LITERATURA, CRÍTICA E PSICANÁLISE
UMA LEITURA DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE CLARICE LISPECTOR
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v14i1.10989Palavras-chave:
Clarice Lispector; crítica genética; manuscritos; processo de criação; psicanálise.Resumo
A presente pesquisa visa contribuir para os estudos sobre o texto literário e o ato de criação, propondo, como viés interpretativo, os pressupostos da Crítica Genética e da Psicanálise, campos de estudo que veem o texto não apenas na estagnação formal, mas no movimento de sua elaboração e recepção, isto é, ampliando a análise para além da obra acabada, para o processo de sua construção, que inclui desde as operações mentais do escritor até as marginálias do livro. Concentrar-nos-emos, como objeto de nossa análise, nos manuscritos de A hora da estrela, de Clarice Lispector, analisando alguns elementos compositores que permitem constatar outros sentidos de interpretação sobre a obra publicada, bem como desvelar não-ditos, rasuras no processo de criação. Os métodos que embasam nossa investigação são o bibliográfico e exploratório, haja vista que buscam aprofundar e identificar conhecimentos pouco sistematizados acerca dos manuscritos literários que, até então, não têm sido suficientemente investigados, compreendidos e reconhecidos pela crítica tradicional da literatura. A fim de melhor entender as relações possíveis entre os campos de estudo, aqui, imbricados, nos pautaremos em Willemart (2005), Grésillion (2007), Zular (2010), Gotlib (2013), Vidal (2017), Santos (2021) e Pellegrino (1988). Ao rastrear as minúcias dos arquivos de vida, de pensamento e linguagem de Clarice Lispector, esta pesquisa se coloca como fonte de conhecimento e de escuta do que está subjacente à escritura, a qual em oposição à formalidade textual, aponta para um horizonte onde resguarda uma “zona de segredo”: de desejos obscuros, não-ditos e silêncios.
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