DE REPENTE, NO ÚLTIMO VERÃO: CORPO, CAUSALIDADE PSÍQUICA, SUBJETIVIDADE E LOUCURA

Autores/as

  • Jonas de Oliveira Boni Júnior

Palabras clave:

De repente, no último verão, Corpo, Causalidade psíquica, Loucura, Psicanálise, Jacques Lacan

Resumen

O presente artigo analisa o tema da causalidade psíquica, partindo da intrincada relação entre a noção de corpo e o conceito de causa dos estados de loucura, no escopo da teoria psicanalítica de Jacques Lacan (1901-1981). O material que serve de mote para a discussão é o filme De repente, no último verão (Suddenly, last summer) dirigido por Joseph L. Mankiewicz (1909-1993), lançado em 1959, produzido a partir da peça escrita por Tennesse Williams (1911-1983). Não se trata de uma interpretação detalhada do enredo roteirizado por Gore Vidal (1925-2012), mas do tratamento de certos tópicos privilegiados que o filme levanta: (1) Corpo e Causalidade psíquica: o desmonte da tese da localização cerebral; (2) Subjetividade e loucura: o significante preso no corpo e (3) A técnica analítica: o enredo significante da construção da fantasia e a posição do analista. Lacan auxilia a interpretação do que a arte cinematográfica imprime nos frames sobre a leitura do desencadeamento da loucura, a partir do discurso médico da psiquiatria e também da teoria psicanalítica implícita na narrativa. A tese desse artigo, que de certa forma coaduna com a inovação trazida no filme, retoma o princípio da psicanálise de que um sujeito ao falar sob transferência a um analista se cura. Ou seja, quando um sujeito é atravessado por uma vivência na qual não se encontra o suporte significante para as palavras emoldurarem a experiência enquanto estrutura de interpretação para o Real, há o desencadeamento na estrutura, ou, desencadeamento de um conjunto de sintomas na subjetividade. A ideia de cura na psicanálise, em oposição às técnicas médicas com a sua aposta na localização orgânica cerebral, centra-se na técnica analítica, a partir da qual um sujeito ao criar um enredo sobre a vivência, há o esvaziamento dos sintomas quando endereçados, pela via da articulação significante, a um analista que o escute; como se pode arquitetar metaforicamente na cena final do filme, pela personagem Catherine de Elizabeth Taylor (1932-2011) ao Dr Cukrowicz interpretado por Montgomery Clift (1920-1966).

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