Uma nova leitura das comédias de Sá de Miranda

Autores

  • Thomas F. Earle

Palavras-chave:

Sá de Miranda, Comédia, Roma, Renascimento, Terêncio

Resumo

 Os críticos de Sá de Miranda nunca compreenderam bem as duas comédias, Os Estrangeiros e Os Vilhalpandos, porque parecem ocupar um mundo bem diferente do da poesia séria e satírica que constitui a parte mais bem conhecida da sua obra. Há dúvidas mesmo em relação ás datas tradicionalmente aceites para a composição das duas peças. Neste artigo há uma tentativa de estabelecer uma base racional a partir da qual se pode averiguar o ano em que o poeta as escreveu. A crença antiga, segundo a qual as comédias constituem uma crítica disfarçada de Portugal, revela-se ser também uma fantasia inventada pela crítica nacionalista da época do Estado Novo. Na verdade, encontra-se na obra dramática de Sá de Miranda uma descrição humorística, mas bem informada da vida e dos costumes italianos e escrita para um público, com toda a probabilidade, a família real portuguesa que tinha um interesse bem vivo no assunto. Há também uma consideração das fontes das peças. Sá de Miranda lia e reagia aos autos vicentinos, à comédia humanística espanhola, e às comédias romanas de Plauto e de Terêncio e do seu imitador italiano, Ariosto. Através de uma examinação das duas versões d’Os Estrangeiros e da única versão d’Os Vilhalpandos, escrita mais tarde, vê-se como a concepção mirandina do drama evoluiu da retórica da primeira fase para uma teatralidade mais genuína. No entanto, em ambas as comédias existem personagens bem delineadas, especialmente os parasitas ou alcoviteiros, obrigados a servir vários donos, com cujas vidas difíceis o poeta mostrava ter uma grande simpatia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads