FILOSOFIA COMO PRÁTICA DE VIDA: UM DIÁLOGO ENTRE PIERRE HADOT E MICHEL FOUCAULT
DOI:
https://doi.org/10.22481/aprender.i27.10852Palavras-chave:
Exercícios espirituais, Técnicas de si, Estética da existência, Arte de viver, Conhecimento filosóficoResumo
Neste ensaio, pretendemos problematizar a maneira pela qual Pierre Hadot e Michel Foucault concebem o aspecto ético da arte de viver. Ambos compreendem a filosofia como uma prática de vida, contudo, talvez seja possível afirmar que o estatuto prático dos exercícios espirituais, assim como interpretados por Hadot, diverge do caráter prático das técnicas de si, tal como consideradas por Michel Foucault a partir da estética da existência. Assim, almejamos argumentar que (1) para Pierre Hadot a teoria e a prática sobre a natureza fundamentam a moralidade, pois a transformação ética do si mesmo depende do conhecimento da Natureza; e que (2) para Foucault a teoria sobre a natureza é compreendida sob o viés prático do cuidado de si, visto que no período helenístico-romano o conhecimento passou a integrar um conjunto de técnicas entrelaçadas pelo nexo de um êthos filosófico. Com base nisso, também indicaremos que, no caso de Foucault, o conhecimento teórico seria imediatamente prático porque concerniria a um exercício ético; diferentemente, no caso de Hadot, a teoria seria mediatamente prática porque fundamentaria a moral na medida em que se aplicaria à vontade, de modo a determinar os desejos e as ações dos homens.
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