Ruptura com os racismos linguístico e epistêmico na escola

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/232521.8.1-5

Palavras-chave:

Racismo linguístico, Epistemicídio, Língua Vernácula, Maioria Minorizada, Educação

Resumo

Um trabalho de pesquisa pressupõe uma certa inquietação interna. Nesse trabalho o interesse pessoal direciona-se ao estudo da linguagem, em particular a língua vernácula e as relações entre linguagem, língua e racismo no âmbito da educação básica. Busca-se fazer uma abordagem interdisciplinar, com ênfase no pensamento de intelectuais negras e negros a fim de situar as encruzilhadas da linguagem e da língua como construções estruturadas pelo racismo. Discute-se como a língua estrutura o racismo, trança-se um breve panorama de como a língua portuguesa se constituiu e se formou no Brasil, com destaque para a africanização do português brasileiro. Reconhece-se a língua e a linguagem como invenções ao problematizar o racismo linguístico e o epistemicídio no contexto da educação formal, como dispositivo de racialização que silencia e exclui as juventudes não brancas na/da escola. Por fim sugere-se a desconstrução de língua e de linguagem ancorada numa abordagem tradicional e propõe-se uma rebeldia contra as imposições da língua padrão e contra os conhecimentos eurocêntricos prioritariamente ensinados na escola formal. O ensino (da língua?), nesse sentido, se constituiria um ato de transgressão.

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Biografia do Autor

Richard Santos, Universidade Federal do Sul da Bahia

Doutor em Ciências Sociais (UNB). Professor Adjunto da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e do Programa de Pós-graduação em Ensino e Relações Étnico-raciais

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Publicado

2021-11-20

Edição

Seção

Artigos - Dossiê