Desenvolvimento econômico e ditadura: uma análise dos determinantes para qualificar a Ditadura Militar brasileira

Resumo

Este artigo tem o objetivo de analisar diferentes concepções teóricas do conceito de "desenvolvimento" – como a abordagem neoclássica, centrada no crescimento do produto, as perspectivas de Amartya Sen e Bresser-Pereira, que incorporam dimensões sociais, estruturais e institucionais, e a visão marxista de Francisco de Oliveira, que enfatiza a luta de classes – para interpretar o processo de desenvolvimento econômico durante a Ditadura Militar brasileira. Com base nessas abordagens, o propósito é responder à seguinte questão: houve desenvolvimento nesse período e quem ele beneficiou? Apesar das elevadas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do PIB per capita, especialmente durante o chamado "Milagre Econômico", indicadores sociais, como estagnação salarial, aumento da desigualdade e aumento da concentração de renda sugerem que a classe trabalhadora não se apropriou amplamente dos resultados desse crescimento. Esses contrastes levantam o debate sobre a validade de considerar tal período um caso de desenvolvimento ou se representou apenas um crescimento concentrado, uma modernização excludente, em favor dos estratos sociais de maior renda.