ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2018: O FUNCIONAMENTO DO LUGAR DISCURSIVO DO PORTA-VOZ NA CAMPANHA DE TRÊS CANDIDATOS
DOI:
https://doi.org/10.22481/folio.v12i2.7919Palavras-chave:
Politica, Porta-voz, Posição-sujeito, ReligiãoResumo
Neste artigo, objetivamos analisar como se constituem as diferentes posições-sujeito ocupadas por três candidatos à presidência do Brasil nas eleições de 2018, que se filiam, em alguma medida, à esfera religiosa, indicando quais memórias tais posições retomam. Como hipótese, defendemos que funciona, nesse caso, o lugar discursivo do porta-voz e, por isso, buscamos identificar, a partir das posições por meio das quais os referidos sujeitos políticos se subjetivam como candidatos à presidência, como esse lugar se configura em suas respectivas campanhas. Para tanto, selecionamos para análise trechos dos planos de governo e publicações desses presidenciáveis feitas nas redes sociais Twitter e Facebook durante o período de campanha eleitoral. Após a seleção e a catalogação dos dados, realizamos a análise discursiva das materialidades, com base nos pressupostos teóricos da Escola Francesa de Análise de Discurso, principalmente, nas noções de posição-sujeito e de porta-voz. Os resultados indicam que, no acontecimento discursivo das eleições presidenciais de 2018, a figura enunciativa do porta-voz, identificada na campanha eleitoral dos três candidatos, apesar de falar em nome de uma coletividade, não representa a vontade de um povo brasileiro uno e indiviso, pois a forma de tais candidatos se identificarem com o lugar discursivo do porta-voz aponta para a deriva de sentidos, indicando que essa suposta unidade do “povo brasileiro” é apenas um efeito relacionado à ilusão subjetiva.
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