Práticas de Magia e Personagens Mágicas nas Fontes Eclesiásticas do Ocidente Medieval
Resumo
Qualquer tentativa de inventariar as características básicas do quadro religioso do Ocidente Medieval deve levar em consideração os elementos próprios de uma religiosidade popular que teimava em sobreviver nos diferentes meios sociais e culturais, a despeito das preleções e sanções. Submetidas ao julgamento eclesiástico, as práticas e as personagens de magia a ela relacionadas evoluíram, no decorrer da Idade Média, no sentido de uma aproximação cada vez maior com os desígnios de Satã. Os atos mágicos, a princípio definidos como ilusões demoníacas, passaram à condição de práticas efetivas, determinadas a partir de um pacto satânico. As concepções eclesiásticas sobre a magia tenderam à negação de suas funções comunitárias e à afirmação de sua participação em um plano demoníaco inscrito no contexto da grande luta universal entre o Bem e o Mal.