Embates ontológicos e epistemológicos com mulheres amefricanas: autonomia e independência em uma economia “informalizada”
DOI:
https://doi.org/10.22481/odeere.v7i1.10494Palavras-chave:
Matriarcado, Mulheres, Tecnologias Econômicas Autóctones, Economia "informal", Endogeneidade epistemológicaResumo
O notável lugar de destaque e o papel central das mulheres nas sociedades africanas pré-coloniais tem sido inferiorizado em empreendimentos coloniais de devastação dos modos de ser africano, com desdobramentos particulares sobre as mulheres em função da instrusão da hierarquia de gênero e da consequente generificação do trabalho. A descaracterização e criminalização das organizações socioeconômicas autóctones, matrifocalizadas, expressa-se pela nomenclatura de “economias informais”. À vista disso, o presente artigo teórico-empírico tem como objetivo articular como a categoria “matriarcado” se aplica à lógica de organização socioeconômica reinventada na contemporaneidade, produzindo autonomia e independência de mulheres. Iniciamos com o embate ontológico e epistemológico que incita a resiliência das estruturas familiares e econômicas matriarcais nas Améfricas. Em seguida, na etapa empírica, constatamos as manifestações da matrifocalidade partir de relatos de lideranças de organizações econômicas e religiosas de matriz africana. Tais tecnologias econômicas matricentradas representam fonte de geração de vida individual e coletiva e – sobretudo – a capacidade de reinvenção dos princípios do matriarcado nas Améfricas contemporâneas.
Downloads
Referências
ADESINA, Jimi. Prática da sociologia africana: Lições de endogeneidade e género na academia. In: CRUZ e SILVA, Teresa, COELHO, João Borges; SOUTO, Amélia Neves. Como Fazer Ciências Sociais e Humanas em África: Questões Epistemológicas, Metodológicas, Teóricas e Políticas. Dakar, CODESRIA, 2012. pp. 195-210.
AMADIUME, Ifi, 2005 (1992], Theorizing Matriarchy in Africa: kinship ideologies and systems in Africa and Europe, In: OYĚWÙMÍ, O., ed., African Gender Studies: A Reader, Basingstoke (GB): Palgrave Macmillan, pp. 83-98. https://doi.org/10.1007/978-1-137-09009-6_5
BONFIM, Vânia Maria da Silva. A Identidade Contraditória da Mulher Negra Brasileira: bases históricas. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009. p. 93-110. (Coleção Sankofa). Volume 4.
BUENO, Lúcia de Toledo França; MAIA, Marrielle. Manifestações culturais africanas através de tecnologias econômicas no brasil: valores civilizatórios em contexto de mobilidade humana. 2021. 37 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2021.
CLARKE, John Henrik. Pan-Africanismo, Poder Preto e História Preta. São Paulo: Ananse, 2021. 184 p. Tradução de Kahotep Shemsa Hefen.
CIDADE das Mulheres. Direção de Lázaro Faria. Salvador: X Filmes, 2005. (72 min.), son., color. Legendado.
DIOP, Cheikh Anta. L´unité culturelle de l´Afrique noire. Paris: Présence Africaine, 1982.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, Nº. 92/93 (jan./jun.). 1988, p. 69-82.
KINYANJUI, Mary Njeri. African Markets and the Utu-Ubuntu Business Model: A Perspective on Economic Informality in Nairobi. https://library.oapen.org/bitstream/handle/20.500.12657/24885/African_Markets_9781928331 780_txt.pdf?sequence=1&isAllowed=y. https://doi.org/10.47622/9781928331780
LOPES, Nei; MACEDO, José Rivair. Dicionário de História da África: Séculos VII a XVI. 1.ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
MALOMALO, Bas'llele. A JUSTIÇA TEÓRICO-POLÍTICA AO MATRIARCADO PARA SE PENSAR A ÁFRICA CONTEMPORÂNEA. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 12, n. 31, fev. 2020. ISSN 2177-2770. https://abpnrevista.org.br/index.php/site/article/view/839. https://doi.org/10.31418/2177-2770.2020.v12.n.31.p48-71
NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). A Matriz Africana no Mundo. São Paulo: Selo Negro, 2008. (Sankofa: matrizes africanas da cultura brasileira 1).
NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo: documentos de uma militância pan-africanista. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2019.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. A Invenção das Mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021. 324 p. Tradução de wanderson flor do nascimento.
UNITED NATIONA DEVELOPMENT PROGRAMME (UNDP). The Futures Report: making the afcfta work for women and youth. Nova York: Undp, 2020. 102 p. https://au.int/en/documents/20201202/making-afcta-work-women-and-youth#:~:text=The%20Futures%20Report%3A%20Making%20the%20AfCFTA%20Work%20for,and%20youth%20producing%20goods%20and%20services%20in%20Africa.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 ODEERE
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você é livre para:
Compartilhar - copia e redistribui o material em qualquer meio ou formato; Adapte - remixe, transforme e construa a partir do material para qualquer propósito, mesmo comercialmente. Esta licença é aceitável para Obras Culturais Livres. O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - você deve dar o crédito apropriado, fornecer um link para a licença e indicar se alguma alteração foi feita. Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de uma forma que sugira que você ou seu uso seja aprovado pelo licenciante.
Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros para fazer qualquer uso permitido pela licença.