GÊNERO CARTA ABERTA: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO SISTEMA MARISTA DE EDUCAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v14i1.10978Resumo
No contexto educacional brasileiro, a articulação de práticas de linguagem no que diz respeito à leitura, produção textual e análise linguística (AL) ainda é um desafio para os docentes de língua portuguesa (SUASSUNA, 2012; MENDONÇA, 2006; GERALDI, 1984, 1997)). Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é investigar atividades de AL propostas no livro didático Língua Portuguesa, do Sistema Marista de Educação, a fim de verificar em que medida contribuem para a prática de produção de textos em uma perspectiva de gêneros discursivos. O corpus do nosso trabalho é composto pelas atividades de AL, do 9º ano do Ensino Fundamental, módulo 1, capítulo 1, Carta aberta: discurso para o mundo. Os procedimentos de análise compreenderam cinco etapas: i) descrever a configuração textual e discursiva do livro didático do 9º ano; ii) verificar a natureza e os objetos de conhecimento das atividades de AL considerando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC); iii) identificar os níveis de complexidade exigidos pelas atividades; iv) analisar as atividades com base no sistema de estratificação e v) verificar em que medida as atividades de AL exploram o gênero discursivo carta aberta. Os resultados indicam que as tarefas de AL do capítulo Carta aberta: discurso para o mundo, do 9º ano do Ensino Fundamental não contribuem, de forma efetiva, à prática de produção textual. Os enunciados apresentam lacunas em relação à articulação entre atividades epilinguísticas e metalinguísticas, composição e estrutura do gênero carta aberta, especialmente em relação níveis de complexidade demandados e estratos da linguagem. Nesse viés, entendemos que se trata de uma perspectiva de trabalho ainda em construção no material didático investigado.
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