O mundo dos antepassados e o mundo dos vivos - ritual de ukanyi na mediação: um ensaio sobre ancestralidade no Sul de Moçambique
DOI:
https://doi.org/10.22481/odeere.v4i7.5370Resumo
O objetivo deste artigo é pensar como a relação entre o mundo dos antepassados e o mundo dos vivos se estabelece e se estrutura por intermédio do ritual de ukanyi (um ritual realizado para o consumo da bebida-ancestral-sagrada ukanyi). Proposta esta que remete ao estudo e compreensão da religiosidade tradicional africana, na qual se assenta a cosmovisão dos africanos perpassada por um sistema de valores, crenças e práticas bantu. Assim, o método etnográfico e a análise situacional aparecem como alicerces para compreender o fenômeno em causa. Considero o pressuposto de que o ritual de ukanyi é uma cerimônia que permite a exaltação dos antepassados, ativa e reativa valores, crenças e práticas que fortalecem e revigoram a religiosidade tradicional africana. Dessa forma, o mesmo nos possibilita vivenciar e experimentar dois mundos diferentes, dos vivos e dos mortos (antepassados). Entendo que compreender a relação entre o mundo dos vivos e dos antepassados é adentrar na forma como se constituem as afrofilosofias que permitem tangenciar o universo africano.
Palavras chave: Ritual de ukanyi. Mundo dos vivos. Mundo dos mortos. Antepassados.
Downloads
Referências
ALTUNA, Raul. Cultura Tradicional Bantu. 2ª ed. Águeda: Paulinas Editora, 2014.
CASTIANO, José. Referências da filosofia Africana: em busca da intersubjectivação. Maputo: Sociedade Editorial Ndjira, Lda, 2010.
COSSA, Dulcídio. Mhamba ya ukanyi (O ritual de ukanyi): uma tradição na modernidade – entrelaçamentos do rural e urbano. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
DESCHAMPS, Hubert. Les religions de l’Afrique Noire, que sais-je? Paris: Presses Univ. De France, 1970.
DURKHEIM, Émile. A divisão social do trabalho. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2000.
GARFINKEL, Harold. Estudos da etnometodologia. Cambridge: Polity presse, 1967.
GLUCKMAN, Max. Custom and Conflit in Africa. Oxford: Blackwell, 1995.
GONÇALVES, José; CONTINS, Marcia. A escassez e a fartura: categorias cosmológicas e subjetividade nas festas do Divino Espírito Santo entre os açorianos imigrantes no Rio de Janeiro. In: CAVALCANTI, Maria L. V. C; GONÇALVES, José R. S. (Orgs). As festas e os dias: ritos e sociabilidades festivas. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria Ltda, 2009.
GRAVRAND, Henry. Les religions africaines traditionelles source de civilisation spirituelle. [S.I.: s.n.], 1970.
KAGAME, Alexis. La philosophie bantu comparée. Paris: Présence africaine, 1976.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Atropologia. São Paulo: Cosac Naif, 2003.
MBITI, John. African religions and philosophy. Nairobi, Kampala, Dar es Salam: East African Educational Publishers, 1969.
PEREIRA, Rinaldo. Pontencialidades do jogo africano Mancala IV para o campo da educação matemática, história e cultura africana. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016.
TURNER, Victor. O Processo Ritual: estrutura e anti-estrutura. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
VAN GENNEP, Arnold. Os ritos de passagem. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 ODEERE
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você é livre para:
Compartilhar - copia e redistribui o material em qualquer meio ou formato; Adapte - remixe, transforme e construa a partir do material para qualquer propósito, mesmo comercialmente. Esta licença é aceitável para Obras Culturais Livres. O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - você deve dar o crédito apropriado, fornecer um link para a licença e indicar se alguma alteração foi feita. Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de uma forma que sugira que você ou seu uso seja aprovado pelo licenciante.
Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros para fazer qualquer uso permitido pela licença.