Ciência e literatura nas idealizações dos perfis femininos do sertão ao litoral: o caso exemplar de Afrânio Peixoto

Autores

  • Marcos Profeta Ribeiro Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb)

DOI:

https://doi.org/10.22481/politeia.v21i1.10884

Palavras-chave:

Ciência. Literatura. Sertão baiano. Mulheres

Resumo

Objetiva-se discutir os “perfis de mulher”, as idealizações e as relações entre ciência e literatura a partir da produção científica e literária de Afrânio Peixoto (1876-1947), enfatizando cenas do romance Sinhazinha (1929). A proposta é perceber como o cientista-romancista respondeu à crescente inserção das mulheres nos mais diversos setores da vida social no Rio de Janeiro, no início do século XX. Entendemos que ele procurou no sertão baiano a “mulher ideal”, idilicamente pensada como recatada e enclausurada, para normalizar comportamentos femininos “desviantes” presentes nos grandes centros urbanos. O romance Sinhazinha é apresentado por Afrânio Peixoto como um alerta aos homens, pois mesmo a mais pura mulher pode sucumbir ao amor romântico, causador de crimes em defesa da honra. Daí a necessidade da permanente tutela masculina sobre as mulheres, consideradas por ele como incapazes de racionalizar sentimentos.

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Biografia do Autor

Marcos Profeta Ribeiro, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb)

Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). 

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Publicado

2023-04-27

Como Citar

Ribeiro, M. P. (2023). Ciência e literatura nas idealizações dos perfis femininos do sertão ao litoral: o caso exemplar de Afrânio Peixoto. Politeia - História E Sociedade, 21(1), 224-251. https://doi.org/10.22481/politeia.v21i1.10884