QUEIMANDO SUTIÃS: O CORPO COMO DISCURSO E ACONTECIMENTO
Palavras-chave:
Análise do discurso francesa, Semiologia Histórica, Corpo-discursoResumo
O presente artigo tem como perspectiva teórica a Análise do discurso francesa (AD), em congruência com a Semiologia Histórica, que nos permite olhar para o objeto da AD enquanto um objeto não apenas verbal, mas, sobretudo, semiológico e de dimensão histórica. Como objeto de análise, partimos de uma observação que circulou na mídia, na qual o corpo apresentava-se como o “suporte” da materialidade linguística, bem como, se construía como o próprio discurso. Em uma visada de análise do texto misto, no qual não se separa o verbal do não-verbal, encontraremos, nos anos 70, um enunciado que, em 2013, retorna e se atualiza, a saber: “O meu corpo me pertence!” Dois acontecimentos, separados por, mais ou menos, 40 anos que se entrelaçam, formando uma rede interdiscursiva e provocando um efeito de memória (COURTINE, 2009). A partir desses dois episódios, nos questionamos: Como o corpo se torna objeto do discurso em enunciados que circulam na sociedade? Para tanto, lançamos mão de alguns aportes teóricos da AD, tais como: enunciado (FOUCAULT, 1986), acontecimento discursivo e trajeto temático (GUILHAUMOU e MALDIDIER, 1994). Dessa perspectiva, procuraremos analisar quais são os enunciados que se repetem, se transformam e refutam outros enunciados. Enfim, buscaremos refletir como o corpo é o próprio discurso em enunciados que circulam, atual e historicamente.