“O FEMINISMO TRANSBORDA”: DOCÊNCIA, PRODUÇÃO ESCRITA E ATUAÇÃO POLÍTICA DE AUREA CORRÊA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i38.5987Palavras-chave:
História da Educação, Relações de Gênero, Trajetórias de professorasResumo
A proposta do artigo é analisar as perspectivas produzidas por uma professora primária municipal do Rio de Janeiro, Aurea Corrêa Villares Ferreira/Martinez, a partir da leitura de sua produção escrita publicada em jornais de grande circulação à época, especialmente a Gazeta de Noticias. O estudo se insere em pesquisa mais ampla sobre a trajetória de professoras e sua participação nos movimentos de luta por direitos civis, políticos e no mundo do trabalho, entre os séculos XIX e XX. A pesquisa realizada sugere que Aurea Corrêa constituiu ampla rede de sociabilidade, baseada nas suas experiências no magistério primário e nas lutas políticas. Atuou na defesa dos direitos dos/as professores/as, na melhoria das escolas e dos métodos de ensino, na propaganda do socialismo e nas eleições presidenciais de 1910. Participou da criação da Associação Escola Moderna, responsável pela fundação de uma escola no centro do Rio de Janeiro, inspirada nas experiências de educação libertária de Francisco Ferrer desenvolvidas em Barcelona. Única conferencista do sexo feminino a integrar os eventos de difusão da iniciativa, defendeu publicamente o ensino racional para as mulheres. Os indícios de sua trajetória retratada neste artigo, e de outras professoras de seu tempo, evidenciam a ocupação de diversos espaços possíveis a algumas mulheres, ao menos àquelas pertencentes aos meios letrados. Suas lutas relativizam a representação corrente sobre o suposto predomínio do mundo doméstico como limite para as experiências femininas naquele contexto histórico.
Downloads
Metrics
Referências
BARBOSA, Marialva. Os donos do Rio: imprensa, poder e público. Rio de Janeiro: Vício de Leitura, 2000.
BILHÃO, Isabel. Pela educação lutaremos o bom combate: a instrução operária como um campo de disputas entre católicos e anarquistas na Primeira República brasileira. História da Educação, Porto Alegre, v. 19, n.45, p. 141-157, 2015.
BILHÃO, Isabel. Imprensa e educação operária: análise da difusão do ensino racionalista em jornais anarquistas brasileiros (1900-1920). Educação Unisinos, São Leopoldo-RS,v. 20, n.2, p.176-184, 2016.
BORGES, Vera Lúcia Bogéa. A batalha eleitoral de 1910: imprensa e cultura política na Primeira República. Rio de Janeiro: Apicuri, 2011.
CAMPOS, Andreia da Silva Lucas de. Fábio Luz e a pedagogia libertária: traços da educação anarquista no Rio de Janeiro (1898-1938). 124f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade do Estado do Rio de Janeiro,Rio de Janeiro,2007.Orientador: Prof. Dr. Roberto Luís Torres Conduru.
COSTA, Ana Luíza J. da. O educar-se das classes populares oitocentistas no Rio de Janeiro entre a escolarização e a experiência. 274 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Orientadora:Prof.ª Dr.ª Maurilane de Souza Biccas.
FIORUCCI, Flávia. “País afeminado, proletario feminista”. Mujeres inmorales e incapaces: la feminización Del magisterio em disputa (1900-1920). Anuario de Historia de la Educación, Sociedad Argentina de Historia de la Educación, v. 17, n. 2, p. 120-137, 2016.
FRACCARO, Glaucia Cristina Candian. Os direitos das mulheres: organização social e legislação trabalhista no entreguerras brasileiro (1917-1937). 198f. Tese (Doutorado em História). Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2016. Orientador: Prof. Dr. Fernando Teixeira da Silva.
GARZONI, Lerice de Castro. Arena de combate: gênero e direitos na imprensa diária (Rio de Janeiro, início do século XX).291f. Tese (Doutorado em História). Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2012.Orientadora:Prof.ª Dr.ª Maria Clementina Pereira Cunha.
HAHNER, June Edith. A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas: 1850-1937. São Paulo: Brasiliense, 1981.
LEITE, Fábio Carvalho. O Laicismo e outros exageros sobre a Primeira República no Brasil. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, v. 31, n. 1, p. 32-60, junho 2011.
LYRA, Maria de Lourdes Viana. A atuação da mulher na cena pública: diversidade de atores e manifestações políticas no Brasil imperial. Almanack Braziliense, n. 3, p. 105-122, maio 2006.
MAC CORD, Marcelo. Artífices da cidadania: mutualismo, educação e trabalho no Recife oitocentista. Campinas-SP: Unicamp, 2012.
MARTINS, Angela Maria Souza. Análise Histórica da Educação Libertária no Brasil no início do século XX. In: VII Jornada do HISTEDBR, 2007, Anais...Campo Grande-MS, 2007. v. 1. p. 1-14.
MORAES, Carmen Sylvia Vidigal; CALSAVARA, Tatiana; MARTINS, Ana Paula. O ensino libertário e a relação entre trabalho e educação: algumas reflexões. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 04, p. 997-1012, out./dez. 2012.
RIZZINI, Irma; SCHUELER, Alessandra Frota Martinez de. Entre o mundo da casa e o espaço público: um plebiscito sobre a educação da mulher (Rio de Janeiro, 1906). Revista História e Historiografia da Educação, v. 2, n. 4, p. 122-146, jan./abr. 2018.
RODRIGUES, Edgar. Quem tem medo do anarquismo? Rio de Janeiro: Achiamé, 1992a.
______. O anarquismo no teatro, na escola e na poesia. Rio de Janeiro: Achiamé, 1992b.
RODRIGUES, Marcos Aurelio Santana. Pelas páginas dos periódicos: comparando práticas discursivas anarquistas no Rio de Janeiro entre 1898 e o início da década de 1920. 167f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Magda Maria Janolino Torres.
SCHUELER, Alessandra Frota Martinez de; RIZZINI, Irma; MARQUES, Jucinato de Sequeira. Felismina e Libertina vão à escola: notas sobre a escolarização nas freguesias de Santa Rita e Santana (Rio de Janeiro, 1888-1906). Revista História da Educação, Porto Alegre, v. 19, n. 46, p.145-165, maio/ago. 2015.
SCHUELER, Alessandra Frota Martinez de; RIZZINI, Irma. Hemetério José dos Santos: professor e intelectual negro nas disputas pela educação na cidade do Rio de Janeiro. In: MAC CORD, Marcelo; ARAÚJO, Carlos Eduardo Moreira de; GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Rascunhos cativos: educação, escolas e ensino no Brasil escravista. Rio de Janeiro: Faperj/7Letras, 2017, p. 77-99.
SANTOS, Luciana Eliza dos. A educação libertária e o extraordinário: traços de uma pedagogia (r)evolucionária. 218f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Carmen Sylvia VidigalMoraes.
SILVA, Marcelo Gomes da. “Operários do pensamento”: trajetórias, sociabilidades e experiências de organização docente de homens emulheres no Rio de Janeiro (1900-1937). 304f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, 2018.Orientadora: Prof.ª Dr.ª Claudia Maria Costa Alves de Oliveira.
SILVA, Pedro Henrique Prado da. A Escola Operária 1° de Maio e Pedro Matera: a educação popular como instrumento revolucionário no Brasil (1903-1934). 107f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Angela Maria Souza Martins.
SILVA, Rodrigo Rosa. Anarquismo, ciência e educação: Francisco Ferrer y Guardia e a rede de militantes e cientistas em torno do ensino racionalista (1890-1920). 379f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lúcia Emilia Nuevo Barreto Bruno.
SOIHET, Raquel. Comparando escritos: Júlia Lopes de Almeida e Carmen Dolores. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v. 423, p. 77-95, 2004.
UEKANE, Marina Natsume. Com o bom professor tudo está feito, sem elle nada se faz: uma análise da conformação do magistério primário no Distrito Federal (1892-1912).276f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, 2016.Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alessandra Frota Martinez de Schueler.
WERLE, Flávia Obino Corrêa. Práticas de gestão e feminização do magistério. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 126, p. 609-634, set./dez. 2005.
VALLADARES, Eduardo. A educação anarquista na República Velha. Verve, São Paulo, n. 7, p. 153-177, 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Você é livre para:
Compartilhar - copia e redistribui o material em qualquer meio ou formato; Adapte - remixe, transforme e construa a partir do material para qualquer propósito, mesmo comercialmente. Esta licença é aceitável para Obras Culturais Livres. O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - você deve dar o crédito apropriado, fornecer um link para a licença e indicar se alguma alteração foi feita. Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de uma forma que sugira que você ou seu uso seja aprovado pelo licenciante.
Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros para fazer qualquer uso permitido pela licença.