O “anão, pai dos gigantes”: a procissão e a dobra do Barroco na América portuguesa
Palavras-chave:
Barroco, Procissão, Corpus Christi, FestaResumo
Elemento dos mais importantes da chamada “devoção popular” brasileira, as procissões são, ao mesmo tempo, expressão de devoção, manifestação social e fator de sociabilidade. Das cerimônias de caráter público, as procissões e as entradas foram aquelas que mais chamavam a atenção, exatamente pelo seu caráter coletivo, e que acabaram por propiciar a passagem da representação ritual para formas progressivamente declaradas de diversão coletiva, levando, por uma espécie de transbordamento, tanto as festas litúrgicas quanto as do Estado, do interior das igrejas e das cortes para as ruas. Se, como diz Deleuze, “o traço do Barroco é a dobra que vai ao infinito” (Deleuze, 1991: 13), na América Portuguesa, ao fazer sua opção pelo espetáculo, o Barroco efetua mais uma de suas dobras e abre as portas para a carnavalização e a desordem, para a representação e a alegorização do real.