NARRATIVAS DE MULHERES PRESIDIÁRIAS SOBRE O TEMPO VIVIDO NO AMBIENTE CARCERÁRIO: ENTRE CHRONOS E KAIRÓS
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v15i35.5683Palavras-chave:
Tempo, Mulheres presidiárias, Vida na prisãoResumo
A experiência do tempo tem sido objeto de reflexões desde os filósofos e matemáticos gregos da antiguidade até os filósofos, antropólogos, físicos e astrônomos ao longo do desenvolvimento das ciências. As questões são diversas: o tempo existe fora da vida? É linear? O tempo possui forma? Como atribuímos sentidos ao tempo? Esta última é a pergunta central deste artigo, resultado de uma pesquisa com vinte mulheres encarceradas em um presídio feminino na cidade do Recife. O objetivo geral foi compreender o sentido e o uso do tempo na dimensão chronos e na dimensão kairós. O referencial teórico se apoia nas ideias de Agamben (2014), Lévinas (2000), Goffman (2010) e Foucault (2012). As questões orientadoras da pesquisa foram: as narrativas das mulheres presidiárias permitem identificar possibilidades de vida unindo chronos e kairós? Como preencher o tempo natural, cotidiano (chronos), com qualidade de vida (kairós), de modo que o viver na prisão não se torne apenas um contar de dias. Como percebem as relações e entrelaçamentos entre tempo passado e tempo presente? A metodologia da pesquisa se apoiou na abordagem qualitativa, priorizou entrevistas coletivas em duplas durante um ano. A interpretação dos resultados se amparou na análise de conteúdo, sem intenção de generalizar resultados. As narrativas das mulheres expressaram a relevância da educação escolar que recebem no presídio para ressignificar o tempo chronos e kairós, assim como os planos para o futuro após cumprir suas sentenças.