FLOEMA. Caderno de Teoria e História Literária
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<section style="text-align: justify; padding: 3px;"><strong><em>SUBMISSÕES SUSPENSAS</em></strong></section> <section style="text-align: justify; padding: 3px;"><strong><em>FLOEMA</em>. Caderno de Teoria e História Literária</strong> é uma publicação semestral editada sob a responsabilidade da Área de Teoria e Literatura do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (DELL) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). <section></section> </section>Edições UESBpt-BRFLOEMA. Caderno de Teoria e História Literária1807-541XEditorial
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<div> <p>“As palavras de Infância diziam um mundo desconhecido que transitava de Alagoas a Pernambuco e chegava ao Amazonas por meio de uma voz áspera. Um mundo povoado por personagens inesquecíveis [...].” Neste trânsito da literatura de Graciliano Ramos, sobre o qual se debruça o escritor Milton Hatoum na crônica “Um jovem, o Velho e um livro”, aqui citada e publicada, já se anunciam as recepções, as apropriações e a celebração da obra do autor alagoano que serão exploradas ao longo deste volume, por meio de entrevista, artigo, depoimento e resenha. O escritor, cujo primeiro romance, Caetés, completou 80 anos de lançamento recentemente, em 2013 – ano que também marcou os 50 anos da sua morte e da publicação de Memórias do cárcere – terá aqui a sua produção cultural examinada por pesquisadores e escritores que apontam tanto novas possibilidades de tematização quanto discutem e questionam antigos pressupostos que marcaram a sua fortuna crítica e a nossa historiografia.</p> </div> <p> </p>Daniela Birman e Lúcia Ricotta
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11Entrevista
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<p>O volume se abre com a entrevista concedida pelo escritor, crítico e ensaísta Silviano Santiago aos pesquisadores Ângela Maria Dias, Daniela Birman e Wander Melo Miranda. Na conversa, esteve em pauta não apenas a obra literária de Graciliano, mas também aquela do entrevistado e, em especial, a sua afinidade com o corpus ficcional do autor em questão: “Meu diálogo com Graciliano é o diálogo que comecei a manter com a família que me dei de presente na falta da família verdadeira, ou real”, diz Silviano Santiago.</p>Questões para Silviano Santiago
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11A vida, um Fiapo
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<p> Constata-se a insuficiência das categorias de realismo e documento para avaliar os dilemas de Graciliano Ramos relacionados à escrita. E verificam-se na fortuna crítica do autor, em vez de um bloco maciço convencional, vias contrárias à presença do realismo inconteste, que apontam para a inegável manobra ficcional do significado do ciúme de Paulo Honório e do silêncio que acompanha a vida e a morte de Baleia. Estes são os polos dentro dos quais a suposta unicidade do realismo de Graciliano é carcomida, o que permite apontar para o lugar particular de Graciliano Ramos no âmbito da tradição literária brasileira ligada ao regionalismo. </p>Luiz Costa Lima
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11É o que Penso, Mas Talvez me Engane”: Notas sobre o Crítico Graciliano Ramos
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<p> Este artigo objetiva apresentar, a partir de textos de crítica de Graciliano Ramos, a posição específica do autor no debate literário e político de seu tempo. Esta pode ser examinada como um “desacordo no acordo” com os intelectuais de esquerda, de quem se aproximava ideologicamente e mantinha, ao mesmo tempo, independência.</p>Luís Bueno
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11Graciliano Ramos e o Romance (numa leitura de Caetés)
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<div> <p> Apresentação de Caetés , de Graciliano Ramos, em um diálogo com os conceitos de “desejo” e de “romance romanesco”, de René Girard, de “retórica” e de filler , de Franco Moretti. Caracterização girardiana de João Valério; discussão do solo social que fundamenta o seu desejo por Luísa. A partir da caracterização morettiana da técnica narrativa do filler, discussão da ficcionalização do círculo de classe média da cidade de província. Discussão sobre a retórica como modo de veiculação dos valores regentes da representação da matéria social através da manipulação da técnica literária. Para a conceitualização da representação da sociedade brasileira contemporânea em Caetés , comparação com Raízes do Brasil , de Sérgio B. de Holanda. Discussão da condição de Graciliano Ramos como romancista, como romancista brasileiro e como teórico do Brasil: a variabilidade interna da sua obra; o seu lugar na história literária brasileira.</p> </div> <p> </p>Pedro Dolabela
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11Introspecção e Deslocamento em Angústia
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<p> O romance Angústia de Graciliano Ramos foi caracterizado como “existencialista avant la lettre ” (A. Bosi); na crítica brasileira, Angústia é geralmente discutido no contexto de um certo “romance de urbanização” ou de uma linha brasileira de “romance intimista.” A presente contribuição pretende demonstrar detalhadamente o quanto o romance deve a uma herança dostoievskiana, e indicar o quanto partilha com outros textos latino-americanos nessa linhagem “existencialista.” Isso inclui aspectos formais, narrativas e temáticas, como a forma confissão, a autorrepresentação de uma subjetividade solipsista à margem da loucura, o homicídio/crime como afirmação de pulsões obscuras e moralmente problemáticas ao lado da prática de arte/escritura. Mais especificamente, quero analisar como Angústia ganha complexidade psicológica através de uma representação da interioridade, servindo-me de estudos sobre a figuração de processos mentais no romance moderno – e como esta interioridade patológica corresponde a uma experiência específica da modernidade.</p>Jobst Welge
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11O Espaço na Construção de Angústia
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<p>Angústia, terceiro romance de Graciliano Ramos, foi publicado em agosto de 1936. O sentimento que dá título à obra reflete a própria inquietação do autor perseguido pela ditadura getulista, conforme registrado no seu Memórias do cárcere, livro que começa a compor dez anos após libertado da prisão. A tessitura da narrativa do romance e a construção do crescente sentimento de angústia se dão a partir da visão de mundo do personagem central, Luís da Silva, das repetições e introspecção, além do espaço degradado que sufoca e aflige o leitor.</p>Elizabeth Ramos
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11Tudo o que Era Sólido se Desmancha no “Eu”
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<div> <p> Neste artigo, busco salientar as relações que se estabelecem entre construção da identidade e produção material a partir do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos. Tido como um romance de crítica ao modo capitalista de produção econômica, São Bernardo também aponta, no entanto, para as diferentes transposições que se realizam entre identidade e produção material. O enfoque deste artigo recai, particularmente, sobre as questões do nome e dos legados, das transferências entre sujeitos e objetos, da alienação resultante da produção e do processo de citações que permeia a construção identitária.</p> </div> <p> </p>Fernando Rocha
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11Escrever o Romance Rural
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<p> Escrever o romance “rural” ou escrever o “romance rural”? O objetivo do artigo é a investigação das diferentes relações que se estabelecem entre o ‘livro’ e o realismo rural no romance S. Bernardo (Graciliano Ramos). No livro, narrado na primeira pessoa, a discussão, a figuração e a enunciação saltam aos olhos, formando um contraste intenso entre – nos termos estabelecidos por Angel Rama (1985) – a ‘cidade letrada’ (o romance) e a ‘cidade real’ (a matéria rural sob impacto capitalista). No livro, discutir método e função do livro e do escritor é problema indissociável do próprio trabalho ficcional de recriação (ou reconstituição, para os propósitos da maioria dos autores de 30) do real. Nesse sentido, o romance de Graciliano Ramos apresenta-se como o caso limite, na medida em que a ‘escrita’ ultrapassa a mera abordagem temática, estruturando-se com melhores resultados como forma. O ângulo escolhido para a interpretação é o da ‘poética’ do romance em relação à própria ficção rural enquanto construção simbólica de uma dimensão sócio histórica, às voltas com as demandas de negação do ‘literário’, próprias do contexto da década de 1930. Tal negação do ‘literário’, para além de seus alegados componentes ‘éticos’ (a missão do intelectual, a ênfase no projeto ideológico), é ela mesma ‘literária’, uma ‘escola’. Assim, o resultado a que se quer chegar é o da discussão de algumas tensões específicas da autolegitimação literária e intelectual em operação em S. Bernardo .</p>Ricardo Pedrosa Alves
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11A Língua de Fabiano
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<p> O artigo pretende ler o romance Vidas secas , de Graciliano Ramos, aproximando-se do conceito de hospitalidade desenvolvido a partir de certos pressupostos da filosofia dos pensadores franceses, Jacques Derrida e Emmanuel Lévinas. O conceito central aqui é o acolhimento, associado, na obra do escritor brasileiro, à questão da linguagem – sua posse, uso, limitações e significados menos evidentes.</p>Gustavo Silveira Ribeiro
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11O Assassinato de Julião Tavares em Angústia, de Graciliano Ramos
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<p> Este artigo se propõe a analisar o assassinato narrado em Angústia, de Graciliano Ramos. A proximidade entre os planos da narração e da ação e da memória e da invenção situa essa cena nas instáveis fronteiras entre sonho e realidade. Esses elementos geram ambiguidades, que impossibilitam saber se o protagonista de fato cometeu o crime ou se este só ocorreu na esfera da imaginação. Embora essa questão não possa ser respondida, pois Angústia é uma “autobiografia de vanguarda” (FEDERMAN, 1993), em que a memória e a imaginação ocupam o mesmo espaço, essas imprecisões instauram uma interessante relação entre escrita e ação, que evidencia a modernidade desse romance.</p>Carolina Duarte Damasceno Ferreira
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11Memória, Ficção e Imaginação na Escrita da Cadeia
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<p> Neste artigo, iremos explorar os vínculos da ficção e da imaginação com as memórias da cadeia de Graciliano Ramos. Para isto, partiremos de um antigo testemunho manuscrito do autor, supostamente datado de 1937, no qual Graciliano reflete sobre “certas coincidências” envolvendo a ideia da prisão: obsessão do personagem Luís da Silva que acaba por se concretizar em sua própria vida. Ao explorarmos os citados vínculos, nos apoiaremos ainda em um segundo manuscrito do escritor, referente ao infantil A terra dos meninos pelados.</p>Daniela Birman
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11Documentos da Cadeia e da Repressão
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<p>Os documentos aqui reunidos são uma pequena amostra da massa de registros policiais feitos sobre Graciliano Ramos. Eles foram extraídos do prontuário de número 11.473, aberto para o escritor em 1948 pela antiga Divisão de Polícia Política e Social, subordinada ao Departamento Federal de Segurança Pública, e nos revelam momentos-chave da repressão ao autor, incluindo aqueles relativos a seu encarceramento pela ditadura de Getúlio Vargas.</p>Daniela Birman
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11Caetés: a História de um Conformista Melancólico
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<p>Reler Caetés, depois de tantos anos, é uma experiência renovadora. Na minha tese de doutorado, defendida em 1989, sobre os romances em primeira pessoa de Graciliano Ramos, fiz uma releitura da importância do autor na segunda fase do Modernismo brasileiro, pela criação de personas problemáticas e pelo redimensionamento do romance, na perspectiva benjaminiana da narrativa como saber de experiências feitas; o que foi interpretado como uma maneira altamente original de distanciamento formal das exigências objetivistas, inerentes à convenção do romance realista.</p>Ângela Maria Dias
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11RAMOS, Graciliano. Garranchos. Textos Inéditos. Organização de Thiago Mio Salla.
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<p>Garranchos. Textos inéditos de Graciliano Ramos, organizado por Thiago Mio Salla, reúne escritos breves e registros orais do escritor, particularmente notáveis para a consideração histórica de sua produção literária e cultural. Encontramos, nesta publicação, 81 textos publicados na imprensa de Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro e em vários periódicos do país, o que nos permite reconstruir a materialidade dos discursos e a escrita pública e militante de Graciliano, ampliando a percepção que temos dos contextos de memória peculiares ao Brasil da década de 10 à década de 50 do século XX.</p>Lúcia Ricotta
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11Um Jovem, o Velho e um Livro
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<p>Ontem o Velho morreu. Dizem que ele passara dos noventa anos sem perder a noção do espaço e do tempo. Sempre usava um paletó branco e encardido, na lapela, um broto de antúrio que, de longe, parecia um objeto vermelho cravado no lado esquerdo do peito. De perto, o broto invocava um membro diminuto e obsceno que irradiava comentários maldosos. Sabíamos pouco de sua vida: era um professor aposentado, solteirão e invisível nas noites de Manaus. Aos sábados, visitava filhos e netos de amigos, porque os amigos, mesmo, já repousavam no fundo do rio, como ele costumava dizer. Fazia tempo que eu não o via, e não sei se ele teria reconhecido um dos meninos que o rodeavam para ouvir sua voz. Eu o conheci em 1964, quando ele sentava em um banco da praça Balbi, contava histórias, gracejava com as garças.</p>Milton Hatoum
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11Perdido no círculo
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<p>O Narrador é suspeito, desde logo advirto. Quase tudo será dito pelas costas do sujeitinho. Leia às avessas, a contrapelo, nas entrelinhas, aproveite os lapsos, as lacunas, equívocos e mal-entendidos. Em suma, conte com a sorte: as distrações e a legião de preconceitos do dito cujo. Também é desprezível o autor de uma autobiografia: dar-se a tal importância é signo do ridículo. Isto aqui, vejam lá, não é nada disso – são fatos voláteis, inconsequentes, eventos exigentes, passagens fortuitas que descrevem com rigor um método de vida. Meu avô paterno.</p>Ronaldo Brito
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