A bela missão de ensinar: a poesia didática a partir das obras de Lucrécio e Manílio (séculos I a.C. – I d.C.)
DOI:
https://doi.org/10.22481/politeia.v19i2.7380Palavras-chave:
Poesia didática. Educação. Epicurismo. Universo.Resumo
A poesia didática expressa um conhecimento para alguém e, dessa forma, elege em sua composição dois personagens principais ao longo de narrativa: o professor, ou seja, aquele que ensina; e o aluno, a quem o ensinamento é direcionado. Tal articulação pode ser percebida pela utilização da primeira pessoa na elaboração do texto, o que nos dá a impressão de um discurso falado a alguém de maneira direta. Ao evocarem seu compromisso com a matéria e alertarem seus alunos a respeito do tortuoso caminho da aprendizagem, Lucrécio e Manílio constroem seu próprio percurso retórico a fim de legitimarem aquilo que afirmam ser necessário para o bem-estar geral. Concomitantemente, os autores percebem a necessidade dos adornos característicos das grandes poesias épicas a fim de tornarem atrativas as experiências de aprendizado aos seus interlocutores; como um médico que adoça com o mel o medicamento amargo ministrado aos seus pacientes, os poetas se utilizam da poesia para transmitir conhecimentos de alto valor. Por esta razão, analisaremos as obras De rerum natura e Astronomicas, entendendo o gênero literário especificado a partir de um projeto educacional particular de ambos os poetas, ao mesmo tempo em que representavam os anseios de sua sociedade e de seus pares.