Experiências de “Escola[s]” que educam a infância em comunidade quilombola na Amazônia Paraense
DOI:
https://doi.org/10.22481/odeere.v5i9.6620Resumo
O texto apresenta alguns resultados de pesquisa de mestrado sobre educação quilombola e busca responder como a(s) “escola(s)” presentes na comunidade quilombola Tambaí-Açu, Mocajuba/PA, educam as crianças entre as reproduções ampliadas da vida e as reproduções ampliadas do capital. Trata-se de investigação qualitativa, como base no materialismo histórico-dialético, com dados obtidos a partir de entrevistas semiestruturadas, analisadas em articulação com revisão de literatura científica. Ao se fazer análise de conteúdo, compreendeu-se que, embora haja diversas formas de saberes nos chãos e terreiros da comunidade, como a floresta, os rios, as/os “encantados”, as/os pretos/as velhos/as, os mutirões, o “Quilombauê”, os movimentos sociais como a Associação Remanescente de Quilombo Tambaí-Açu – ACREQTA e, ainda, leis e diretrizes que dão base à Educação Quilombola no Brasil, o que tem prevalecido é o sentido “urbanocêntrico” em termos de educação escolar que desconsidera o espaço rural, suas diversidades, suas formas de aprender a ser, embora contraditoriamente a escola venha buscando a isso se contrapor por meio da integração de suas experiências quilombolas nos processos formativos, a partir de seus modos de se formar-produzir pelo trabalho no mutirão.
Palavras-chave: Experiências, Educação, Escolas, Infância Quilombola.
Downloads
Referências
ACREQTA – Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo São Luis de TambaíAçu. Relato Histórico, Econômico, Social e Cultural do Quilombo de Tambaí-Açu Mocajuba. Mocajuba, PA, 2003. Mimeo.
ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: Uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução: Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária; Elefante, 2016.
ARROYO, Miguel G. Pedagogia em Movimento: o que temos a aprender dos movimentos Sociais. Currículo sem Fronteiras, v. 3, n. 1, p 28-49, jan./jun. 2003.
______. Miguel G. Outros Sujeitos, Outras Pedagogias. Vozes: Petrópolis, RJ, 2012.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BRASIL. Resolução Nacional 08/2012, de 20 de novembro de 2012, Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Conselho Nacional de Educação (CNE) – Câmara de Educação Básica. Ministério da Educação. Brasília, 2012.
______.Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 11 out. 2018.
______. Lei nº 11.645, de 10 março de 2008. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 11 out. 2018.
CALDART, Roseli Salete. Sobre Educação do Campo. In: SANTOS, Clarisse Aparecida dos (org.). Por uma Educação do Campo. Brasília, DF: MDA, 2007. p. 67-86.
CIAVATTA, Maria. A historicidade do conceito de Experiência. In: MAGALHÃES, Lívia Diana R.; TIRIBA, Lia. Experiência: o termo ausente? Sobre história, memória, trabalho e educação. Uberlândia, MG: Navegando Publicações, 2018.
CRUZ, Valter do Carmo. Povos e comunidades tradicionais. In: CALDART, Roseli Salete et al. (org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2012. p. 594-600.
DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
FERRETTI, Celso João. A reforma do Ensino Médio e sua questionável concepção de qualidade da educação. Revista Estudos Avançados, v. 32, n. 93, maio/ago. 2018. https://doi.org/10.5935/0103-4014.20180028 Acesso em: 24 nov. 2018.
FRIGOTTO, G. Educação e a Crise do Capitalismo Real. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
______. A polissemia da categoria trabalho e a batalha das idéias nas sociedades de classes. In: Revista Brasileira de Educação . v.14 n. 40. jan./abr.2009. https://doi.org/10.1590/s1413-24782009000100014
FUNES, Eurípedes A. Nasci nas matas, nunca tive senhor. História e memória dos mocambos do baixo Amazonas. In: REIS, João; GOMES, Flávio dos Santos (org.). Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Claro Enigma, 2012.
GRZYBOWISKI, Candido. Esboço de uma alternativa para pensar a educação no meio rural. Contexto & Educação, UNIJUI, ano 1, n 4, out/dez. 1986.
GOMES, Flávio dos Santos. Nos labirintos dos rios, furos e igarapés: camponeses negros, memória e pós-emancipação na Amazônia, c. XIX e XX. História Unisinos, set./dez.2006.Disponívelem:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000124&pid=S0002. Acesso em: 1 jul. 2018.
______. Mocambos e Quilombos – Uma história do campesinato negro no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
GOMES, Nilma Lino. O movimento Negro Educador – Saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
HAGE, Salomão Antonio Mufarrej e Maria Bárbara da Costa Cardoso. Educação do campo na Amazônia: Interfaces com a educação quilombola. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 7, n. 13, p. 425-438, jul./dez. 2013.
HARVEY, D. Rebel cities: from the right to the city to the urban revolution. London; New York: Verso, 2012.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã. Edição Ridendo Castigat Moraes. [s.l.]: Rocket, 1999. E-book. Disponível em: http://www.jahr.org. Acesso em: 15 jul. 2018.
______. Manifesto Comunista. Edição Osvaldo Coggiola. São Paulo: Boitempo, 2007.
______. Ideologia Alemã. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
MATOS, Wesley S. de, Benedito Eugenio. Etnicidades e Infâncias Quilombolas. Curitiba: CRV, 2019.
MÉSZÁROS, I. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Tradução: Paulo Cezar Castanheira, Sérgio Lessa. Campinas, SP: Ed. Unicamp; São Paulo: Boitempo, 2002/2011.
______. A educação para além do Capital. Tradução: Isa Tavares. 2ª.ed. Boitempo, São Paulo, 2008.
O’DWYER, Eliane Cantarino (org.). Quilombos: Identidade étnica e territorialidade. Rio de Janeiro: FGV; Associação Brasileira de Antropologia - ABA, 2002.
PINTO, Benedita Celeste de Moraes. Escravidão, fuga e a memória de quilombos na região do Tocantins. São Paulo: PUC-SP, 2001.
______. Nas Veredas da sobrevivência: memória, gênero e símbolos de poder feminino em povoados amazônicos. Belém: Paka-Tatu, 2004.
______. Memória, oralidade, danças, cantorias e rituais em um povoado amazônico. Cametá, PA: BCMP, 2007.
______. Samba-de-cacete: ecos de tambores africanos na Amazônia Tocantina. In: Tambores e Batuques: Sonora Brasil/Circuito 2013-2014. Rio de Janeiro: Sesc, Departamento Nacional, 2013. p. 28-37.
PISTRACK, Moisey Mikhaylovick (1888-1940). Fundamentos da escola do trabalho. Tradução: Luiz Carlos de Freitas. São Paulo: Expressão Popular, 2018.
SALLES, Vicente. O negro no Pará: sob o regime da escravidão. 2. ed. Belém: Secretaria de Estado da Cultura; Fundação Cultural do Pará “Tancredo Neves”, 1988.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: Do pensamento único a Consciência Universal. 6. ed. Rio de Janeiro e São Paulo: Record, 2001.
SENADO FEDERAL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]. Brasília, DF: Editora do Senado Federal, 2015.
THOMPSON, E. P. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica do pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
______. A formação da classe operária inglesa: a árvore da liberdade. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987. V.1.
______. Costumes em Comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. Tradução: Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
TIRIBA, Lea. Pré-escola popular: buscando caminhos, ontem e hoje. São Paulo: Cortez, 2018.
TIRIBA, Lia. Reprodução ampliada da vida: o que ela não é, parece ser e pode vir a ser. Otra Economía, vol. 11, n. 20, p. 54-87, julio-diciembre. 2018.
TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução as pesquisas em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em Educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VENDRAMINI, Célia Regina; TIRIBA, Lia. Classe, cultura, e experiência, na Obra de E. P. Thompson: Contribuições à pesquisa em educação. Revista HISTEDBR Online, Campinas, n. 55, p. 54-72, mar. 2014. ISSN: 1676-2584. https://doi.org/10.20396/rho.v14i55.8640461
WILLIANS, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 ODEERE
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você é livre para:
Compartilhar - copia e redistribui o material em qualquer meio ou formato; Adapte - remixe, transforme e construa a partir do material para qualquer propósito, mesmo comercialmente. Esta licença é aceitável para Obras Culturais Livres. O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - você deve dar o crédito apropriado, fornecer um link para a licença e indicar se alguma alteração foi feita. Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de uma forma que sugira que você ou seu uso seja aprovado pelo licenciante.
Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros para fazer qualquer uso permitido pela licença.