INTERMATHS, VOL. 4, NO. 2 (2023), 167–178
https://doi.org/10.22481/intermaths.v4i2.13532
Artigos Gerais
cb licença creative commons
Matemática Financeira no contexto da Educação
Básica: Uma Revisão Bibliográfica
Financial Mathematics in the Context of Basic Education: A Bibliographic
Review
Francisco José Vieira Dantas
a
, Stanley Borges de Oliveira
a
a
Instituto Federal de Educação da Paraíba, Cajazeiras - PB, Brasil
* Autor Correspondente: vieira.francisco@academico.ifpb.edu.br
Resumo: Este artigo trata-se de um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso do autor
do texto, que tem como questionamento em qual contexto a Educação Financeira está sendo
inserida nas salas de aula da Educação Básica. Para responder tal questão tem como objetivo:
investigar o contexto em que a Educação Financeira é abordada nas salas de aula da Educação
Básica segundo bibliografias sobre a temática. A metodologia escolhida é a análise bibliográfica
de cunho qualitativo, buscando entender como a Educação Financeira está sendo inserida
em sala de aula. Neste sentido buscou-se artigos de relevância que abordam o conteúdo na
perspectiva da pesquisa. Haja vista quanto a importância da Educação Financeira para a
formação do indivíduo e sua inserção na sociedade, este artigo procura discutir possibilidades
de ações pedagógicas que visem a disseminação da alfabetização financeira e de como esta
pode interferir de maneira direta na formação e inserção de cidadãos críticos e conscientes na
sociedade, tendo em vista que o controle das finanças deve ser um processo necessário desde os
primórdios da Educação Básica.
Palavras-chave: Contexto; Educação Básica; Financeira; Matemática.
Abstract: This article is an excerpt from the Author’s Course Completion Paper, which
asks the question in which context Financial Education is being inserted in Basic Education
classrooms. To answer this question, the objective is to: investigate the context in which
Financial Education is addressed in Basic Education classrooms according to bibliographies on
the subject. The chosen methodology is qualitative bibliographic analysis, seeking to understand
how Financial Education is being inserted in the classroom. In this sense, relevant articles
were sought that address the content from a research perspective. Considering the importance
of Financial Education for the formation of the individual and their insertion in society, this
article seeks to discuss possibilities for pedagogical actions aimed at disseminating financial
literacy and how this can directly interfere in the formation and insertion of critical citizens
and conscious in society, considering that controlling finances must be a necessary process since
the beginning of Basic Education.
keywords: Context; Education Basic; Financial; Mathematics.
Submetido em: 03 de Julho de 2023 Aprovado em: 20 de Novembro de 2023 Publicado em: 30 de Dezembro de 2023
ISSN 2675-8318 ©2023 INTERMATHS. Publicado por Edições UESB. Este é um artigo de acesso aberto sob a licença CC BY 4.0.
Introdução
Considerando a situação educacional atual, percebe-se que professores de todas as
áreas vem enfrentando vários problemas que torna complexo sua prática docente. Dentre
estas problemáticas, pode-se citar como: a desmotivação dos discentes pela aprendizagem,
evasão escolar, dificuldades de cognição em conceitos básicos, entre outros. Porém, cabe
ao corpo docente enfrentar tais desafios buscando contribuir com cidadãos autônomos e
participativos dentro da sociedade.
Tomando como ênfase a disciplina de Matemática, vemos nas escolas impasses, nos
quais os alunos se deparam para assimilar alguns conteúdos, muitas vezes, porque para
maioria dos alunos os conteúdos matemáticos estão distantes das suas realidades, o que
enfatiza a necessidade de se trabalhar com temáticas vivenciadas por todos durante a
trajetória acadêmica, pessoal e profissional. Destacando ainda dentro da matemática,
a Matemática Financeira. A Educação Financeira vem se tornando algo que chama a
atenção de jovens e adultos por todo o Brasil por diversos motivos, como destaca [1]:
diversos casos no Brasil de jovens que tiveram maiores interesses
e oportunidades em relação à área de Educação Financeira. Na atu-
alidade além de gerarem muito conteúdo, cursos online, lives e dicas
promissoras, os mesmos têm seu capital e qualidade de vida estáveis
[1, p. 05].
Na sociedade consumista em que vivemos torna-se necessário que os discentes ao
frequentarem uma instituição de ensino venham ter uma educação de qualidade, mas
em especial uma Educação Financeira que possa dar subsídios que estes possam levar
pra vida.
As instituições escolares que possuem como fundamentos a transmissão de conheci-
mento necessários ao desenvolvimento de toda a humanidade têm como dever transmitir
um saber capaz de fazer com que seus aprendizes consigam se engajar dentro dos moldes
atuais da sociedade moderna. Desta forma, [2] esclarece que:
Educação Financeira Escolar deve contribuir para reflexão e formação
matemática (inclusive) dos estudantes, a partir de diferentes lentes,
estimulando que pensem em suas ações diante do consumo, poupança,
financiamentos e investimento. Deve também auxiliar na conscien-
tização das vantagens e benefícios que podem advir da prática do
planejamento financeiro, do estabelecimento de metas, da identificação
de como se gasta e com o que se gasta, bem como trazer reflexões
sobre como as decisões individuais estão relacionadas com o coletivo,
ou seja, que suas decisões pessoais impactam a vida em família e de
um modo mais amplo, em sociedade [2, p. 04].
Através deste olhar nos deparamos com as problemáticas envolvendo o ensino de
matemática de forma que se deve trabalhar os conteúdos educacionais sempre levando
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em consideração o aluno e seu cotidiano, de maneira a contextualizar com a realidade
vivida por aqueles indivíduos que estão dentro dos espaços escolares.
A Educação Financeira se torna neste caso um tema de suma importância fazendo
com que, os indivíduos envolvidos no sistema de educação, tenha um livre acesso a este
tema podendo transitar de forma sintética no ambiente escolar e também fora deste,
destacando neste caso a importância do docente que tem por papel envolver estes em
suas aulas, movimentando-os a buscarem cada vez mais conhecimento evidenciando seu
papel na sociedade, e também seu papel como indivíduo independente, buscando se
classificar como parte da sociedade.
Temos consciência das diversas problemáticas envolvendo as práticas educacionais em
específico da disciplina Matemática, mas partindo do ponto de vista sobre um assunto
que ganhou destaque a “Educação Financeira”, se construiu o questionamento norteador:
Qual contexto a Educação Financeira estar sendo inserida nas salas de aula da Educação
Básica?
Para responder a tal questionamento, tem-se o objetivo de: investigar o contexto em
que a Educação Financeira é abordada nas salas de aula da Educação Básica segundo
bibliografias sobre a temática.
1 Reflexões teóricas sobre Educação Financeira
O capitalismo tem se consolidado cada vez mais predominante na sociedade, tornando
essencial o entendimento e a compreensão das finanças para desenvolvimento financeiro
e a compreensão econômica do indivíduo. Tal conhecimento pode ser assimilado se for
trabalhado de maneira significativa ainda na vida escolar de cada cidadão, fazendo-se
assim peça fundamental na gestão de recursos e patrimônios individuais e coletivos da
nação [3].
Uma das maiores dificuldades da população em geral é gerir adequadamente seu
dinheiro. Isto é percebido quando encontramos jovens e adolescentes da Educação
Básica sem perspectivas em organizar seus bens econômicos ou planejamentos dos
seus gastos e investimentos, por muitas vezes nem ter acesso a bens econômicos. Tal
perspectiva gera endividamento que, por consequência, assola a sociedade, em especial,
a faixa etária mais jovem. Ou seja, as gerações futuras tendem a se endividar mais e
com mais riscos [4].
Neste sentido, cabe principalmente à classe docente a difusão no processo de aprendi-
zagem acerca da Educação Financeira. Além dos pais e ou responsáveis e a sociedade em
geral, a responsabilidade também fica a cargo dos educadores, em especial os educadores
de Matemática, a formação de cidadãos conscientes e críticos acerca das finanças e sua
influência nas tomadas de decisões que afetarão tanto a vida pessoal, quanto a vida
social [5].
A Educação Financeira tende a ser fator indispensável na estabilização social. Ratifi-
cando isso, [5, p. 30] afirma que a Educação Financeira:
F. J. V. Dantas, S. B. de Oliveira INTERMATHS, 4(2), 167178, Dezembro 2023 | 169
[...] Pode ser o fio condutor de conteúdos tradicionais da matemática
desenvolvidos no formato de temas transversais, contribuindo para
o desenvolvimento das capacidades dos estudantes para atuarem de
forma crítica na sociedade contemporânea [5, p. 30].
Inclusive, a Base Nacional Comum Curricular BNCC [
6
] incorpora essa temática
por meio de habilidades que devem ser trabalhadas nos componentes curriculares,
respeitando, para tanto, as especificações do contexto local.
A Educação Financeira pode proporcionar aos estudantes a capacidade de desenvolver
uma visão mais abrangente no que diz respeito à tomada de decisões acerca de assuntos
corriqueiros, bem como pode auxiliar na administração de forma pessoal e, acima de
tudo, familiar [4].
O processo de aprendizagem na administração de bens pode ser assimilado de
maneira correta se o indivíduo tiver se submetido ao processo educacional de maneira que
o este possa discutir suas ideias e necessidades financeiras. Nesse sentido, a figura docente
emerge como sendo elemento importante nesse processo. Faz-se necessário, então, que
haja uma prática pedagógica voltada para a disseminação do conhecimento financeiro
associando os aspetos financeiros com o meio social, como por exemplo: investimentos
em renda fixa, juros, impostos, taxas, tarifas, entre outros. Nessa perspectiva, vale
mencionar as palavras de [4], quando afirma que:
A abordagem do investimento em renda fixa despertará nos jovens
a curiosidade sobre caderneta de poupança e contratos de depósitos
bancários (CDB) prefixado e pós-fixado. Através da renda fixa, os
jovens do ensino médio estarão familiarizados com as taxas Selic, IOF,
alíquota, entre outros conceitos financeiros. Com a atual crise vivida
pelo nosso país, quanto mais cedo a nossa população souber poupar
e investir, melhor será para a saúde financeira pessoal, familiar e da
nossa pátria [4, p. 09].
Pelas palavras do autor citado acima, percebe-se que não somente a necessidade
pessoal de uma boa Educação Financeira, mas também para o caráter familiar e,
sobretudo, para a economia do país. necessidade, também, de uma conscientização
em massa sobre a importância do conhecimento sobre economia, pois tal saber influencia
a vida dos seres humanos e seu habitat social.
Sobre os livros que tratam de Matemática Financeira, [7] destaca que:
Os livros valem-se de uma linguagem próxima do universo financeiro.
Possui seções identificadas como ampliação do patrimônio, investindo
no conhecimento, consumindo o texto, entre outros. Ao trabalhar
sobre o valor das coisas, além do cunho financeiro, conside- ram-se
também valores sentimentais e morais relacionados à determinado bem
que possuímos. Nesse aspecto, as atividades propõem dar importância
na discussão com os estudantes a esses outros valores [7, pp. 05-06].
Nesta perspectiva, o autor enfatiza a relevância da linguagem do livro que será
apresentado em sala de aula, destacando que quando discutirmos sobre possuir ou não
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possuir bens materiais, de alguma forma pode influenciar aquele aluno a pensar sobre
sentimentos e valores, tanto financeiros como morais. O aluno é neste caso, instigado
a falar ou a pensar em problemas que na maioria das vezes ele não se interessa, e que
muitas vezes ouvido, mas não deu tanta importância.
Sobre as situações não corriqueiras e inesperadas, [1] destaca:
Um aspecto importante a ser comentado, é que situações tais como
pandemias, entre outras, contribuem para a procura de conhecimento
por Educação Financeira, devido ao fato da economia diminuir seu
retorno em alguns setores [1, p. 06].
Neste sentido sabe-se que no período pandêmico, os preços dos produtos aumentaram,
e cada vez fez-se torna-se necessário a busca por maneiras de administrar os próprios
bens. Além disso, muitas pessoas foram demitidas de seus empregos, o que fez com que
houvesse uma maior busca por outras formas de sobrevivência.
Ainda sobre a literatura usada na educação básica e, também, sobre a importância de
aprender cedo sobre Educação Financeira, [1] ressalta que:
[...] A literatura aponta que é fundamental proporcionar conhecimento
sobre finanças nas escolas, especialmente na Educação Básica, pois
essa compreensão influenciará na formação das crianças, que terão
oportunidade de alcançar seus objetivos de vida, de serem profissionais
melhores e mudarem suas perspectivas sobre o futuro. [...] [1, p. 11].
Nesse sentido, pode-se dizer o quão é interessante a criança começar a obter estes
conhecimentos sobre Matemática Financeira desde o começo da prática leitora. Pois
quanto mais cedo a gente aprende, mais cedo coloca em prática o conhecimento adquirido.
É muito importante destacar que cada fase dos educandos, seja infantil, ensino
fundamental ou médio necessita de conhecimentos financeiros, é o que enfatiza [
7
]
quando afirma que:
[...] O aprendizado sobre Educação Financeira deve estar inserido
desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, para que o aluno ao
chegar no Ensino Médio viva a transição para a vida profissional mais
capacitado para exigências do Mercado de Trabalho e da vida adulta
que lhe espera [7, p. 04].
Neste contexto, pode-se inferir o fato de que todos os discentes têm esta necessidade
de aprender sobre a Educação Financeira, e para que este estudo seja realmente eficaz e
pertinente na vida destes estudantes, é necessário que tenha seu início logo nos anos
iniciais e se estendendo por toda Educação Básica.
Para [
7
] planejamento financeiro não é um ponto forte do brasileiro, assim como falar
de dinheiro com seus filhos, principalmente com as crianças, talvez, por se tratar de
pessoas que não tiveram uma Educação Matemática adequada.
F. J. V. Dantas, S. B. de Oliveira INTERMATHS, 4(2), 167178, Dezembro 2023 | 171
2 Método de pesquisa
A metodologia escolhida é a análise bibliográfica de cunho qualitativo, opção que visa
obter uma melhor visibilidade do tema, como destaca [8]:
[...] Opção pela abordagem qualitativa é perfeitamente cabível quando
a pesquisa a ser desenvolvida, requerer visão ampla do objeto que será
estudado, e suas inter-relações no que diz respeito aos aspectos sociais,
políticos e culturais [8, p. 04].
Para seleção documental foi adotada a plataforma Google acadêmico para a busca de
obras que pudessem adentrar no campo de pesquisas correlatas. Essa plataforma foi
escolhida por se tratar de uma ferramenta versátil que aborda diversos temas, destacando
os estudos escolhidos como suficiente para subsidiar nesta pesquisa.
A seleção documental para a análise foi realizada a partir de uma busca avançada na
biblioteca virtual, que contou com os seguintes critérios:
Tempo de publicação, onde foram analisadas apenas obras publicadas nos últimos
7 anos (2015 a 2022), pelo fato de ser um período temporal recente, que pode
conter análises em contextos históricos atualizados;
Idioma, onde as obras analisadas deveriam se enquadrar apenas no idioma portu-
guês;
Tipo de obra, onde foram analisadas apenas artigos científicos;
Relevância com o tema, onde foram estudadas apenas obras que possuíam relação
com as palavras-chave da pesquisa, realizada entre os meses de junho e julho do
ano de 2022.
Desta forma, após todos os critérios de exclusão, ou seja, as obras que não atendiam
ao tema, que não entravam na linha temporal delimitada e que não tinham relação
com o objeto de estudo, foram retiradas do corpus de análise. Buscou-se analisar as
principais concepções dos autores, de modo que pudesse ser explorado e discutido, como
cada um aponta as possibilidades de inserção da Educação Financeira nas aulas da
Educação Básica. Para isso, foi feita uma leitura inicial de cada resumo da amostra
visando uma visão mais ampla do tema e subsequentemente a análise própria, contendo
aspectos gerais de cada obra.
Para explicar as vantagens que a Educação Financeira traz para a vida cotidiana,
optou-se por sintetizar os resultados de cada artigo analisado, fazendo relações com con-
cordâncias e discordâncias do aporte teórico produzido inicialmente, visando estabelecer
uma análise efetiva e concisa.
Após realizar os ajustes e combinações de palavras-chave no campo de pesquisa da
referida plataforma, bem como todo o processo de filtragem de obras e seus respectivos
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critérios de inclusão e exclusão, especificados na metodologia da pesquisa, foram obtidos
05 (cinco) artigos que por sua vez compuseram a amostra a ser analisada.
Os artigos que compõem a amostra foram codificados como A1, A2, A3, A4 e A5,
detalhando alguns dados importantes de cada obra como nome dos autores, título e ano
de publicação sendo por sua vez exibidos no quadro abaixo:
Quadro 1 - Artigos pesquisados para análise
Código da
Obra
Título da obra Autores
Ano de publica-
ção
A1
Entre o ser e o não ser educado finan-
ceiramente: o discurso sobre Educa-
ção Financeira no espaço escolar
Luzia de Fatima Barbosa Fer-
nandes; Pedro Henrique da
Silva
2020
A2
Importância da Educação Financeira
na Educação Básica
Carolina Penazzo do Nasci-
mento; Bernadete de Lour-
des da Silva Ferreira Stadler;
Matheus Toledo Bechara
2022
A3
A abordagem da Educação Financeira
na Educação Básica sob o ponto de
vista de docentes formadores de futu-
ros professores de matemática
Andrei Luís Berres Hartmann;
Marcus Vinicius Maltempi
2021
A4
A importância da Educação Financeira
no currículo da Educação Básica
Edson Rossi; Ariane Paola
Lima Araujo
2021
A5
Educação Financeira nas escolas:
uma análise no Ensino Fundamental
da escola Divina Providência
Ana Caroline Fontes da Silva;
Carliane Rodrigues dos San-
tos; Jeniffer Aline Lira da Silva;
Karliane Nascimento Madu-
reira; Keila Maria Veras Soa-
res
2018
Fonte: Feita pelo autor
3 Resultados da pesquisa
O artigo A1 buscou discutir um pouco sobre os materiais didáticos disponibilizados
para as escolas de Ensino Básico que abordar a Matemática Financeira em seu currículo.
Esses materiais têm como finalidade fazer com que os estudantes, por meio da Matemática
Financeira, se sintam participantes da sociedade, tanto no âmbito individual quanto no
âmbito coletivo, levando estes conhecimentos adquiridos para o meio em que vivem.
Fortalecendo-se como indivíduo, inclusive. Isso é o que ressalta [
7
], quando afirma
que:
O objetivo proposto é fazer com que os estudantes sejam capazes de
compreender as relações entre a sua vida individual e a sociedade, a
fim de assimilarem suas atitudes como ações que podem modificar não
a sua vida particular, como também o mundo social a sua volta [
7
,
p. 04].
O autor acima ressalta, ainda, que a Educação Financeira se torna eficaz quando
fundamentada nas conjecturas da Sociologia Econômica e da Antropologia Econômica,
por que despertam nos discentes o interesse em discutir um tema importante e necessário
F. J. V. Dantas, S. B. de Oliveira INTERMATHS, 4(2), 167178, Dezembro 2023 | 173
do seu mundo. Neste sentido, o indivíduo pode se dispor a projetar um futuro no ramo
financeiro, demonstrando interesse em aprender e pesquisar sobre este ramo. Assim se
torna essencial o investimento em busca de melhores materiais didáticos que possam
transformar o ensino da Matemática Financeira em algo que os alunos possam usar
tanto no presente como no futuro.
Verificou-se que dentre todas as obras da amostra, os artigos A2 e A5 possuem
procedimentos metodológicos similares, tratando de revisões bibliográficas que abordam
especificamente sobre a importância do estudo da Educação Financeira durante a
Educação Básica. O artigo A2 buscou demonstrar a importância de ofertar conhecimentos
sobre Educação Financeira na Educação Básica, evidenciando os benefícios que esta
temática pode ocasionar às dimensões financeira, emocional e social dos jovens estudantes.
Por sua vez, o artigo A5 explanou sobre as contribuições que a Matemática Financeira
pode ter para a sociedade quando aplicada e estudada ainda nas fases iniciais da vida
escolar dos discentes, tendo a escola como espaço de aprendizagem para a vida.
Nesses dois componentes da amostra, obteve-se como resultados, concepções que
tratam o estudo acerca das finanças, quando trabalhados na Educação Básica, pode
favorecer significativamente na vida de indivíduos, para [
7
, p. 05] “[...] cidadãos,
conscientes, críticos, investidores, tanto profissionalmente quanto pessoalmente [...]”. Ou
seja, trazendo esse aprendizado para a vida cotidiana dos discentes, os mesmos terão
benefícios diversos que os ajudarão na vida futura.
Nessa perspectiva, entende-se que ter uma boa Educação Financeira poderá levar o
estudante a estabelecer seu objetivo de vida. Isto é, essa educação influencia diretamente
diversos aspectos pessoais e sociais de cada indivíduo, onde pode ocorrer desde a
tomada de decisões acerca de gastos, até entender os limites de onde consumir e poupar,
influenciando, também, no seu bem-estar social [1].
Ainda no sentido da influência que a Educação Financeira tem na vida dos discentes
da Educação Básica, ratifica-se que é de suma importância que as crianças e jovens
atuais aprendam a lidar com suas finanças, pois essa compreensão facilitará sua vida
econômica e pessoal. Essa compreensão, se for efetivada ainda nos anos iniciais de sua
vida estudantil, poderá efetivar sua alfabetização financeira [3].
Contudo, para efetivação da aprendizagem de uma Educação Financeira consolidada,
deve-se analisar e compreender o processo educacional e como está sendo abordada essa
temática pertinente nas escolas atualmente. Nesse sentido, destaca-se que no artigo A1,
realizou-se uma análise documental que objetivou discutir acerca dos materiais didáticos
utilizados para se trabalhar esse tema em escolas brasileiras da Educação Básica.
Diante disso, o processo de ensino e aprendizagem da Educação Financeira, deve
ser pautado em materiais que possam ter um acesso livre para os discentes e acima
de tudo ser baseado no seu contexto social. Porém, o que se nota atualmente é que o
material que se trabalha essa temática nas escolas brasileiras, está pautado na economia
clássica, surgindo assim a necessidade de mais obras que visem discutir esse tema,
fundamentando-se num olhar antropológico e econômico, visando discussões relevantes
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dos aspectos sociais [9].
Acerca das possibilidades de se abordar a Educação Financeira na Educação Básica,
o artigo A3 buscou de maneira mais subjetiva, estudar essa vertente. Buscou-se por
meio de entrevistas semiestruturadas com docentes de Matemática, compreender as
possibilidades dessa abordagem. Como considerações, os autores argumentam que essa
educação seja pautada na reflexão, relacionando também aspectos não-matemáticos de
áreas afins para que com isso sejam formados significativamente cidadãos aptos.
Nesse sentido, é necessário que essa temática seja discutida no âmbito da Educação
Básica, não somente para integrar ao currículo escolar obedecendo as diretrizes docu-
mentais, mas principalmente para que esse ensino seja contribuinte na formação de
uma conscientização financeira e econômica na vida do discente. De modo que possa
interferir de maneira positiva no cotidiano do mesmo e de seus familiares, ajudando no
planejamento do orçamento familiar [10].
Por meio dessa vertente, vale mencionar as palavras de [
4
, p. 13], quando afirma que
o objetivo da Educação Financeira é “[...] orientar, capacitar e delinear os jovens [...]”.
Isto é, essa educação tende a ser crucial no amadurecimento econômico e social dos
discentes, cooperando assim com os objetivos da sociedade atual.
Partindo do pressuposto que a Matemática Financeira é componente crucial no
currículo da Educação Básica, o artigo A4 objetivou apresentar um estudo acerca da
importância da Educação Financeira, justificando que a mesma deve ser trabalhada
durante todos os anos no Ensino Básico. Tal obra trata de uma análise documental de
livros, documentos importantes como a BNCC [6] entre outros.
Sobre a relevância do aprendizado financeiro, [11] destacam que:
Como é um assunto muito importante para o aprendizado do aluno,
é necessário considerar algumas formas de tornar o ensino mais atra-
ente e menos desgastante para o estudante. No processo de ensino-
aprendizagem é essencial envolver o aluno no desenvolvimento das
atividades. Para isso, tornar o aprendizado em Matemática Financeira,
uma atividade mais prazerosa para os alunos, é importante considerar
algumas estratégias, que podem ser adotadas para explorar mais esse
conhecimento de forma lúdica [11, p. 06].
Os autores inferem neste caso que a Matemática Financeira pode ser abordada com
uma leveza, para que o aluno possa assimilar de forma mais sucinta e possa usar os
conhecimentos adquiridos.
Por meio das obras analisadas, verificou-se ainda que em todos os componentes da
amostra, os autores buscaram conceituar a Educação Financeira e sua inserção no
contexto da Educação Básica que é a problemática deste artigo.
F. J. V. Dantas, S. B. de Oliveira INTERMATHS, 4(2), 167178, Dezembro 2023 | 175
Conclusão
Nossa questão de pesquisa teve como objetivo investigar o contexto em que a Educação
Financeira é abordada nas salas de aula da Educação Básica. Para atingir tal objetivo
foram feitas análises de cinco artigos que abordavam o tema de modos diferentes. A
pesquisa baseou-se em bibliografias específicas sobre o tema em questão se referindo ao
modo tal qual cada autor tem suas perspectivas sobre a Educação Financeira e a sua
maneira como o tema é abordado no contexto da Educação Básica.
Por meio da análise das obras da referida pesquisa, constatou-se que a Educação
Financeira, se trabalhada em sala de aula de forma contextualizada com o cotidiano
dos alunos, pode trazer benefícios diversos na vida dos discentes. Porém, para que isso
ocorra, é necessário que tais conceitos sejam estudados desde o início da vida estudantil,
partindo de metodologias que visem relacionar o cotidiano com o objeto do conhecimento
estudado.
Foi discutido acerca das possibilidades de ações pedagógicas que visem a disseminação
da alfabetização financeira e de como esta pode interferir de maneira direta na formação
e inserção de cidadãos críticos e conscientes na sociedade, tendo em vista que o controle
das finanças deve ser um processo necessário desde os primórdios da Educação Básica.
Destaca-se que o tema Matemática Financeira pode vir a ser entrelaçado a outros
temas e, também, a outras disciplinas (por se tratar de um tema que vai além da sala
de aula). A Educação Financeira, portanto, pode contribuir na formação do cidadão e
da sociedade como um todo.
Verificou-se ainda que apesar das muitas obras disponíveis acerca da temática, ainda
se faz necessário mais pesquisas e produções sobre a mesma, tendo em vista que é
um conteúdo que sofre interferência direta dos meios sociais que por sua vez estão em
constante mudanças, assim como o perfil de cada cidadão moderno.
Percebe-se que quanto mais cedo a criança adquirir esta aproximação da Matemática
Financeira, mais ela vai conseguir firmar suas emoções em como planejar suas finanças,
adquirir os bens de consumo, economizar seu dinheiro, elevando assim as possibilidades
de se tornar um adolescente responsável e, por consequência, um adulto mais apto
a trabalhar com seu dinheiro. Nessa percepção o conteúdo sobre finanças torna-se
imprescindível e indispensável no Ensino Básico, por interferir diretamente na vida
futura das pessoas. Cada vez mais é difícil conviver em sociedade sem entender esse
conteúdo, o fato de alguém não saber quanto tem na conta ou quanto deve, torna sua
vida muito mais complicada. Além dos mais diversos tipos de fraudes financeiras que são
noticiados a cada dia nos noticiários, ou até mesmo sempre tem alguém que conhecemos
que caiu em algum golpe.
Ressalta-se que a Educação Financeira dentro da Matemática Financeira é um tópico
que merece bastante destaque, trata-se de envolver as pessoas, seja crianças na Educação
Infantil, o adolescente no Ensino Fundamental, do jovem no Ensino Médio e também
da fase adulta na faculdade, em todas essas etapas o planejamento das finanças merece
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destaque. Saber controlar suas finanças é um dos objetivos pelos quais a Matemática
Financeira torna-se relevante para todas estas fases.
Por se obter dados relevantes, ser uma temática vasta e um conhecimento cada vez
mais necessário, sugere-se ainda que novas vertentes analíticas sejam desenvolvidas,
adjunto de novas pesquisas e estudos mais aprofundados, pois a Educação Financeira
abrange diversos aspectos e corrobora com todos os níveis de ensino, possibilitando
também pesquisas nos níveis de pós-graduação stricto sensu, Mestrado.
Contribuições
Todos os autores contribuíram substancialmente na concepção e/ou no planejamento do estudo;
na obtenção, análise e/ou interpretação dos dados; na redação e/ou revisão crítica; e aprovaram
a versão final a ser publicada.
Fontes de financiamento
Não há.
Orcid
Francisco José Vieira Dantas https://orcid.org/0009-0001-5978-2989
Stanley Borges de Oliveira https://orcid.org/0009-0008-7148-271x
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Editora-científica: Ana Paula Perovano. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-0893-8082
© INTERMATHS
CC BY 4.0
178 | https://doi.org/10.22481/intermaths.v4i2.13532 F. J. V. Dantas, S. B. de Oliveira