A DISCRIMINAÇÃO E VULNERABILIDADE SOCIAL DAS MULHERES TRANS E TRAVESTIS SOB A PERSPECTIVA DA MEMÓRIA COLETIVA DE MAURICE HALBWACHS

Autores

  • Náila Neves de Jesus Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, Bahia, Brasil https://orcid.org/0000-0003-3370-0639
  • Rita Maria Radl-Philipp Universidade de Santiago de Compostela

DOI:

https://doi.org/10.22481/rbba.v11i01.10707

Palavras-chave:

Mulheres Transgênero, Memória coletiva, Maurice Halbwachs

Resumo

O objetivo deste artigo é articular a discriminação e a vulnerabilidade social vivida pelas mulheres trans e travestis a partir da perspectiva da Memória Coletiva proposta por Maurice Halbwachs em que a memória é operacionalizada através dos marcos sociais que são elementos da vida social de um grupo. A partir da relação com essa teoria podemos refletir que há uma memória coletiva fundada no ciscentrismo e o heterocentrismo que legitima as práticas de violência, transfobia e exclusão social dessas pessoas, além da negação de seus direitos embora haja a construção de uma contramemória por parte do grupo das mulheres trans e travestis para sobrepor essa memória coletiva hegemônica.

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Biografia do Autor

Rita Maria Radl-Philipp, Universidade de Santiago de Compostela

Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Professora Titular Catedrática Plena da Universidade de Santiago de Compostela (USC). E-mail: ritam.radl@usc.es.

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Publicado

2022-06-01

Como Citar

Neves de Jesus, N., & Radl-Philipp, R. M. (2022). A DISCRIMINAÇÃO E VULNERABILIDADE SOCIAL DAS MULHERES TRANS E TRAVESTIS SOB A PERSPECTIVA DA MEMÓRIA COLETIVA DE MAURICE HALBWACHS. Revista Binacional Brasil-Argentina: Diálogo Entre As Ciências, 11(01), 164-182. https://doi.org/10.22481/rbba.v11i01.10707

Edição

Seção

Artigos de Fluxo Contínuo