Ciência e literatura nas idealizações dos perfis femininos do sertão ao litoral: o caso exemplar de Afrânio Peixoto
DOI:
https://doi.org/10.22481/politeia.v21i1.10884Palavras-chave:
Ciência. Literatura. Sertão baiano. MulheresResumo
Objetiva-se discutir os “perfis de mulher”, as idealizações e as relações entre ciência e literatura a partir da produção científica e literária de Afrânio Peixoto (1876-1947), enfatizando cenas do romance Sinhazinha (1929). A proposta é perceber como o cientista-romancista respondeu à crescente inserção das mulheres nos mais diversos setores da vida social no Rio de Janeiro, no início do século XX. Entendemos que ele procurou no sertão baiano a “mulher ideal”, idilicamente pensada como recatada e enclausurada, para normalizar comportamentos femininos “desviantes” presentes nos grandes centros urbanos. O romance Sinhazinha é apresentado por Afrânio Peixoto como um alerta aos homens, pois mesmo a mais pura mulher pode sucumbir ao amor romântico, causador de crimes em defesa da honra. Daí a necessidade da permanente tutela masculina sobre as mulheres, consideradas por ele como incapazes de racionalizar sentimentos.
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