Os domínios prosódicos e a duração de sílabas no português brasileiro (Prosodic domains and syllable duration in Brazilian Portuguese)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/el.v8i2.1131

Palavras-chave:

Domínios Prosódicos, Duração, Interface Fonologia-Sintaxe

Resumo

Este artigo analisa a variação da duração de sílabas em diferentes domínios prosódicos e pretende oferecer mais ferramentas que permitam analisar estruturas sintáticas através de pistas fonológicas. Nossos resultados apontam que sílabas pós-tônicas em final de enunciado são significantemente mais longas do que nos outros domínios. Eles também mostram que, enquanto o tipo de vogal não afeta a duração das sílabas átonas, o vozeamento das consoantes afetou os resultados. Finalmente, não há variação de resultados a depender de as palavras serem parte do léxico ou logatomas.
PALAVRAS-CHAVE: Domínios Prosódicos. Duração. Interface Fonologia-Sintaxe.

ABSTRACT
This paper discusses syllable duration with respect to different prosodic domains and presents additional tools to analyze syntactic structures through phonological cues. Our results show that post-tonic syllables are longer at the intonational phrase boundary but not at other prosodic boundaries. The results also show that the type of vowel involved does not affect the duration of the syllable, but consonant voicing does. Finally, we show that both real words and logatoms do not affect the results.
KEYWORDS: Prosodic Domains. Duration. Syntax-Phonology Interface.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raquel Santana Santos, Universidade do Estado de São Paulo (USP/Brasil)

Raquel Santana Santos é Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (2001) e Livre-Docência pela Universidade de São Paulo (2007). Realizou estágios de pós-doutorado na Radboud Universiteit Nijmengen - Holanda (2004-2005,2007). Atualmente é participante de grupos de pesquisa da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas, de projeto temático na Universidade de são Paulo, e coordenadora um grupo de pesquisa em Aquisição do Ritmo, além de ser professora associada (MS5) do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Psicolinguística, atuando principalmente nos seguintes temas: fonologia, aquisição da linguagem, aquisição, ritmo e aquisição fonológica.

Eneida Goes Leal, Universidade do Estado de São Paulo (USP/Brasil)

Eneida Goes Leal é Doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo. Realizou doutorado-sanduíche de 2009 a 2010 na University of California, Los Angeles. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Fonologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Sociolinguística, fonologia supra-segmental, sândi externo e teoria.

Referências

Alencar, A. P.; Pansonato, F.; Izbicki, R. Relatório de Análise Estatística sobre o Projeto “Duração Silábica e Níveis Prosódicos em Português Brasileiro”. IME/USP, 2008.
ALLEN, G. Some suprasegmental contours in French Two-Year-Old Children’s speech. Phonetica, v. 40, n. 4, p. 269-292, 2008.
ANDREWS, A. Remarks on To Adjunction. Linguistic Inquiry, v. 9, n. 2, p. 261-268, 1978.
AOUN, J.; HORNSTEIN, N.; LIGHTFOOT, D.; WEINBERG, A. Two Types of Locality. Linguistic Inquiry, v. 18, n. 4, p. 537-77, 1987.
BISOL, L. A nasalidade, um velho tema. D.E.L.T.A., v. 14, p. 24-46, 1998.
BISOL, L. O clítico e seu status prosódico. Revista de Estudos da Linguagem, v. 9, n. 1, p. 5-30, 2000.
BISOL, L. O clítico e seu hospedeiro. Letras de Hoje, v. 40, n.3, p. 163-84, 2005.
BYRD, D. Articulatory vowel lengthening and coordination at phrasal junctures. Phonetica, v. 57, p. 3-16, 2000.
BYRD , D.; SALTZMAN, E. Intragestural dynamics of multiple phrasal boundaries. Journal of Phonetics, v. 26, p. 173-199, 1998.
BYRD, D.; KRIVOKAPIC, J.; LEE, S. How far, how long: on the temporal scope of prosodic boundary effects. Journal of Acoustic Society of America, v. 120, n. 3, p. 1589-1599, 2006.
BRISOLARA, L. B. Os clíticos pronominais do português brasileiro e sua prosodização. Tese (Doutorado em Linguística e Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
CAMPOS, L. B. Segmentações alternativas: evidências do grupo clítico. Estudos Linguísticos, v. XXXV, p. 1156-1162, 2006.
CARDINALETTI, A.; STARKE, M. The typology of structural deficiency: on the three grammatical classes. In: Van Riemsdijk, H. (ed.) Clitics in the Languages of Europe, Empirical Approaches to Language Typology. Berlin: Mouton de Gruyter, 1999. p. 145-233.
CHO, T. Manifestation of prosodic structure in articulation: evidence from lip movement kinecatics in English. In: Goldstein, L. (ed.). Laboratory Phonology 8: Varieties of Phonological Competence, 2006.
CHO, C.; KEATING, P. Articulatory strengthening at the onset of prosodic domains in Korean. Journal of Phonetics, v. 28, p. 155-190, 2001.
CHOMSKY, N.; LASNIK, H. A Remark on Contraction. Linguistic Inquiry, v. 9, n. 2, p. 268-274, 1978.
CRUTTENDEN, A. Intonation. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
CRYSTAL, D. Prosodic Systems and Intonation in English. Cambridge: Cambridge University Press, 1969.
DELGADO-MARTINS, M. R. Vogais e consoantes do português: estatística de ocorrência, duração e intensidade. Boletim de Filologia, v. 24, p. 1-11, 1976.
FERNANDES, N. H. Contribuição para uma análise instrumental da acentuação e intonação do português. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(FFLCH) da USP, São Paulo, 1976.
FINGER, I.; ZIMMER, M. A preferência de interpretação de orações relativas curtas e longas em português brasileiro. In: Maia, M.; Finger, I. (ed.) Processamento da Linguagem. Porto Alegre: Educat, 2005. p. 11-130.
FODOR, J. D. Learning to parse? Journal of Psycholinguistic Research, v. 32, p. 167-195, 1998.
FODOR, J. D. Prosodic Disambiguation In Silent Reading. In: Hirotani, M. (ed.). Proceedings of the Thirty-second Annual Meeting of the North-Eastern Linguistic Society, 2002a. p. 113-137.
FODOR, J. D. Psycholinguistics Cannot Escape Prosody. Proceedings of the Speech Prosody 2002 Conference, Aix-en-Provence, 2002b. p. 83-88.
FONSECA, A. A.; Magalhães, J. O. A interpretação de pistas prosódicas na aposição de atributos em sentenças ambíguas do PB. Revista de Estudos da Linguagem, v. 15, p. 185-204, 2007.
FOUGERON, C. Articulatory Properties of initial segments in several prosodic constituents in French. Journal of Phonetics, v. 29, p. 109-35, 2001.
FOUGERON, C.; KEATING, P. Articulatory strengthening at edges of prosodic domains. Journal of the Acoustic Society of America, v. 101, n.6, p. 3728-3740, 1997.
FREIDIN, R.; LASNIK, H. Disjoint reference and Wh-trace. Linguistic Inquiry, v. 12, n. 1, p. 39-53, 1981.
FRY, D. B. The dependence of stress judgement on vowel formant structure. Acoustic Phonetics: a Course of Basic Readings. Cambridge: Cambridge University Press, 1976. Edição original: 1965.
GREGOLLIM, A. As categorias vazias e os processos de sândi externo em português brasileiro. São Paulo: FFLCH, USP, 2008.
JAEGGLI, O. Remarks on to contraction. Linguistic Inquiry, v. 11 n. 1, p. 239-245,1980.
KEATING, P.; CHO, T.; FOUGERON, C.; HSU, C. Domain-initial articulatory strengthening in four languages. In: Local, J.; Ogden, R.; Temple, R. (ed.). Phonetic Interpretation (Papers in Laboratory
Phonology 6), Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 143-161.
KEATING, P.; CHO, T.; FOUGERON, C.; HSU, C. Domain-initial articulatory strengthening in four languages. In: Local, J.; Ogden, R.; Temple, R. (eds.). Phonetic Interpretation (Papers in Laboratory
Phonology 6). Cambridge: Cambridge University Press, 2004, p. 143-161.
KENT, R. D.; READ, C. The Acoustic Analysis of Speech. San Diego: Singular Publishing Group, 1992.
KLATT, D. Linguistics uses of segmental duration in English: acoustic and perceptual evidence. Journal of Acoustic Society of America, v. 59, p. 1208-1221, 1976.
LEAL, E.; SANTOS, R. Duração de sílabas fracas e níveis prosódicos em português brasileiro. Anais do XV Congresso Internacional de La Asociación de Linguística Y Filologia de America Latina (ALFAL). Montevidéu, v. 1., 2008.
LEHISTE, I. Rhythmic units and syntactic units in production and perception. Journal of Acoustic Society of America, v. 54, n. 15, p. 1228-1234, 1973.
LIGHTFOOT, D. Trace Theory and Twice-Moved NPs. Linguistic Editora da Unicamp, 1993. p. 207-222
NUNES, J. M. The copy theory of movement and linearization of chains in the Minimalist Program. Doctoral dissertation - University of Maryland, College Park, 1995.
NUNES, J. M. Entonação Silabada em Português: esboçando uma Análise Minimalista. Comunicação apresentada na mesa redonda “Teoria Minimalista e Suas Extensões”. Uberlândia: Universidade
Federal de Uberlândia, 2001.
NUNES, J. M.; SANTOS, R. Stress Shift as a Diagnostics for Identifying Empty Categories in Brazilian Portuguese. Nunes, J. M. (ed.). Minimalist Essays on Brazilian Portuguese Syntax. Amsterdam:
John Benjamins, 2009. p. 121-136.
NUNES, J. M.; XIMENES, C. Preposition contraction and morphological sideward movement in Brazilian Portuguese. In: Nunes, J. M. (ed.) Minimalist Essays on Brazilian Portuguese Syntax. Amsterdam: John Benjamins, 2009. p. 191-214.
OLLER, K. D. The effect of position in utterance on speech segment duration in English. Journal of Acoustic Society of America, v. 54, p. 1235-1247, 1973.
POSTAL, P. M.; PULLUM, G. K. Traces and the Description of English Complementizer Contraction. Linguistic Inquiry, v. 9, n. 1, n. 1-29, 1978.
PRESTES, L. S. A influência da estrutura interna do SN sujeito no processamento de orações relativas ambíguas do Português Brasileiro. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, 2006.
SÂNDALO, F.; TRUCKENBRODT, H. Some Notes on Phonological Phrasing in Brazilian Portuguese. MIT Working Papers In Linguistics, v. 42, p. 285- 310, 2002.
SANTOS, R. S. O uso de pistas fonéticas para a estruturação sintática. (no prelo).
SANTOS, R. S. Categorias Sintáticas vazias e Retração de acento em Português Brasileiro. D.E.L.T.A. v. 18, n. 1, p. 67-89, 2002.
SANTOS, R. S. Traces, pro and stress shift in Brazilian Portuguese. Journal of Portuguese Linguistics, v. 2, n. 2, p. 101-113, 2003.
SELKIRK, E. O. Phonology and Syntax: The relation between sound and structure. Cambridge: MIT Press, 1984.
SIMIONI, T. O clítico e seu lugar na estrutura prosódica em português brasileiro. Alfa, v. 52, n. 2, p. 431-446, 2008.
STREETER, L. A. Acoustic determinants of phrase boundary perception. Journal of the Acoustical Society of America, v. 64, n. 6, p. 1582-1592, 1978.
TABAIN, M. Effects of prosodic boundary on /aC/ sequences: articulatory results. Journal of Acoustic Society of America, v. 113, p. 2834-2849, 2003.
TABAIN, M.; PERRIER, P. Articulation and acoustics of /i/ in preboundary position in French. Journal of Phonetics, v. 33, p. 77-100, 2005.
VELOSO, J. Aspectos da Percepção das “Oclusivas Fricatizadas” do Português. Contributo para a Compreensão do Processamento de Contrastes Alofónicos. Dissertação apresentada às Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica - Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1995.
VELOSO, J. Vozeamento, duração e tensão nas oposições de sonoridade das oclusivas orais do português. Revista da Faculdade de Letras do Porto – Línguas e Literaturas, v. XIV, p. 59-80, 1997.
WALES, R.; TONER, H. Intonation and ambiguity. Cooper, W. E.; Walker, E. C., (eds.). Sentence Processing: Psycholinguistic Studies Presented to Merrill Garrett. New York: Halsted Press, 1979.
WIGHTMAN, C. W.; SHATTUCK-HUFNAGEL, S.; OSTENDORF, M.; PRICE, P. J. Segmental durations in the vicinity of prosodic phrase boundaries. Journal of Acoustic Society of America, n. 91, p. 1707-1717, 1992.

Downloads

Publicado

2010-12-30

Como Citar

SANTOS, R. S.; LEAL, E. G. Os domínios prosódicos e a duração de sílabas no português brasileiro (Prosodic domains and syllable duration in Brazilian Portuguese). Estudos da Língua(gem), [S. l.], v. 8, n. 2, p. 133-171, 2010. DOI: 10.22481/el.v8i2.1131. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/article/view/1131. Acesso em: 28 mar. 2024.