As estratégias acusativas de 2ª pessoa em cartas amorosas do sertão de Pernambuco: um estudo pela via da Sociolinguística Histórica (The accusative strategies of 2nd person in romantic personal letters from the Pernambuco: a study through the Historical Sociolinguistics)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/el.v19i4.8171

Palavras-chave:

Carta de amor., Estratégias acusativas., Tradição discursiva., Sociolinguística Histórica.

Resumo

Este artigo insere-se nos recentes estudos sobre a história do Português Brasileiro na perspectiva da Sociolinguística Histórica e tem por objetivo analisar as estratégias acusativas, a partir da gramaticalização do você no quadro pronominal de segunda pessoa, em cartas pessoais amorosas, trocadas por sertanejos na década de 50 do século XX. As questões iniciais que envolvem a investigação são as seguintes: i) como se deu a implementação do você no paradigma de segunda pessoa na função acusativa e a resistência do clítico te como estratégia acusativa frente a formas do paradigma de terceira pessoa? ii) Quais contextos morfossintáticos favorecem a ocorrência das formas alternantes na função acusativa na posição pós-verbal? As pesquisas realizadas anteriormente por Lopes et al. (2018), Gomes; Lopes (2014) e Ataíde e Lima (2018) complementam o suporte teórico-metodológico na perspectiva da Sociolinguística Histórica proposto por Conde Silvestre (2007) e do modelo de Tradição Discursiva desenvolvida por Kabatek (2006, 2012); Andrade; Gomes (2018) e Ataíde (2020). Os resultados da análise apontam para a confirmação da hipótese de Lopes et al. (2018) quanto à resistência do clítico te na função acusativa. No que se refere à posição do clítico, constatamos que a próclise é a posição preferida para a colocação do acusativo pelos missivistas e os contextos favorecedores da ênclise foram o início de sentença e quando acusativo foi o pronome você.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cleber Ataíde, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Doutor em Linguística (2013) pela Universidade Federal da Paraíba e professor na graduação e pós-graduação na Universidade Federal Rural de Pernambuco/Campus de Serra Talhada. Como pesquisador, coordena o Laboratório de Edição e Documentação Linguística de Pernambuco (LeDoc) e o projeto Para História do Português Brasileiro em Pernambuco (PHPB). É membro dos grupos de pesquisa certificados pelo CNPq Tradições Discursivas do Ceará (TRADICE-UFC), do Grupo de Investigações Funcionalistas (GIF-UFPB) e líder do Grupo de Estudos da Língua em Uso (ELU-UFRPE). Foi presidente do Grupo de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste (GELNE), no biênio 2016-2018 e, atualmente, é conselheiro da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) e do Grupo de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste (GELNE). Em cooperação com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, integra a Comissão Científica Internacional do projeto Pombalia: Pombal Global, do qual é coordenador em Pernambuco.

Antônia Caroline Alves da Silva, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Graduada em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco/Campus de Serra Talhada (UFRPE/UAST). Atuou como bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPQ) 2018-2019. Participou do Programa de Iniciação Científica Voluntária da UFRPE (PIC/UFRPE) 2017-2018. Foi bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES) 2015-2017. É membro do grupo de pesquisa Estudos da Língua em Uso (ELU-UFRPE) e colaboradora do Laboratório de Edição e Documentação Linguística de Pernambuco (LeDoc). É servidora pública do estado da Paraíba, vinculada à Secretaria de Estado da Educação, da Ciência e da Tecnologia (SEECT/PB).

Valéria Severina Gomes, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Doutra em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, com estágio de pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É professora da graduação e pós-graduação em Estudos da Linguagem na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística de Texto, Linguística Aplicada, Linguística Sócio-histórica e Tradições Discursivas. Atualmente, integra a equipe de pesquisadores do Projeto Nacional Para a História do Português Brasileiro (PHPB), do Tradições Discursivas do Ceará (TRADICE); do Laboratório de Edição e Documentação Linguística de Pernambuco (LeDoc) e é coordenadora do Grupo de Historicidade do Texto e Ensino de Língua (HISTEL), em parceria com a Universidade de Genebra e a Universidade Federal do Ceará. Foi presidente do Grupo de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste - GELNE, no biênio 2014-2016 e vice-presidente no biênio 2016-2018.

Referências

ATAÍDE, C. A.; LIMA, T. J. S. A variação diatópica dos pronomes pessoais Tu e Você em cartas de amor do sertão pernambucano do século XX. LaborHistórico, v. 4, n. 2, 2018. p. 92-103. Disponível em: https://doi.org/10.24206/lh.v4i2.17500.

______. Aspectos sócio-históricos dos manuscritos e impressos pernambucanos. Palimpsesto: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, v. 17, n. 28, 2019. p. 72-103. Disponível em: https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2018.42148.

______. A constituição de corpora sóciohistóricos do português brasileiro: edições de cartas pessoais e o modelo de Tradição Discursiva. Revista Diálogos. UFMT, V. 8, n. 2, p. 01-21, 2020. ISSN 2319-0825.

ANDRADE, M. L. C. V. O.; GOMES, V. S. Tradições discursivas: reflexões conceituais. In: CASTILHO, Ataliba T. de; ANDRADE, Maria Lúcia C. V. O.; GOMES, Valéria Severina (Coord.). História do português brasileiro: Tradições discursivas do português brasileiro: Constituição e mudança dos gêneros discursivos. v.7. São Paulo: Contexto, 2018.

BROWN, P; GILMAN, A. The pronouns of power and solidarity. In: SEBEOK, T. Style in Language. Cambridge-Mass: MIT Press, 1960.

COSTA, A. C. Ação – Formulação – Tradição: A correspondência de Câmara Cascudo a Mário de Andrade de 1924 a 1944, entre proximidade e distância comunicativa. In: MARTINS, M. A.; TAVARES, M. A. (Org.). História do português Brasileiro no Rio Grande do Norte: análise linguística e textual da correspondência de Luís da Câmara Cascudo a Mário de Andrade – 1924 a 1944. Natal: EDUFRN, 2012.

CONDE SILVESTRE, J. C. Sociolingüística histórica. Madrid, Gredos. 2007.

CYRINO, S. M. L. Observações sobre a aquisição de clíticos no português do Brasil, ms, 1992.

GOMES, V.S.; LOPES, C. R. S. Variação entre as formas dos paradigmas tu-você em cartas pernambucanas dos séculos XIX e XX. Revista do Gelne: UFRN, 2014.

______. Formas tratamentais em cartas escritas em Pernambuco (1869-1969): Tradição Discursiva e sociopragmática. Relin, n°21 Minas Gerais: Periódico em letras UFMG, 2016.

JÚLIO, T. S. L. “Maria eu observei nas palavras que mandastes dizer na carta que tu ainda duvidas do meu amor, mas você não tem razão de assim se expressar”: a variação dos pronomes pessoais Tu e Você em cartas de amor rurais do sertão pernambucano. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Letras da UFRPE. Serra Talhada: UFRPE-UAST, 2018.

KABATEK, J. Tradições discursivas e mudança lingüística. In: LOBO, T. et al (Orgs.). Para a história do português brasileiro. Volume VI, Salvador: EDUFBA. 2006.

KABATEK, J. Tradição discursiva e gênero. In: LOBO, Tânia et al. (Org.). Rosae: linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador: EDUFBA, 2012, 579-588.

LOPES, C. R. S.; CAVALCANTE, S. A cronologia do voceamento no português brasileiro: expansão de você-sujeito e retenção do clítico-te. Revista Linguística, Madrid, v. 25, p. 30-65, 2011.

LOPES, C. R. S. et al. História do português brasileiro: mudança sintática das classes de palavra: perspectiva funcionalista. Edº 1, São Paulo: Contexto, 2018.

PESSOA, M. B. Da carta a outros gêneros textuais. In: DUARTE, Maria Eugênia Lamoglia; CALLOU, Dinah (Org.). Para a história do português brasileiro. Rio de Janeiro: UFRJ/LETRAS FAPERJ, 2002. p. 197-205.

SILVA, J. Q. G. Um estudo sobre o gênero carta pessoal: das práticas comunicativas aos indícios de interatividade na escrita dos textos. Tese de Doutorado apresentada à Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002.

SOUZA, C. D. Eu te amo, eu lhe adoro, eu quero você: a variação das formas de acusativo de 2ª pessoa em cartas pessoais (1880-1980). Rio de Janeiro: UFRJ – FL, 2014.

Sites consultados:

http://ledoc.com.br. Acesso em 10 de maio de 2019.

https://informacoesdobrasil.com.br/rua/pe/triunfo/sitio-brejinho+6490. Acesso em 20 de junho de 2019.

Downloads

Publicado

2021-12-30

Como Citar

ATAÍDE, C. A. de; DA SILVA, A. C. A. .; GOMES, V. S. . As estratégias acusativas de 2ª pessoa em cartas amorosas do sertão de Pernambuco: um estudo pela via da Sociolinguística Histórica (The accusative strategies of 2nd person in romantic personal letters from the Pernambuco: a study through the Historical Sociolinguistics). Estudos da Língua(gem), [S. l.], v. 19, n. 4, p. 157-182, 2021. DOI: 10.22481/el.v19i4.8171. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/article/view/8171. Acesso em: 22 dez. 2024.