobre as possíveis aproximações entre o conceito de estratégias de aprendizagem e a tese da mente estendida e refletimos sobre o papel do corpo no uso de estratégias de aprendizagem. Por último, apresentamos as considerações finais como um esboço de possíveis contribuições da interseção entre as teorias e deixamos apontamentos para estudos futuros.

Movimentos axiológicos e(m) semiotizações de memórias de bem-estar promovidas por uma escola do interior baiano

Fernanda de Castro Modl — 2023-12-29

Este artigo visa analisar modos de axiologizar o bem-estar na escola em enunciados produzidos por alunos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola municipal do interior baiano. Interessa-nos, especialmente, compreender como os sujeitos semiotizam, em seus enunciados, o que consideram o evento mais marcante de suas experiências ao longo dos anos finais do ensino fundamental e o que isso nos informa sobre os valores ali mobilizados relativos ao papel social e institucional da escola e(m) suas modalidades de convivência intersubjetiva. As análises destacam que as memórias verbo-visualmente materializadas não se limitam a registros, abrigados na consciência, mas são repositórios de experiências afetivas de e em diversos cronotopos. O fato de as memórias apresentadas recobrirem diferentes eventos interacionais oferecem-nos uma visão crítica dos estudantes de como percebem e matizam complexidades das interações por eles rememoradas e enunciadas. Trabalhos, como o nosso, que se interessam pelos afetamentos de alunos, contribuem, localmente, para que o contexto escolar seja (re)(des)coberto, tensionando como percepções sociais são semiotizadas em horizontes apreciativos de experiências.

Expediente

Zamara Araujo — 2023-12-29

Expediente Dossiê 'Bem-estar / Mal-estar do alunado e do professorado: saúde do corpo e da mente no ambiente formativo'

(Parte 1: Discentes)

Apresentação Dossiê 'Bem-estar / Mal-estar do alunado e do professorado: saúde do corpo e da mente no ambiente formativo' - Parte 1: Discentes

Zamara Araujo — 2023-12-29

Apresentação do Dossiê temático 'Bem-estar / Mal-estar do alunado e do professorado: saúde do corpo e da mente no ambiente formativo' - Parte 1: Discentes.

Editorial do número 30, v. 1, Ano XVII, Jul-Dez, 2023.

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