O reformismo capitalista e os contrassensos entre o movimento escola nova e a educação socialista
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v18i49.8476Palavras-chave:
reformismo capitalista, escola nova, educação socialistaResumo
A educação em face da vida em sociedade modificada pela industrialização do século XX e as implicações decorrentes da ordem social capitalista, nos ideais de trabalho e formação humana, induziram reformas no sistema educacional que perduram, ainda, no século XXI, assentadas, por um lado, na tradição do Movimento Escola Nova e, por outro, na tradição socialista. E, nesse campo de força, as reformas continuam situadas, impondo obstáculos à emancipação humana, à transformação social e à soberania popular. Nessa perspectiva, este artigo examina essa problemática tomando como base duas obras fundamentais: Introdução ao Estudo da Escola Nova, de Lourenço Filho, do século XX e Educação para Além do Capital, de István Mészáros, do século XXI. A primeira referência postula uma revisão crítica do sistema de ensino, por meio de influência de determinações do industrialismo da época; e a segunda, se caracteriza por postular uma ruptura com o tipo de educação forjada dentro da ordem social capitalista e suas determinações reprodutivas. Questiona-se a lógica da dependência, da hierarquização e da verticalização das relações de trabalho do mundo industrial transposta ao campo da educação por meio de arranjos centrados nos acordos da V Conferência Mundial da Escola Nova de 1929. Essa lógica resultou na negação dos modos elementares da vida cotidiana brasileira e, além disso, numa educação adaptada aos ditames do mercantilismo, de uma ética utilitarista e ao estado de coisificação do homem, fragilizado pela subordinação estatal frente ao sistema de produção capitalista e a tirania do autoritarismo político.
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