TY - JOUR AU - Beato Szachnowski, Zelina Márcia Pereira AU - Araújo, Aryadne Bezerra PY - 2019/08/24 Y2 - 2024/03/28 TI - O GENOCÍDIO DE CANUDOS COMO TRAUMA E OS SERTÕES COMO RELATO TESTEMUNHAL JF - fólio - Revista de Letras JA - F-RL VL - 11 IS - 1 SE - DO - 10.22481/folio.v11i1.5141 UR - https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/5141 SP - AB - <p>Este texto propõe uma leitura da obra mestra de Euclides da Cunha como um gesto testemunhal, que, como tal, manifesta a relação traumática entre escritor/testemunha e língua na representação do acontecimento traumático do genocídio do povoado de Canudos. Euclides atesta a “fragilidade da palavra” para traduzir as barbaridades cometidas pela república em nome de uma unidade nacional. Ao engendrar um jogo com a “fragilidade da palavra” para dar conta da violência de Estado que testemunha, Euclides transforma o que deveria ser um relato jornalístico em uma epopeia em prosa do genocídio sistematizado pela “civilização”, elaborando um monumento dessa ferida que, entre outras, permeia nossa história. O trauma inscrito em Os sertões não apenas atribui um aspecto testemunhal à obra, como também marca a escrita de tal modo que a tradução daquela barbárie em palavras não ocorre de forma tranquila. A escrita testemunhal, falando com Seligmann-Silva (2005, 2008), abala os limites entre história e literatura, memória e ficção. A escrita d`Os sertões não só abala esses limites como também é perturbada por eles, especialmente no que se refere à aporia entre a ambição de arquivo histórico e o inquietante espectro da ficção e da literatura. Os sertões, como argumentaremos, permanecem no lugar indecidível do testemunho. Lugar em que, segundo Derrida (2000), concorrem, sem ser possível decidir por um lado: a possibilidade de literatura ou uma verdade factual que a testemunha promete relatar.</p> ER -