MONSTROS RESPLANDECENTES: O ESPAÇO FANTÁSTICO E A (DES)CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE EM UMA CASA NA ESCURIDÃO (2002), DE JOSÉ LUÍS PEIXOTO

Autores

  • Igor Gonçalo Furão

DOI:

https://doi.org/10.22481/redisco.v11i1.2467

Palavras-chave:

Monstros, Escuridão, Caos, Identidade

Resumo

Partindo do romance Uma casa na Escuridão (2002), de José Luís Peixoto, este trabalho almeja delinear algumas linhas de reflexão sobre as mudanças que o ataque às torres gémeas do World Trade Center produziram na sociedade/identidade portuguesas.
Através da criação de um universo fantástico, no qual se movimentam lado a lado os debilitados habitantes da casa e os “bárbaros” soldados invasores, o romance de Peixoto permite-nos uma abordagem que articula fenomenologia, crítica cultural e crítica literária, dando-nos desta forma acesso a várias camadas hermenêuticas da mudança societal que se opera na passagem de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controlo (Deleuze) dominada pelo medo, até ao modo como o trauma do 11 de Setembro de 2001 se relaciona com uma já traumática identidade portuguesa, herdada do regime salazarista. De modo a articular com maior clareza as referidas camadas da obra, procurarei, num primeiro momento, analisar alguns aspectos a nível formal, nomeadamente, questões de linguagem e a justificação do género fantástico nesta obra; num segundo momento, o enfoque recairá sobretudo sobre a problemática da memória cultural/histórica e os mecanismos através dos quais esta enforma uma matriz identitária portuguesa, a qual, por permanecer agrilhoada ao passado (saudade), outra coisa não vê que escuridão no seu presente (Eduardo Lourenço).

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