Introspecção e Deslocamento em Angústia
Abstract
O romance Angústia de Graciliano Ramos foi caracterizado como “existencialista avant la lettre ” (A. Bosi); na crítica brasileira, Angústia é geralmente discutido no contexto de um certo “romance de urbanização” ou de uma linha brasileira de “romance intimista.” A presente contribuição pretende demonstrar detalhadamente o quanto o romance deve a uma herança dostoievskiana, e indicar o quanto partilha com outros textos latino-americanos nessa linhagem “existencialista.” Isso inclui aspectos formais, narrativas e temáticas, como a forma confissão, a autorrepresentação de uma subjetividade solipsista à margem da loucura, o homicídio/crime como afirmação de pulsões obscuras e moralmente problemáticas ao lado da prática de arte/escritura. Mais especificamente, quero analisar como Angústia ganha complexidade psicológica através de uma representação da interioridade, servindo-me de estudos sobre a figuração de processos mentais no romance moderno – e como esta interioridade patológica corresponde a uma experiência específica da modernidade.