Sobre algumas regras do debate na argumentação em democracias (On some rules of debate in argumentation of democracies)
DOI:
https://doi.org/10.22481/el.v18i2.6229Palavras-chave:
Retórica, Argumentação, Análise do discurso, Impeachment, Dilma RousseffResumo
A argumentação nos espaços públicos de deliberação das sociedades abertas implica a responsabilidade de quem toma a palavra. A inobservância das chamadas “regras do debate” seria, assim, um exemplo do uso público da palavra irresponsável, obstaculizando a crítica. Pergunta-se, com efeito, se, no que diz respeito à votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, essas regras básicas da argumentação teriam sido negligenciadas, e como isso pode ter comprometido o debate democrático. Com o auxílio de conceitos das ciências da linguagem, como os de “retórica da denunciação”, “retórica da conspiração”, “pathos de ressentimento”, “ethos de expert”, entre outros, a pesquisa apontou no sentido de que, uma vez que os deputados, independentemente de sua orientação cultural e política, tenderam, em sua maioria, a desprezarem regras inerentes ao debate, o Parlamento entendido como a esfera pública de deliberação se revelou próprio das sociedades dogmáticas.
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