NOVO ENSINO MÉDIO
ENTRE A LIBERDADE INCONDICIONAL DOS SUJEITOS NA ESCOLHA DO ITINERÁRIO FORMATIVO E A NECESSIDADE SÓCIO-HISTÓRICA DE REPRODUÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v14i1.10485Palavras-chave:
Des) responsabilização; Formação Técnica; Novo Ensino Médio.Resumo
O presente artigo tem o objetivo de analisar o discurso sobre a livre escolha, por parte dos jovens estudantes, do itinerário formativo profissionalizante/técnico presente nas propagandas do Novo Ensino Médio. Para tanto, utilizam-se os pressupostos teóricos metodológicos da Análise do Discurso pecheutiana, ancorada no Materialismo histórico dialético. Como corpus discursivo de análise, são utilizadas as propagandas governamentais que começaram a circular na grande mídia televisiva, aproximadamente um mês depois da Media Provisória que instituiu o Novo Ensino Médio, a MP 746, de 23 de setembro de 2016. O referencial teórico escolhido possibilita demonstrar que, nas diferentes propagandas, há dizeres que apontam para a individualização das responsabilidades sociais do sujeito, apresentando o indivíduo como responsável pela decisão de seu futuro, pela escolha do itinerário formativo que vai realizar. Por fim, conclui-se que esse discurso tem como consequência o fato de que o sucesso ou insucesso posterior torna-se única e exclusivamente responsabilidade do próprio sujeito que fez suas escolhas correta ou erroneamente.
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