Descolonizando a Mente e o Olhar: “Xala” e a Impotência do Estado Pós-colonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/odeere.v7i1.10260

Palavras-chave:

Cinema Africano, Neocolonialismo, História, Resistência Cultural

Resumo

Entre as décadas de 1960 e 1970, na esteira das lutas anti-coloniais em África, vê-se surgir através do cinema a possibilidade de construção de uma identidade africana e uma autonomia cultural e política do continente. A linguagem cinematográfica configurou-se, naquele momento, numa ferramenta de discurso diante da dificuldade de escrita da História. A câmara, assim, tornou-se uma arma para a denúncia da impotência da classe política africana e, além disso, um meio para a reivindicação de uma imagem descolonizada do continente. Neste artigo, problematizo os conceitos de identidade, tradição e modernidade no contexto pós-independência africana, conforme a representação do filme Xala (1975) do cineasta-escritor senegalês Ousmane Sembène. Além disso, discuto os aspectos que possibilitaram a construção de um imaginário de superação da colonização e a articulação discursiva dessa tendência cinematográfica em torno da desejada revolução social em África.

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Biografia do Autor

Jonas do Nascimento, Universität Bayreuth (Alemanha)

Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco, onde também concluiu seu mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Atualmente, é pesquisador pós-doutoral na Bayreuth Academy of Advanced African Studies, centro de investigação interdisciplinar da Universität Bayreuth, Alemanha.  Alemanha. E-mail: jonas.anasc@gmail.com

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Publicado

2022-05-02

Como Citar

do Nascimento, J. (2022). Descolonizando a Mente e o Olhar: “Xala” e a Impotência do Estado Pós-colonial. ODEERE, 7(1), 163-182. https://doi.org/10.22481/odeere.v7i1.10260