Memórias de devoção e saberes ancestrais afrodiaspóricos: A Irmandade de São Benedito da Casa Verde, São Paulo (SP)
DOI:
https://doi.org/10.22481/odeere.v3i6.4326Palavras-chave:
Casa verde, Protagonismos femininos, Irmandades negras, Práticas ancestrais, Territórios afrodiaspóricosResumo
Mesmo diante do violento processo de desterritorialização vivido pelas inúmeras comunidades africanas no contexto da dominação colonial europeia, práticas e saberes ancestrais foram ressignificados e reelaborados de forma a impregnar o tecido social das culturas negras das Américas. Nesta perspectiva, este artigo insere-se em um conjunto de reflexões que visam exaltar a importância da preservação de memórias afrodiaspóricas no Brasil. Para tanto, particulariza-se um território negro no município de São Paulo, o bairro da Casa Verde na zona norte da cidade. Com base na História oral e na pesquisa de campo, o objetivo central da presente pesquisa é sugerir possíveis traduções acerca da presença e permanência de ancestralidades negro-africanas na urbe paulistana a partir das narrativas compartilhadas e dos trabalhos de memória de Lucinda de Oliveira Marcelino. A colaboradora/narradora é filha de uma das fundadoras da Irmandade de São Benedito da Casa Verde, inaugurada em 1941. O acesso às memórias reconstruídas de Dona Lucinda permitem sinalizar a presença de práticas ancestrais marcadas por cosmovisões herdadas e protagonizadas por mulheres. Tais concepções constroem identidades afirmadas que singularizam as experiências negras na metrópole, expressando valores civilizacionais e extraocidentais comunitários fundamentais à humanidade.
Palavras-chave: Casa Verde; Protagonismos femininos; Irmandades negras; Práticas ancestrais; Territórios afrodiaspóricos.
Downloads
Referências
ACOSTA, A. O bem viver: uma oportunidade de imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, Elefante, 2016.
ALTUNA, R. R. de A. Cultura Tradicional Bantu. Luanda: Paulinas, 2014. ANTONACCI, M. A. Memórias ancoradas em corpos negros. São Paulo: EDUC, 2014.
AZEVEDO, A. M. A memória musical de Geraldo Filme: os sambas e as micro-áfricas em São Paulo. 224 f. Tese (Doutorado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), Departamento de História, São Paulo, 2006.
BERNARDO, T. Memória em branco e negro: olhares sobre São Paulo. São Paulo: EDUC; Fundação Editora da UNESP, 1998.
BHABHA, H. K. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
EVARISTO, C. Olhos d’Água. Rio de Janeiro: Pallas, Fundação Biblioteca Nacional, 2016.
FERNANDES, A. P. da S. Candomblé de São Paulo: fundamentos e tensões de uma comunidade terreiro na metrópole.129 f. Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.
GILROY, P. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes; Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
GLISSANT, É. Le discours antillais. Paris: Éditions du Seuil, 1981.
. Introdução a uma poética da diversidade. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.
GOMES, A. M. de A. “Melhor que o Mel, só o Céu”: trauma intergeracional, complexo cultural e resiliência na diáspora africana (um estudo de caso do Quilombo do Mel da Pedreira, em Macapá, AP). 277f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.
KOSSOY, B. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
LEITE, F. Valores civilizatórios em sociedades negro-africanas. África: Revista do Centro de Estudos Africanos, USP, São Paulo, v. 1, p. 103-118, 1995/1996.
LOWY, M. O Narrador, In: BENJAMIN, Walter; HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W.; HABERMAS, J. Os pensadores. São Paulo: Abril cultural, 1980.
. Walter Benjamin: aviso de incêndio, uma leitura das teses "Sobre o conceito de história". São Paulo: Boitempo, 2005.
MUNANGA, K.; GOMES, N. L. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006.
RIBEIRO, R. Ì.; SÁLÀMÌ S. (King). Exu e a ordem do Universo. 2a. ed. São Paulo: Oduduwa, 2015.
ROLNIK, R. História urbana: História na cidade? In: FERNANDES, A.; GOMES, M. A. A. F. Cidade e história. Salvador: UFBA/ Faculdade de Arquitetura. Mestrado em Arquitetura e Urbanismo: Anpur, 1992.
. Negros na cidade de São Paulo: presença invisível ou incômoda? Blog da Raquel Rolnik. 2017. Disponível em: <https://raquelrolnik.wordpress.com/2017/11/16/ negros-na-cidade- d e-sao-paulo-presenca-invisivel-ou-incomoda/>. Acesso em: 20 dez. 2017.
SANTOS, A. S. A. A Dimensão Africana da Morte resgatada nas Irmandades Negras, Candomblé e Culto de Babá Egun. 244 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Departamento de História, São Paulo, 1996.
SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
SANTOS, Milton. O dinheiro e o território. GEOgraphia, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 7-13, 1999.
. Da Totalidade ao Lugar. São Paulo: Edusp, 2005.
SAVIETO, M. C. Catolicismos crioulizados: presença centro africana na região do Vale do Paraíba (SP). 118f. Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Departamento de História, São Paulo, 2010.
SILVA, S. A. G. da. Negros em Guaianases: cultura e memória. 145 f. Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Departamento de História, São Paulo, 2015.
SODRÉ, M. O terreiro e a cidade: a forma social negro-brasileira. Petrópolis: Vozes, 1988.
. Claros e Escuros: identidade, povo e mídia no Brasil. 3a ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
SWEET, J. H. Recriar África: cultura, parentesco e religião no mundo afro-português (1441-1770). Lisboa: Edições 70, 2007.
THOMPSON, R. F. Flash of the spirit: arte e filosofia africana e afro-americana. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2011.
VOGEL, A.; MELLO, M. A. da S.; BARROS, J. F. P. de. A galinha d’angola: iniciação e identidade na cultura afro-brasileira. 3a. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 ODEERE
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você é livre para:
Compartilhar - copia e redistribui o material em qualquer meio ou formato; Adapte - remixe, transforme e construa a partir do material para qualquer propósito, mesmo comercialmente. Esta licença é aceitável para Obras Culturais Livres. O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - você deve dar o crédito apropriado, fornecer um link para a licença e indicar se alguma alteração foi feita. Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de uma forma que sugira que você ou seu uso seja aprovado pelo licenciante.
Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros para fazer qualquer uso permitido pela licença.