Língua e cultura: marcas línguo-culturais no léxico toponímico alagoano na produção do território de Igaci, Alagoas, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/folio.v15i2.14604

Palavras-chave:

Linguística, Onomástica, Léxico toponímico, Territorialidade

Resumo

O estudo do ato de nomear aglomerados humanos e do seu produto – o topônimo - pode desvelar aspectos que estão ligados à dinâmica de organização territorial, às relações de poder social, econômico, político e ideológico etc., constituindo-se, portanto, em um acervo linguístico que revela conexões entre o ser humano e o processo de territorialidade materializado na língua. Por esse viés, esta pesquisa objetivou investigar as motivações que permeiam as relações discursivas no processo de nomeação dos povoados que constituem o território do município de Igaci, localizado na região agreste de Alagoas. Quanto aos aspectos teórico-metodológicos, trata-se de uma pesquisa descritiva de natureza teórica, de vertente lexicológica de cunho bibliográfico, de abordagem quali-quantitativa, inserida no paradigma emergente de ciência pós-positivista, e fundamentada pelos princípios teórico-metodológicos da Toponímia tradicional, em especial a proposta de categorização de Dick (1990, 1992; 2006; 2007); ISQUERDO, 2012; ISQUERDO & DARGEL, 2020.) em diálogo com as concepções de território (SANTOS; SILVEIRA, 2002; SANTOS, 2009.) e de cultura (CHAUÍ, 1995; BOTTELHO, 2001; ROCHA & ALMEIDA, 2005). Os resultados apontaram que os aspectos da paisagem natural do espaço geográfico de Igaci - vegetação e hidrografia – se revelaram como fatores determinantes para a nomeação dos povoados do território igaciense, evidenciando a relação entre a sociedade (ação humana) e a natureza (ação ambiental), compreendidas como inseparáveis, traduzindo valores culturais que ligam identitariamente os indivíduos no espaço, moldando o território e edificando sentimentos de domínio, de pertencimento, de manifestação de poder.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALAGOAS. Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio

(SEPLAG). Disponível em:

https://dados.al.gov.br/catalogo/zh_CN/dataset/municipio-de-feiragrande.

BECK, U.; GIDDENS, A.; LASH, S. Modernização reflexiva: política, tradição e

estética na ordem social moderna. São Paulo: Ed. UNESP, 1997.

BOLLE, W. História e memória, metodologia da história oral. In: DELGADO, L. A.

N. (org.). História oral: memória, tempo, identidade. 2. ed. Belo

Horizonte: Autêntica, 2010. p. 15-31.

BOTTELHO, Isaura. Dimensões da cultura e políticas públicas. São Paulo em

Perspectiva, São Paulo, v. 15, n. 2, 2001.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia E Estatística (IBGE). Disponível em:

https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/al/feira-grande.html.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: HUCITEC, 1996.

CHAUÍ, Marilena. Cultura política e política cultural. São Paulo: Estudos

Avançados, n. 9, v. 23, p.71-84, 1995.

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4.

ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

DARGEL, Ana Paula Tribesse Patrício; ISQUERDO, Aparecida Negri Isquerdo. A

macro-toponímia dos municípios sul-mato-grossenses: mecanismos

de classificação semântica. In: ISQUERDO, Aparecida Negri (Org.)

Toponímia: tendências toponímicas no estado de Mato Grosso do Sul,

v.2 [recurso eletrônico] Campo Grande: Ed. UFMS, 2020. Disponível

em: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/3549. Acesso em:

fev.. 2024.

DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A motivação toponímica e a

realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do Estado, 1990.

DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Atlas toponímico do Brasil: teoria e

prática II. Trama, n. 3, v.5, p. 141-155, 2007. DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v3i5.965.

DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Fundamentos teóricos da toponímia.

Estudo de caso: o projeto ATEMIG - Atlas toponímico do Estado de

Minas Gerais (variante regional do Atlas toponímico do Brasil). In: SEABRA, M. C. T. C. (Org.). O léxico em estudo. Belo Horizonte,:

UFMG, 2006. p. 91-118.

GUÉRIOS, Rosário Farâni Mansur. Dicionário etimológico de nomes e

sobrenomes. 3 ed. rev. e aum., São Paulo: Ave Maria, 1981.

ISQUERDO, Aparecida Negri. Léxico regional e léxico toponímico: interfaces

linguísticas, históricas e culturais. In: ISQUERDO, Aparecida Negri;

SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de (org.). As ciências do

léxico: Lexicologia, Lexicografia, Terminologia. v. VI. Campo Grande :

Editora da UFMS, 2012, p. 115-139.

MELO, Pedro Antonio Gomes de. O nome de lugar: possíveis sentidos atribuídos

aos topônimos de povoados de Alagoas. In: Odisseia, Natal, RN, n. 14,

p. 69-89, jan.-jun. 2015. Disponível em:

https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/9699/6937.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História. 3. ed. Belo Horizonte, MG:

Autêntica, 2012.

RELPH, Zech C. As bases fenomenológicas da geografia. Geografia, n. 4, v. 7, p.

-25, 1979.

ROCHA, Lurdes Bertol; ALMEIDA, Maria Geralda. Cultura, mundo-vivido e

território. In: Anais do Simpósio Nacional sobre Geografia, Percepção

e Cognição do Meio Ambiente. Londrina: UEL, 2005. Disponível em:

http://geografiahumanista.files.wordpress.com/2009/11/lurdes.pdf.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e emoção. São

Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início

do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002.

SIQUEIRA, K M F. Estudo toponímico: âmbitos e perspectivas de análises.

REVEL, v.9, n.17, 2011. Disponível em: http://www.revel.inf.br.

TIBIRIÇÁ, Luiz Caldas. Dicionário de topônimos brasileiros de origem tupi:

significado dos nomes geográficos de origem tupi. 2.ed. São Paulo :

Traço, 1997.

Downloads

Publicado

2024-12-24

Edição

Seção

VERTENTES & INTERFACES II: Estudos Linguísticos e Aplicados