Madalena e Mirtes: “Por que as mulheres negras são as últimas da fila depois de ninguém?”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/odeere.v6i01.8546

Palavras-chave:

Memória coletiva, Interseccionalidade, Escravidão, Mulheres negras

Resumo

Este artigo suscita uma reflexão sobre a condição que muitas mulheres negras ainda vivem na sociedade brasileira. Nesta breve análise examinamos as memórias coletivas dos grupos dominantes e dominados desde o contexto da escravidão brasileira até a sociedade atual tomando como base a teoria da memória de Maurice Halbwachs e Michael Pollak, recorremos também aos estudos de algumas feministas negras, a exemplo de Grada Kilomba, Bell Hooks, Sueli Carneiro e Chimamanda Adichie e também da feminista Heleieth Saffioti, que abordam o viés da interseccionalidade e escancara as desigualdades, opressões e violências enfrentadas pelas mulheres negras. Assim, a partir de uma análise qualitativa, podemos afirmar que: i) a memória coletiva de grupos da elite branca é memória oficial e reflete o modelo de relações raciais do Brasil; ii) a memória e o esquecimento marcam a trajetória do povo negro; iii) o projeto colonial se apresenta com novas roupagens do racismo.

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Biografia do Autor

Marília do Amparo Alves Gomes, Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED/UESB)

Assistente Social, Doutoranda em Memória, Linguagem e Sociedade (UESB); Mestra em Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); Membro do Observatório de Mulheres negras OJU OBINRIN; Membro do Grupo de Pesquisa em Ludicidade, Didática e Práticas de Ensino (LUDIPE) e do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas para a Educação Superior (GEPPES) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Possui experiência como Analista Universitária na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB compondo a Equipe Multidisciplinar do Programa de Assistência Estudantil.

Tânia Rocha de Andrade Cunha, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) São Paulo. Docente do Programa de Pós-Graduação em Memória Linguagem e Sociedade da UESB. Mestra em Ciências Sociais pela PUC São Paulo.

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Publicado

2021-06-30

Como Citar

Gomes, M. do A. A., & Cunha, T. R. de A. (2021). Madalena e Mirtes: “Por que as mulheres negras são as últimas da fila depois de ninguém?” . ODEERE, 6(1), 84-108. https://doi.org/10.22481/odeere.v6i01.8546