fólio - revista de letras
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<div align="justify"><strong><span style="font-size: 14pt; color: #2d19e6; font-family: garamond;">fólio</span><em> - </em>revista de letras</strong> (ISSN: 2176-4182) é um periódico acadêmico eletrônico semestral de acesso livre criado pelo Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (DELL) e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens (PPGCEL) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).</div>Edições UESBpt-BRfólio - revista de letras2176-4182<p> </p> <div id="CertisignPluginFF-NG-Installed"> </div>Escola, diversidade e formação docente: um olhar sobre os multiletramentos
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<p><span style="font-weight: 400;">Este trabalho apresenta reflexões sobre o seguinte questionamento: de que maneira a formação de professoras e professores pode contribuir para o reconhecimento e a valorização das diferenças culturais nos contextos escolares e, consequentemente, sociais, sem perder de vista sua valorização enquanto profissional? Esta reflexão se justifica na necessidade de formação docente adequada a contextos sociais atuais. As considerações elencadas têm como objetivo refletir sobre a importância da formação dos educadores para atuar frente a diversidade na escola. Para tanto seguimos a metodologia de análise bibliográfica fazendo a abordagem da diversidade no contexto escolar, práticas de letramento e multiletramento e a interculturalidade descrevendo e discutindo autores como Candau (2012), Rojo e Moura (2012) e Kleiman e Santos (2019). Como resultado, o artigo traz sugestões para pensar criticamente a escola e a indicação do multiletramento como poderosa ferramenta na busca de atender a necessidade de transformação do perfil educacional e a urgência de construirmos novas formas de ler e escrever, que contemplem as diversas culturas até então silenciadas.</span></p>William Jônatas Vidal CoutinhoAndrea Barreto Borges
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2024-12-242024-12-2415220521610.22481/folio.v15i2.13405Língua e cultura: marcas línguo-culturais no léxico toponímico alagoano na produção do território de Igaci, Alagoas, Brasil
https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/14604
<p>O estudo do ato de nomear aglomerados humanos e do seu produto – o topônimo - pode desvelar aspectos que estão ligados à dinâmica de organização territorial, às relações de poder social, econômico, político e ideológico etc., constituindo-se, portanto, em um acervo linguístico que revela conexões entre o ser humano e o processo de territorialidade materializado na língua. Por esse viés, esta pesquisa objetivou investigar as motivações que permeiam as relações discursivas no processo de nomeação dos povoados que constituem o território do município de Igaci, localizado na região agreste de Alagoas. Quanto aos aspectos teórico-metodológicos, trata-se de uma pesquisa descritiva de natureza teórica, de vertente lexicológica de cunho bibliográfico, de abordagem quali-quantitativa, inserida no paradigma emergente de ciência pós-positivista, e fundamentada pelos princípios teórico-metodológicos da Toponímia tradicional, em especial a proposta de categorização de Dick (1990, 1992; 2006; 2007); ISQUERDO, 2012; ISQUERDO & DARGEL, 2020.) em diálogo com as concepções de território (SANTOS; SILVEIRA, 2002; SANTOS, 2009.) e de cultura (CHAUÍ, 1995; BOTTELHO, 2001; ROCHA & ALMEIDA, 2005). Os resultados apontaram que os aspectos da paisagem natural do espaço geográfico de Igaci - vegetação e hidrografia – se revelaram como fatores determinantes para a nomeação dos povoados do território igaciense, evidenciando a relação entre a sociedade (ação humana) e a natureza (ação ambiental), compreendidas como inseparáveis, traduzindo valores culturais que ligam identitariamente os indivíduos no espaço, moldando o território e edificando sentimentos de domínio, de pertencimento, de manifestação de poder.</p>Pedro Antonio Gomes de Melo
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2024-12-242024-12-2415221724010.22481/folio.v15i2.14604L'expérience de l'unité de la conscience dans l'acte de la volonté: pour la réalité de l'objet de l'intentionalité
https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/14395
<p>O objetivo deste artigo é a avaliação qualitativa da mudança num intervalo de tempo. O tempo, como conceito chave na confluência do qual se iniciaram as observações sobre o movimento, foi problematizado de acordo com a teoria da intencionalidade da mente juntamente com a teoria da percepção interna (Brentano, 1874). Na medida do possível e para a observação objetiva, o método enquadrou o movimento do tempo no modelo aditivo dos esquemas da aritmética. Quando o contato das forças de contração manifesta uma mudança, é sempre a normalidade da consciência que é considerada em relação à mudança. A partir da atividade da consciência, assim heterogênea e direcionada aos conteúdos da experiência, um problema sobressai para a análise, a saber: a retenção da memória em seu ponto de vista quantitativo. Portanto, sendo esta retenção considerada como faculdade da inteligência humana, algumas contribuições são aqui propostas em face de uma teoria do reconhecimento já desenvolvida por Bergson (1889, 1939).</p>Rudy Kohwer
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2024-12-242024-12-2415217619110.22481/folio.v15i2.14395Cuvier, Lamarck, Gaston Paris e o problema da restituição dos textos
https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/15208
<p style="margin-top: 0.42cm; margin-bottom: 0.35cm; line-height: 150%;" align="justify"><span style="font-family: Garamond, serif;">O presente estudo tem como objetivo discutir uma asserção presente no livro de Bernard Cerquiglini, </span><span style="font-family: Garamond, serif;"><em>Éloge de la Variante</em></span><span style="font-family: Garamond, serif;">, concernente à possível influência do naturalista Georges Cuvier sobre o filólogo Gaston Paris. Afirma-se que Georges Cuvier influenciou Gaston Paris ao declarar em seu livro </span><span style="font-family: Garamond, serif;"><em>Recherches sur les ossements fossiles de quadrupèdes</em></span><span style="font-family: Garamond, serif;"> a certeza de se poder reconstituir a ossada de um animal extinto há milhões de anos a partir do achamento de um único osso seu. Essa restituição da ossada a partir de um fragmento que dela faria parte teria analogia com o método filológico parisino de constituição do texto crítico a partir de um conjunto de testemunhos mais ou menos corroídos pelo tempo e pelo processo transmissional. Cada testemunho, desse modo, seria um análogo do osso de um animal extinto, a partir do qual se poderia remontar ao </span><span style="font-family: Garamond, serif;"><em>Ur-text</em></span><span style="font-family: Garamond, serif;">.</span></p>Marcello Moreira
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2024-12-242024-12-2415219220410.22481/folio.v15i2.15208Luamanda: um ensaio sobre a construção do afeto e do feminino negro
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<p>Este estudo buscou analisar o conto "Luamanda", da autora Conceição Evaristo, com o objetivo de compreender os mecanismos narrativos que interligam discursos sobre as figuras de mulheres negras e os vínculos afetivos que elas vivenciam na sociedade. A análise centra-se no conto "Luamanda", presente no livro Olhos d’água, de 2016, e é fundamentada nas reflexões das intelectuais Teresa de Lauretis (1987), Lélia Gonzalez (2020), Grada Kilomba (2019), bell hooks (2024), Joyce Gonçalves (2015), Adriana Maria de Abreu Barbosa (2011) Fernanda Mendonça e Adriana Maria de Abreu Barbosa (2019) e Carla Akotirene (2019). Os objetivos incluem: analisar a representação do feminino negro na sociedade, explorar as possibilidades de vivência de relações afetuosas para mulheres negras, desmistificar a figura da mulher negra e discutir a importância do autoconhecimento para que mulheres negras possam estabelecer laços afetivos. Para a realização deste estudo, foi utilizada a metodologia de cunho teórico-bibliográfico. Ao ler "Luamanda", reafirmamos a ideia de que a literatura de autoria feminina negra é fundamental para refletir sobre as perspectivas de amor disponíveis para mulheres negras.</p>Kelvin BarbosaAdriana Maria
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2024-12-242024-12-2415224125410.22481/folio.v15i2.14868O "eu narrável" e o “eu narrado” em Adriana Cavarero: as narrativas de vida de/sobre Herbert Daniel
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<p>O texto compara a autobiografia de Herbert Daniel com a biografia escrita por James Green. Enquanto a autobiografia apresenta uma visão subjetiva e pessoal da vida de Daniel, a biografia busca uma narrativa objetiva e histórica. O conceito de "eu narrável" de Adriana Cavarero é utilizado para explicar como a identidade é construída através das narrativas. As duas obras se complementam, oferecendo diferentes perspectivas sobre a vida de Daniel. O texto também estabelece conexões entre as ideias de Cavarero e outras filósofas como Hannah Arendt e Judith Butler, destacando a importância da narrativa para a compreensão da identidade humana. A autobiografia e a biografia sobre Herbert Daniel, quando analisadas à luz da filosofia de Cavarero, revelam a complexidade da construção da identidade através das narrativas.</p>Marcus Antônio Assis Lima
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2024-12-242024-12-24152122310.22481/folio.v15i2.15505A Neca de Amara Moira: uma voz Pajubeyra
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<p>Frases como “Precisamos dar voz a essas pessoas”, “Elas precisam ser escutadas” e tantas outras proliferam-se à sociedade, principalmente nos movimentos sociais de grupos que têm a humanidade (re)negada. As chamadas “minorias de direitos”, assim, criam estratégias de sobrevivência e de r(e)xistência em espaços vistos como monstruosos, como as ruas, esquinas, periferias, bailes funk, vielas etc. O pajubá – tecnologia transcestral e linguística criado pelas travestis – é um excelente exemplo em que as vozes que ecoam das paredes desses locais gritam palavras de ordem, defendendo o direito à vida e da margem como o centro. Portanto, este texto abordará algumas reflexões a partir da filosofia da expressão vocal, da filósofa e teórica Adriana Cavarero, em diálogo com o <em>Neca</em> (2021), de Amara Moira, monólogo totalmente escrito em pajubá, onde as vivências da sua puta-travesti são protagonizadas no palco da vida (e das ruas).</p>Ádrian Ferreira BarbozaMarcus Antônio Assis LimaAndré Luis Mitidieri Pereira
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2024-12-242024-12-24152244410.22481/folio.v15i2.15314Voces ribereñas y la realidad de un ser mítico: la leyenda del Boto en el contexto de Igarapé-Miri, en la Amazonia paraense
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<p>Este trabalho pretende realizar uma leitura da Lenda do Boto (Leyenda del Bufeo colorado del Amazonas), a partir do imaginário coletivo de Igarapé-Miri, localidade litorânea localizada no interior amazônico do Paraense. Tenemos en cuenta que el Boto é uma das personagens mais marcantes da tradição oral da região, tentando compreender como é ser sobrenaturalmente natural (Loureiro, 2015) e fazer parte do quotidiano das localidades que habitam as margens do dos rios, sempre refletimos sobre o papel que exercita o mito no contexto em questão. Para isso, foi realizada uma revisão da literatura e, ao mesmo tempo, um trabalho de campo para ampliar e aprofundar o conhecimento teórico sobre a lenda e tudo o que ela acarreta. Isto é último através de conversas livres (Severino, 2016), informais e espontâneas (Magán, 2010), de maneira que podemos cosechar as informações anheladas de maneira amistosa e entusiasmada, essenciais para a elaboração deste trabalho. A investigação é apoiada por autores como Araújo (2022), Farias (2021), Colombres (2016), Chávez (2017), Portocarrero (2016), Magán (2008; 2010), Cascudo (2008; 2010), Barbosa Rodrigues (1881 ) ), entre outros. Os resultados demonstram que o popular Boto se encontra e se confunde com a realidade, ao mesmo tempo que assume um papel muito relevante no quotidiano dos cariocas. Portanto, não há dúvidas sobre a existência desta criatura mítica.</p>Gracineia dos Santos AraújoIvanda Costa dos Santos
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2024-12-242024-12-24152456710.22481/folio.v15i2.15376O reconhecimento da voz no ensino de português como língua de acolhimento
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<p>O presente artigo, versa sobre o reconhecimento da “voz” como elemento constituinte do ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc). A ideia central é elucidar as relações do ensino - aprendizado da língua com a construção/validação da voz do aprendente. Reconhecer e dar “voz” é um dos pilares do processo pedagógico do PLAc, tendo como objetivo o acolhimento e a integração social do migrante em situação de crise no Brasil. Para isso, amparamos nossa argumentação no conceito de voz traçado por Couldry (2010) a partir das discussões de Lima (2012, 2013) e suas características presentes no ensino de PLAc, a partir dos elementos que o compõe conforme discutido por Reinoldes e Amado(2021), Diniz e Neves (2018), Fiorelli (2022), Alomba Ribeiro e Santos (2023).</p>Zilanezia Silva Lima Santos RochaMaria D’Ajuda Alomba Ribeiro
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2024-12-242024-12-24152688210.22481/folio.v15i2.15170Narrativas autobiográficas e identidades: histórias de letramento de professoras
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<p>As pessoas ainda se tornam professores e professoras da área de linguagens na sociedade do desempenho (Han, 2017), que tem se mostrado, muitas vezes, hostil à profissão. Por meio da análise de entrevistas narrativas semiestruturadas previamente gravadas e transcritas, objetiva-se conhecer e descrever as motivações e caminhos que levaram as participantes da pesquisa a escolherem a carreira de professora na área de linguagens, procurando compreender suas trajetórias de letramento e as narrativas autobiográficas que emergiram nas entrevistas. As três professoras participaram, no ano de 2022, de uma formação intitulada “Multiletramentos e Tecnologias Digitais em Sala de Aula”. Em relação às narrativas, apoiamo-nos também nos trabalhos de Flannery (2015), Labov (1967, 1972); em relação à formação de professores em Kleiman (2005, 2014), e Kersch (2020); e nos trabalhos sobre identidade e identidade do professor em De Fina (2015) e Klering, Trarbach e Kersch (2023), respectivamente. Analisando as narrativas de três professoras, percebeu-se a repetição de certos padrões em suas histórias, quais sejam, o indivíduo-exemplo, a relação com a área de Letras e o envolvimento emocional com os alunos. Os resultados revelam a complexidade do mundo da educação e seu teor humano, que está intrinsecamente ligado ao desempenho de ambos os lados, educador e educando, contribuindo com o argumento que defende uma educação dialógica e humanizada que liberta os alunos e os professores dos papeis mecânicos perpetrados na cultura educacional ocidental.</p>Dorotea Frank KerschLuís Filipe Xavier da Silva
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2024-12-242024-12-2415210213110.22481/folio.v15i2.13813O abraço das palavras: o português como língua de acolhimento
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<p>O português como língua de acolhimento relaciona-se à integração dos migrantes ao país acolhedor, pois volta-se às necessidades desses migrantes e às convenções sociais que eles precisam dominar em seu novo contexto de vida. Nessa direção, o objetivo geral deste estudo é refletir sobre o ensino de língua portuguesa a partir da perspectiva do português como língua de acolhimento. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, empreendida durante práticas de estágio curricular supervisionado do curso de Letras. Para a coleta dos dados, utilizou-se um diário de campo. A língua de acolhimento contribui para a integração à vida diária, pois as necessidades comunicativas dos imigrantes perpassam por diversos setores da vida, como educação, trabalho, saúde, moradia e relações pessoais. O papel do português como língua de acolhimento e seus impactos na integração de imigrantes relaciona-se, essencialmente, com a inserção, a interação, o entendimento das tradições culturais, competências para atividades cotidianas, como compras e negociações, ingresso no mercado de trabalho, dentre outras necessidades e anseios desses imigrantes na sociedade. Assim, esta pesquisa permitiu observar que o português como língua de acolhimento, diante das correntes migratórias, em território brasileiro, é relevante para atender às várias atuações sociais dos imigrantes em seu novo local de vivência.</p>Daniel SevegnaniThais de Souza Schlichting
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2024-12-242024-12-241528310110.22481/folio.v15i2.15370A tríplice semântica do gênero: tensões e disputas na teoria feminista
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<p class="western" lang="en-US" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;"><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-BR">Por que a palavra “gênero” passou a ser empregada por autor</span></span><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-BR">a</span></span><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-BR">s que na verdade querem dizer “mulheres” ou “sexo” ou mesmo “</span></span><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-BR"><em>rapports sociaux de sexe</em></span></span><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-BR">”, se tais categorias já eram efetivamente usadas antes da formulação do gênero como um conceito? Aquilo que aqui chamamos de tríplice semântica do gênero deve ser entendida a partir de sua articulação com as condições de sua produção, e também com uma análise fundamentada de sua difusão e sua posição atual nas Ciências Sociais e Humanidades. Embora o objetivo deste artigo não seja examinar essas relações, alguns pontos importantes merecem atenção, como uma maneira de indicar possíveis caminhos para que se compreenda em futuras pesquisas essa tríplice semântica. </span></span><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-BR">Algumas questões são cruciais para a compreensão da circulação, difusão e recepção do conceito de gênero, bem como para realizar a análise de possíveis consequências teóricas, conceituais e institucionais da elaboração e circulação desse conceito – tanto no campo acadêmico quanto em suas intersecções com o campo político. </span></span><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-BR">Esse mapeamento, aqui proposto como um ponto de partida para futuras pesquisas, permite fundamentar com maior propriedade futuras análises sobre a circulação internacional do conceito de gênero e a própria formação dos </span></span><span style="font-family: Century Gothic, serif;"><span lang="pt-PT">Estudos de Gênero, Feministas e da Mulher. Ele indica, junto à proposta de compreender os usos do “gênero” como uma tríplice semântica, a necessidade de uma articulação teórico-empírica que permita elucidar processos não apenas sociais mas também epistêmicos envolvidos na circulação e sobretudo, na conformação de um conceito como sendo a forma dominante de abordar determinado problema social ou sociológico. Se, por um lado, o presente artigo se concentrou na variação de usos e abordagens que produzem distintos sentidos para um termo que, originalmente, é um conceito; por outro deixamos indicados, como conclusão, cinco pontos fundamentais na busca pela contextualização mais aprofundada dos processos pelos quais essa variação passou a existir. É apenas, portanto, na articulação dessas duas dimensões analíticas, que pode haver alguma contribuição ligeiramente mais completa para a compreensão das Ciências Sociais e Humanidades sobre processos dessa natureza.</span></span></p>Marília MoschkovichRicardo Martins Valle
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2024-12-242024-12-2415213214710.22481/folio.v15i2.15702O discurso neoconservador no Brasil: uma análise do podcast Retrato Narrado
https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/15700
<p>O presente estudo empreende a análise de dois episódios do podcast Retrato Narrado a fim de refletir sobre os movimentos neoconservadores no Brasil e, mais particularmente, sobre os discursos extremistas brasileiros a propósito das políticas de inclusão, de reparação e de igualdade destinadas aos povos originários, aos afrodescendentes e à diversidade de gênero. Levando em conta os discursos enunciados no podcast, busca-se descrever os artifícios discursivos que balizam o funcionamento da estratégia política neoconservadora. Para tanto, recorremos, por um lado, aos estudos de Jason Stanley (2020), de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt (2018) e de Enzo Traverso (2020), que descrevem aspectos do mesmo fenômeno no cenário internacional; por outro, retomamos as discussões de Michel Foucault (1988, 2010) sobre biopoder, racismo e fascismo.</p>Péricles da Costa LimaCássio Roberto Borges da Silva
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2024-12-242024-12-2415214817510.22481/folio.v15i2.15700Voz identidade
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<p>Apresentação do segundo número do volume 15 (2024) de <strong>fólio - revista de letras</strong>.</p> <p>Não são “ecos do passado” o que se transmite pela voz nas tradições orais. O eco não tem uma intencionalidade na repetição e apenas decresce, não aumenta nem inventa. As tradições orais, que se perpetuam com a voz, na repetição do sentido e na reiteração do gesto verbal, são formas de perpertuação histórica, são técnicas humanas, anteriores à roda, anteriores à possibilidade de a própria roda existir. Práticas de manutenção da vida - saberes, costumes, usos, valores - não simplesmente atravessam os tempos. Na grande maior parte da existência da espécie humana todas as coisas humanas se transmitiram oralmente, constituindo a imensidade de culturas, mantidas por um complexo de saberes que perduram na oralidade. Assim, a transmissão oral implica um complexo tanto de estratégias típicas, étnicas, comunitárias, como de estratégias comuns às culturas humanas. Na efetividade, as vozes de nossos avós são formas que se repetem por gerações e, por isso, atravessam as gerações humanas na voz de nossos netos. A voz familiar coletiva se passa é de “mãe pra filh' " e é assim que ela “atravessa o tempo”. Nossas vozes consomem, antes de mais nada, o leite das línguas maternas. As bocas de nossas mães avós tias primeiro nos ensinam a língua-gesto, a voz pressignificante, o líquido não escandido do som amado. Antes da língua adquirida, já aprendemos os primeiros “sotaques”, entendendo por este termo uma dimensão abrangente de inflexões da voz e escolhas gramaticais até hábitos mentais, gestos corporais e inclinações ideológicas. Esse primeiro “sotaque” tanto individualiza quanto coletiviza, produz identidades únicas entre semelhantes, efeito de comunidade, estratégias de vida. Quando uma identidade individual enramada nas vozes coletivas encontra caminhos para se narrar, ela faz <em>literatura menor</em>, no melhor sentido do termo, produz literatura de resistência, produz dissidência, indica rotas de fuga, devires.</p>Ricardo Matins ValleMarcus Antônio Assis Lima
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