DE REGRAS E SENTIMENTOS: DISCURSOS CIVILIZATÓRIOS NA SÉRIE DE LEITURA PEDRINHO E NA REVISTA PAIS & FILHOS
DOI:
https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i38.5994Palavras-chave:
Discurso civilizatório, Imprensa educacional, InfânciaResumo
O presente artigo tem por objetivo analisar as permanências e descontinuidades dos discursos civilizatórios veiculados em impressos educacionais que procuraram regrar aspectos da saúde física e moral na segunda metade do século XX. Com este intento, estabeleceram-se como fontes de investigação a Série de Leitura Graduada Pedrinho, de Lourenço Filho, que circulou na escola pública primária em todo o Brasil, nas décadas de 1950/1960, e a revista mensal Pais & Filhos, especificamente uma amostra de edições dos anos de 1960 a 1980. Pautadas nas discussões sobre o processo civilizatório empreendidas por Norbert Elias, convém registrar que no período posterior à Segunda Guerra Mundial, ocorreu a reinvenção de formas de convivência, do sentimento de pertença e de distinção social. Nesse contexto, a produção e a circulação de impressos que divulgavam enunciados de cunho civilizatório, nos mais variados suportes materiais e textuais, configuravam “dispositivos discursivos e institucionais que, em uma dada sociedade, visam a disciplinar o corpo e as práticas e modelar os comportamentos e os pensamentos” (CHARTIER, 2003, p. 155). As publicações examinadas circularam tanto na instituição escolar, em uma perspectiva de educação escolarizada, como fora dela (entre pais e mães) e contribuíam para, via leitura, internalizar hábitos, condutas, valores que foram produtores de regras sobre práticas de saúde e orientações para uma perfeita conduta pessoal, moral e social.
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