AS RELAÇÕES DE GÊNERO NA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
DOI:
https://doi.org/10.22481/rbba.v9i1.6921Palavras-chave:
Relações de gênero, Instrução feminina, Licenciatura em matemáticaResumo
No Brasil a abertura dos espaços escolares para as mulheres remonta ao século XIX, entretanto somente em sua segunda metade o público feminino teve acesso às universidades. Até então a elas eram destinados o zelo à família e os afazeres domésticos. Esta construção social que vincula às mulheres o cuidado com os outros permitiu associá-las rapidamente aos cursos de licenciatura. Atualmente, no país, elas ocupam grande parte das vagas dos cursos destinados à formação de professores. Entretanto, em algumas áreas, a exemplo da
matemática, os números referentes à entrada e permanência dessas mulheres nem sempre é superior aos dos homens. Neste sentido, a presente pesquisa, de natureza qualitativa, tem como objetivo identificar as motivações encontradas por ambos os gêneros masculino e feminino, sobretudo o segundo, no que tange a escolha pela licenciatura em matemática e comparar as taxas de desistência e conclusão do curso desses dois grupos. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo envolvendo quatro turmas de uma universidade pública do estado da Bahia, com alunos ingressantes nos anos de 2014, 2015, 2016 e 2017. Os instrumentos de coleta de dados consistiram em um questionário aplicado aos participantes e em relatórios contendo a situação atual da matrícula desses discentes. Os resultados revelaram que tanto homens quanto mulheres optam pelo curso em virtude da facilidade que possuem em aprender a matemática ensinada na educação básica, contudo os primeiros costumam aparecer em número superior aos segundos, inclusive entre os formados.
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