Uma leitura controversa de texto antigo no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende
DOI:
https://doi.org/10.22481/politeia.v13i2.3712Resumo
De acordo com Helena Marques Dias e Ivo Castro, o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende teria tido pelo menos dois compositores tipográficos à época de sua publicação, em 1516. Tomando como exemplo um poema labiríntico de Fernão da Silveira, poeta palaciano, ao qual os dois estudiosos também se dedicaram, pretendo mostrar como a opção por uma transcrição que, de certo modo, se distancia da composição original, pode desvirtuar a forma e a intenção pretendidas pelo poeta-primeiro. Para isso, valho-me da transcrição princeps e das edições críticas do mesmo poema, uma esparsa de palavras, tirada ao Cancioneiro resendiano. Na edição de 1973 e 1998 da mesma peça, Aida Fernanda Dias e Álvaro Júlio da Costa Pimpão optaram por uma transcrição questionável, pois foge da proposta do poeta palaciano – a de deixar espaços entre as palavras, evidenciando um labirinto que dá ao leitor várias maneiras de ler o poema.