DÍVIDA PÚBLICA E FINANCIAMENTO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL (2003-2020)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i41.7243

Palavras-chave:

Dívida Pública, Financiamento da Educação Superior, Financiamento da Ciência e Tecnologia

Resumo

O artigo analisa as despesas da União com a dívida pública, as universidades federais e a Ciência e Tecnologia (C&T) no período de 2003 a 2020. Para o período de 2003 a 2019, foram examinadas as despesas liquidadas (orçamento executado). Para o ano de 2020, recorreu-se aos valores da dotação inicial da Lei Orçamentária Anual, sancionada em 17 de janeiro de 2020. Tais informações foram coletadas no portal da Câmara do Deputados, com exceção do ano de 2019, cuja fonte da coleta de dados foi o Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento (SIOP). Os valores de todos os anos estão ajustados monetariamente para janeiro de 2020, com base no IPCA. A análise demonstra que, no período de 2003 a 2019, do total das despesas liquidadas pela União, 18,88%, em média, se destinaram ao pagamento da amortização, juros e encargos da dívida pública. Nesse mesmo período, a função ciência e tecnologia (C&T) e as universidades federais receberam, respectivamente, 0,34% e 1,62% do total de despesas orçamentárias. A LOA/2020 prevê um aumento dos gastos com juros e encargos da dívida de 40,49%, em relação ao orçamento executado em 2019. No caso das universidades, a previsão para 2020 é 0,58% inferior ao orçamento executado em 2019. A análise conclui que há inequívoca continuidade do padrão de acumulação rentista que resulta na crise de subfinanciamento das universidades e da C&T. O enfrentamento consequente de tal crise se inscreve nas lutas mais gerais da sociedade contra a agenda regressiva em curso e por mudanças no referido modelo de acumulação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Luiz Fernando Reis, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Brasil

É Doutor em Políticas Públicas e Formação Humana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste/Cascavel). Membro do Grupo de Pesquisa em Políticas Educacionais e Sociais (Geppes Unioeste/Cnpq) e da Rede de Pesquisa Universitas/BR.

Epitácio Macário , Universidade Estadual do Ceará –Brasil

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor de Economia Política na Universidade Estadual do Ceará (UECE).Docente do Mestrado Acadêmico em Serviço Social, Trabalho e QuestãoSocial (MASS) da UniversidadeEstadual do Ceará. Líder do Grupo de Pesquisa “Trabalho, sociabilidade e lutas sociais” cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPq. Membro doCentro de Estudos do Trabalho e Ontologia do Ser Social (CETROS).

Referências

ANDERSON, P. A crise no Brasil. Traduzido para o Português por Fernando Puresa. In: London Review of Books. V. 38, n. 8, 21 de abril de 2016.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Estatísticas. Séries Temporais. Atividade Econômica. Setor Real. Contas Nacionais. Produto Interno Bruto. Pib em R$ correntes: 2003-2018. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method= prepararTela LocalizarSeries>. Acesso em 20 jan. 2020a.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Estatísticas. Notas econômico-financeiras à imprensa. Histórico de Estatísticas: Política Fiscal (Dívida Interna); Setor Externo (Dívida Externa). Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/ estatisticas/historicoestatisticas> . Acesso em 20 jan. 2020b.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Estatísticas. Notas econômico-financeiras à imprensa. Histórico de Estatísticas: Política Fiscal (Dívida Interna); Setor Externo (Dívida Externa). Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/ estatisticas/historicoestatisticas> . Acesso em 20 mar. 2019b.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 15 jan.2020.
BRETAS, Tatiana. Dívida pública: uma varinha de condão sobre os recursos do fundo público. In: SALVADOR, Evilásio et al. (Org.) Financeirização, fundo público e política social. São Paulo: Cortez, 2012. p. 93-120.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Orçamento da União: Execução Orçamentária e Financeira da União (2003-2018). Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao>. Acesso em 27 jan. 2020a.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Consultoria de Orçamento e fiscalização Financeira. Raio X Orçamento 2020: autógrafo. 2020b. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/raio-x-do-orcamento-previdencia/raio-x- do-orcamento-2020-autografo-vf> Acesso em 8 fev.2020.
CHAVES, V. L. J.; REIS, L. F.; GUIMARÃES, A. R. Dívida pública e financiamento da educação superior no Brasil. Acta Scientiarum. Education, v. 40, n. 1, p. 1-12. 2018.
CHILE aprova reforma tributária que aumenta impostos para os mais ricos e beneficia idosos. O Globo, Rio de Janeiro, 31 de jan. 2020. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/ chile-aprova-reforma-tributaria-que-aumenta-impostos- para-os-mais-ricos-beneficia-idosos-24219086>. Acesso em 5 fev. 2020.
FATTORELLI, M. L. Auditoria cidadã da dívida pública: experiências e métodos. Brasília: Inove, 2013.
GOMBATA, Marsílea. Chile propõe subir impostos por mais gasto social. Valor Econômico, São Paulo, 19 dez. 2019. Disponível em: <https://valor.globo.com/mundo/ noticia/2019/12/ 19/chile-propoe-subir-impostos-por-mais-gasto-social.ghtml>. Acesso em 5 fev. 2020.
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). 2008. Boletim de Políticas Sociais. Acompanhamento e Análise, 16, Brasília, DF: IPEA. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5779&Ite mid=9>. Acesso em 12 fev. 2020.
LIMA, K. Contra-reforma na educação superior: de FHC a Lula. São Paulo: Xamã, 2007.
LIMA, K.; PEREIRA, L. D. Contra-reforma na educação superior brasileira: impactos na formação profissional em Serviço Social. In: Sociedade em Debate, 15(1): 31-50, Pelotas: jan.-jun./2009.
MASCARO, A. L. Crise e golpe. São Paulo: Boitempo, 2018.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Receita Federal. Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros. Demonstrativo dos Gastos Tributários Bases Efetivas: 2011-2019. Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/dados/receitadata/renuncia-fiscal/ demonstrativos-dos- gastos-tributarios/dgt-bases-efetivas>. Acesso em 15 jan. 2020.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Receita Federal. Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros. Demonstrativo dos Gastos Governamentais Indiretos de Natureza Tributária (Gastos Tributários). PLOA 2020. Ago. 2019. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/dados/receitadata/renuncia-fiscal/previsoes-ploa> Acesso em 12 dez. 2019.
OLIVEIRA, F. de. Os direitos do antivalor – a economia política da hegemonia imperfeita. Petrópolis/RJ: Vozes, 1998.
PAULANI, L. Brasil delivery. São Paulo: Boitempo, 2008.
PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Uma ponte para o Futuro. Fundação Ulysses Guimarães. Brasília, 2015.
REIS, L. F. e MACÁRIO, E. Dívida pública, sistema tributário e financiamento de C&T no Brasil (2003-2017). IN: MACÁRIO, E. et alii (org.). Dimensões da crise brasileira – dependência, trabalho e fundo público. Fortaleza: EdUece; Bauru: Canal 6, 2018. E-book disponível para free download em http://www.uece.br/eduece/dmdocuments/Dimenso %CC%83es%20da%20Crise%20Brasileira%20e_Book.pdf.
SALVADOR, E. Fundo público e seguridade social no Brasil. São Paulo: Cortez, 2010
SAMPAIO JR., P. de A. Desenvolvimentismo e neodesenvolvimentismo: tragédia e farsa. In: Revista Serviço Social & Sociedade, número 112, São Paulo: 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n112/04.pdf. Acesso dia 24/12/2019.
SANTOS, F. L. B. dos. Uma história da onda progressista sul-americana (1998-2016). São Paulo: Elefante, 2018.
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. Carga Tributária no Brasil - 2016 (Análise por tributo e base de incidência). 2017. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/dados/ receitadata/estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no- brasil/carga-tributaria-2016.pdf> Acesso em 7 set. 2018.
SENADO FEDERAL. Instituição Fiscal Independente. Relatório de Acompanhamento Fiscal. Junho de 2018. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/ handle/id/542807/RAF17_JUN2018.pdf>. Acesso em 11 out. 2019.
SENADO FEDERAL. Instituição Fiscal Independente. Projeções IFI. 18 nov. 2019. Disponível em: <https://www12.senado. leg.br/ifi/dados/arquivos/projecoes-ifi/view>. Acesso em 5 fev. 2020.
SICSÚ, J. Dez anos que abalaram o Brasil: e o futuro? São Paulo: Geração Editorial, 2013.
SILVA, R. B. da. O marco legal da ciência, tecnologia e inovação: a comunidade de pesquisa e a apropriação privada dos recursos públicos. Disponível em: http://doi.editoracubo.com.br/10.4322/ifsr. 2016.003. Acesso em 26/12/2019.
SINGER, A. O Lulismo em Crise: um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016). São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
SINGER, A. Os sentidos do Lulismo: reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
SIOP. Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento. Painel do Orçamento Federal. Disponível em: <https://www.siop.planejamento.gov.br/modulo/login/index.html#/>. Acesso em 8 fev. 2020.
SVAMPA, M. Del cambio de época al fin de ciclo – gobiernos progresistas, extractivismo y movimientos sociales en América Latina. Buenos Aires: Edhesa, 2017.
VOTAÇÃO da PEC Emergencial fica para 2020. Agência Senado. 10 dez. 2019. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/12/10/votacao-da-pec-emergencial- fica-para-2020>. Acesso em 15 jan. 2020.

Downloads

Publicado

2020-07-07

Como Citar

REIS, L. F.; MACÁRIO , E. . DÍVIDA PÚBLICA E FINANCIAMENTO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL (2003-2020). Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 16, n. 41, p. 20-46, 2020. DOI: 10.22481/praxisedu.v16i41.7243. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/7243. Acesso em: 21 dez. 2024.