Que corpo é esse? Literatura negra surda, interseccionalidades e violências

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/odeere.v6i01.8533

Palavras-chave:

Literatura Negra Surda, interseccionalidade, Violência, Mulher Negra Surda

Resumo

Os últimos anos foram marcados pelo crescimento notável da produção artística/poética em língua de sinais, com a presença cada vez mais efetiva de poetas slamers na cena nacional. O efeito mais direto disso é a vitrinização das interseccionalidade que atravessam as múltiplas identidades surdas, expostas tanto nas performances síncronas das apresentações nos slams, de forma presencial ou virtual, quanto na poesia.doc. A poesia Boneca Invisível utiliza elementos cinematográficos para potencializar sua narrativa e discutir os efeitos mais diretos da violência sofrida por ela (e por muitas outras mulheres surdas, confiscando a atenção do espectador, para reflexão: até quando a cultura do silenciamento imposta às mulheres surdas servirá de “banquete” para que os mais diversos tipos de violência sejam “degustados” sem o menor constrangimento? Este artigo baseia-se na análise da narrativa vídica exposta no poema, visando tencionar algumas dimensões importantes para pensarmos no lugar interseccional, encruzilha(dor), vivido por tantas mulheres, negras, surdas. Fazemos observações de cunho teórico-epistêmico, do feminismo negro em direção ao feminismo negro surdo, e também de interesse prático, que ocupa-se dos meios de produções que são acessados para a composição da poesia surda, suscitando um alargamento conceitual para abarcar  textualidades corporais como produções literárias legítimas, além do reconhecimento técnico das ferramentas acionadas e dominadas pela poeta para sua produção textual literária de denúncia.

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Biografia do Autor

Ires dos Anjos Brito, Universidade Federal da Bahia

Doutoranda em Literatura e Cultura pelo PPGLITCULT/UFBA, sob orientação da Profª Drª Florentina da Silva Souza; Mestra em Estudos Étnicos e Africanos pelo Pós-Afro/UFBA; Espec. em Formação de professores em Libras UNEAD/UNEB e graduada em Letras também pela Universidade Federal da Bahia, coordenadora do curso de Extensão Em Pretas Mãos/UFBA. E-mail: iresletras@gmail.com

Jonatas Rodrigues Medeiros, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestrando em Estudos da Tradução/UFSC orientado pela profªDrª Silvana Aguiar dos Santos; licenciado em Letras Libras/UFPR; tradutor intérprete de Libras.

Nanci Araújo Bento, Universidade Federal da Bahia

Doutora em Língua e Cultura/UFBA; Mestra em Linguística/UFBA; Graduada em Letras Vernáculas com Língua Estrangeira/Ucsal, professora bilíngue (Libras/Português) da rede pública do estado da Bahia, professora de Libras da Universidade Federal da Bahia, coordenadora do projeto Entre Vistas e coordenadora do curso de extensão Em Pretas Mãos/UFBA. E-mail: nablibras@gmail.com

Nayara Rodrigues

Arte-educadora, poeta surda e consultora de tradução de Libras. Participa do Slam do Corpo e de outros saraus e batalhas de poesia como slammer e poeta. É também MC, mãe, performer, co-fundadora do grupo RamariaS e contadora de histórias no gRUPO êBA!

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Publicado

2021-06-30

Como Citar

Brito, I. dos A., Medeiros, J. R., Bento, N. A., & Rodrigues , N. (2021). Que corpo é esse? Literatura negra surda, interseccionalidades e violências. ODEERE, 6(1), 209-232. https://doi.org/10.22481/odeere.v6i01.8533