TRAVESTILIDADES E TRANSEXUALIDADES NO CANDOMBLÉ E NA EDUCAÇÃO: UM ENSAIO A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i39.6364

Palavras-chave:

Tradições no Candomblé, Educação escolar, Travestilidades e transexualidades

Resumo

A presença de pessoas trans no Candomblé e na sala de aula tem reivindicado que as comunidades de culto e da formação docente reconheçam o corpo material dos sujeitos da experiência religiosa e da relação de ensino-aprendizagem para além dos essencialismos naturalizados como tradições. Da mesma maneira que na comunidade de culto, o corpo material importa para as relações que nela se estabelecem; na educação o corpo que aprende também importa para se pensar como ele aprende e o que ele ensina nas relações de alteridade. Nosso objetivo é refletir como as tradições podem ser ressignificadas a partir de uma discussão sobre as nossas vivências, com base em narrativas da história do candomblé e também da experiência educativa com travestilidades e transexualidades. A ancoragem teórica dialoga com as obras de Ruth Landes (2002), Judith Butler (2015) e Emmanuel Lévinas (2010). O ensaio se caracteriza como uma reflexão sobre as vivências dos autores com os sujeitos mencionados em tela. O resultado da discussão constitui-se como um aporte para o debate público e educativo com travestis, transexuais e pessoas transmasculinas no Candomblé e na sala de aula, em prol da vida e da felicidade dessas pessoas.

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Biografia do Autor

Erisvaldo Pereira Santos, Universidade Federal de Ouro Preto – Brasil

Doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, com pós-doutorado em Estudos Afro-Orientais pela Universidade Federal da Bahia. Professor do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto. Membro do Grupo de Pesquisa Formação de Professores e Relações Étnico-Raciais e Alteridade. Babalorixá do Ilê Axé Ogunfunmilayo em Contagem-MG.

Catarina Dallapicula, Universidade do Estado de Minas Gerais – Brasil

Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto. Professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais.

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Publicado

2020-04-01

Como Citar

SANTOS, E. P.; DALLAPICULA, C. TRAVESTILIDADES E TRANSEXUALIDADES NO CANDOMBLÉ E NA EDUCAÇÃO: UM ENSAIO A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 16, n. 39, p. 161-179, 2020. DOI: 10.22481/praxisedu.v16i39.6364. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/6364. Acesso em: 18 abr. 2024.