O GÊNERO “DEBATE NÃO MEDIADO” E A POLARIZAÇÃO POLÍTICA

UMA ANÁLISE BAKHTINIANA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/folio.v14i1.9980

Palavras-chave:

Debate; Democracia; Gênero do discurso; Polarização.

Resumo

Este trabalho procura analisar as interações argumentativas de dois debatedores em debate gravado em vídeo e publicado no YouTube, pelo canal Spotniks, intitulado “Ele suspeita das vacinas da Covid-19. Ela é cientista do Butantan. Colocamos os dois pra conversar”, evidenciando o funcionamento do gênero discursivo “debate não mediado” (BAKHTIN, 2016) e suas implicações na dinâmica argumentativa em contexto polêmico, sob o prisma da Análise Dialógica de Discurso (BAKHTIN, 2015; VOESE, 2021; VOLOCHINOV, 2017) e da sociologia e ciência política contemporâneas (BAUMAN, 2003; DEMO, 2008). Justifica-se a relevância deste trabalho pela emergência das sucessivas crises do ambiente democrático brasileiro, contaminado tanto na dimensão da política institucional quanto na dimensão do debate público, principalmente pela intensificação dos processos de desinformação generalizada (fake news) e de polarização política, especialmente em ambientes virtuais (MACHADO; MISKOLCI, 2019). Na questão procedimental, optou-se pela transcrição e consequente análise de excerto do mencionado debate, em duas dimensões: na textualidade das enunciações discursivas, comentadas ponto a ponto, e na dimensão macroestrutural da interação discursiva, contextualizada aos contornos problemáticos que caracterizam o debate público nacional. A análise aponta a força que o gênero “debate não mediado” possui e a produtividade da interação argumentativa analisada, quando circunscrita pelos traços marcantes do gênero em questão.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tainá Almeida, Universidade Federal da Bahia (Uesb)

Doutoranda em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Mestre em Letras: Cultura, Educação e Linguagens pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Thiago da Silva Martins, Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc)

Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), com área de concentração em Análise de Políticas Públicas e Democracia.

Referências

AMOSSY, Ruth. “Uma guerra civil” na França: a polêmica pública após os atentados de 2015. Tradução de Angela Correa. In: PIRIS, E.; AZEVEDO, I. (org.). Discurso e Argumentação: fotografias interdisciplinares. Coimbra: Grácio, 2018. p. 17-40. Disponível em: https://kutt.it/3Ibtop .

BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance I: a estilística. Tradução, prefácio, notas e glossário de Paulo Bezerra; organização da edição russa de Serguei Botcharov e Vadim Kójinov. São Paulo: Editora 34, 2015. 256p.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Paulo Bezerra (Organização, Tradução, Posfácio e Notas); Notas da edição russa: Seguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, 2016. 164p.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Vade Mecum. Saraiva. 5ª ed. Atualizada e ampliada. São Paulo, 2008.

DEMO, Pedro. Pobreza Política. São Paulo: Editores Associados, 2008.

FERRARO, Alceu Ravanello. Analfabetismo e níveis de Letramento no Brasil: o que dizem os censos? Educação e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 81, p. 21- 47, dez. 2002.

HOLANDA, Sérgio B. Raízes do Brasil. 26ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MACHADO, Jorge Alberto Silva; MISKOLCI, Richard. Das jornadas de junho à cruzada moral: o papel das redes sociais na polarização política brasileira. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 945-970, 2019. Disponível em: < https://doi.org/10.1590/2238-38752019v9310 > DOI: 10.1590/2238-38752019v9310.

SPOTNIKS. Ele suspeita das vacinas da Covid-19. Ela é cientista do Butantan. Colocamos os dois pra conversar. Youtube, 24 de junho de 2021. Disponível em: https://youtu.be/L24UIaHb_8A

VOESE, Ingo. O discurso como martelo e superfície ou como (não) silenciar inquietações. Linguagem em (Dis)curso, [S.l.], v. 7, n. 2, p. p. 271-292, out. 2010. ISSN 1982-4017. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Linguagem_Discurso/article/view/365>. Acesso em: 24 jul. 2021.

VOLÓCHINOV, Valentin (Círculo de Bakhtin). Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. Ensaio introdutório de Sheila Grillo. São Paulo: Editora 34, 2017, 373p.

Downloads

Publicado

2022-08-26

Como Citar

Almeida, T., & Martins, T. da S. (2022). O GÊNERO “DEBATE NÃO MEDIADO” E A POLARIZAÇÃO POLÍTICA : UMA ANÁLISE BAKHTINIANA. fólio - Revista De Letras, 14(1). https://doi.org/10.22481/folio.v14i1.9980