Mães Solo: Disputas e Embates da Monoparentalidade Feminina na Contemporaneidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/odeere.v8i2.13341

Palavras-chave:

Emancipação, Mães solo, Resiliência, Resistência, Sobrecarga

Resumo

Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla que analisa os processos sociais e culturais envolvidos na condição da monoparentalidade feminina, enfatizando jornadas exaustivas e responsabilização pela economia dos cuidados e reprodução social da vida. Objetiva-se analisar como as estruturas opressoras patriarcais afetam e refletem nas vivências de mulheres que exercem a maternidade solo. A investigação se deu a partir da seguinte questão: Como a sobrecarga e os estereótipos promovidos pelo patriarcado colonialista, por meio da divisão sexual do trabalho, atingem as mães solo? Ancora-se na abordagem da história oral e autoetnográfica, na pesquisa social-qualitativa bibliográfica e no estudo de campo, sob a perspectiva espistemológica feminista interseccional e decolonial. Constata-se que os empecilhos promovidos por tais estruturas opressoras impedem ou adiam processos emancipatórios e alocam famílias monoparentais femininas em lugares de vulnerabilidade financeira, afetiva e social. Entretanto, apesar destes obstáculos, as mães solo do recorte pesquisado, resistem e lutam pela emancipação financeira, social e emocional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Claudia de Faria Barbosa, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Brasil

Pedagoga, doutora e mestra em Humanidades, Supervisora Pedagógica, professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade (PPGREC), Pesquisadora do Grupo de Estudos Hermenêuticos em Família, Território, Identidades e Memória (GEHFTIM). E-mail: barbosa.claudiadefariabarbosa@gmail.com

Edmeire Oliveira Pires, Instituto de Educação Superior Kyre’y Sãso - Brasil

Mestranda em Gerência e Administração de Políticas Culturais e Educacionais do Instituto de Educação Superior Kyre’y Sãso (IESKS), Pós-graduada em História e Cultura Afro-brasileira (Pró-Saber) e Professora da Rede Municipal e Estadual de Ensino de Souto Soares - Bahia. E-mail: meireoliveira18@hotmail.com

Maria de Fátima Araújo Di Gregório, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia & Universidade do Estado da Bahia - Brasil

Doutora em Família na Sociedade Contemporânea pela Universidade Católica do Salvador/UCSal, Mestre em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO, Especialista em: Planejamento pela Faculdade de Educação da Bahia/FEEBA, Análise do Discurso pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB e Recursos Tecnológicos aplicados à Educação pelo IPAE/RJ. Formação em Pedagogia (FEEBA), História (UNINTA) e Direito (UniFTC). Professora Plena da Universidade do Estado da Bahia/UNEB - Campus V e Titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB. E-mail: f_digregorio@hotmail.com

Referências

ALBERTI, Verena. Ouvir Contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

BADINTER, Elisabeth. Um Amor conquistado: o mito do amor materno. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

BIROLI, Flávia. Divisão Sexual do Trabalho e Democracia. Dados, Rio de Janeiro, v. 59, n. 3, p. 719-754, set. 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/00115258201690

BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Tradução Maria Helena Kuhner. 19ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. 53. Ed., 1 reimpressão – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2018.

BRASIL. Lei nº 883, de 21 de outubro de 1949. Dispõe sobre o reconhecimento de filhos ilegítimos. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1940-1949/lei-883-21-outubro-1949-364154-norma-pl.html

CHANTLER, K.; BURNS, D. Metodologias Feministas. In: Somekh, B.; Lewin, C. (Orgs.). Teorias e métodos da pesquisa social. Petrópolis: Vozes, 2015.

DIEESE. Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos. Boletim Especial 8 de março Dia da Mulher: As dificuldades das mulheres chefes de família no mercado de trabalho, 2023. Disponível em: https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2023/mulheres2023.pdf

FEDERICI, Silvia. O Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva. Tradução Coletivo Sycorax. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

GONÇALVES, T. J. A. Educação dos filhos em famílias monoparentais femininas: o contributo do Educador Social no desenvolvimento de competências sociais. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Portucalense, Porto, 2013. Disponível em: http://repositorio.uportu.pt/xmlui/handle/11328/881?show=full

FONSECA, C. L. W. Ser mulher, Mãe e Pobre. In: M. Del Priore (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Janaína Feijó. Mães solo no mercado de trabalho crescem 1,7 milhão em dez anos, 2023. Disponível em: https://portal.fgv.br/artigos/maes-solo-mercado-trabalho-crescem-17-milhao-dez-anos

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas S.A., 2010.

hooks, Bell. O Feminismo é Para Todo Mundo [recurso eletrônico]: políticas arrebatadoras. Tradução Ana Luiza Libânio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos. Recurso digital, 2018.

IBDFAM. Instituto Brasileiro de Direito de Família. Paternidade responsável: mais de 5,5 milhões de crianças brasileiras não têm o nome do pai na certidão de nascimento, 2019. Disponível em: https://ibdfam.org.br/noticias/7024/Paternidade+respons%C3%A1vel:+mais+de+5,5+milh%C3%B5es+de+crian%C3%A7as+brasileiras+n%C3%A3o+t%C3%AAm+o+nome+do+pai+na+certid%C3%A3o+de+nascimento

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua- PNAD. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnadcontinua.html?edição=20636&t=sobre

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD. 2012. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9127-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios.html?=&t=destaques

LE GOFF, Jacques. História e Memória. tradução Bernardo Leitão. Editora da UNICAMP- São Paulo, 2013.

LEITE, E. O. Fatores Determinantes da Monoparentalidade. Famílias monoparentais: a situação jurídica de pais e mães solteiros, de pais e mães separados e dos filhos na ruptura da vida conjugal (pp. 32-72). São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.

LUGONES, Maria. Rumo a um Feminismo Descolonial. Estudos Feministas, Florianópolis, setembro-dezembro, p. 940-941, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2014000300013

MARTINS, Helena. Mães são responsáveis pela criação dos filhos até 3 anos em 89% dos casos. Agência Brasil. Fortaleza 2017. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-11/maes-sao-responsaveis-pela-criacao-dos-filhos-ate-3-anos-em-89-dos-casos

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento – Pesquisa qualitativa em saúde. 7. ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 2000.

MOTTA, P. M.; BARROS, N. F. Autoetnografia. Cadernos Saúde Pública. v.3, n. 6., 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/xjr7WRWBffwSDMYQYhCZvFt/?lang=pt&format=pdf

NOLASCO, S. O mito da masculinidade. Rio de Janeiro: Roxo, 1995.

ONU MULHERES. Gênero e Covid-19 na América Latina e no Caribe: dimensões de gênero na resposta. ONU Mulheres, mar. 2020. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/wpcontent/uploads/2020/03/ONU-MULHERESCOVID19_LAC.pdf

RAPOSO, H. S., FIGUEIREDO, B. F. C., LAMELA, D. J. P. V., COSTA, R. A. N., CASTRO, M. C., & PREGO, J. Ajustamento da criança à separação ou divórcio dos pais. Revista Psiquiatria Clinica, 38(1), 29-33, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/s0101-60832011000100007

SAFFIOTI, Heleieth. A Mulher na Sociedade de Classes: Mito e Realidade. São Paulo: Expressão Popular, 2013.

SAFFIOTI, Heleieth. O Poder do Macho. São Paulo: Moderna. (Coleção polêmica, 2010.

SCAVONE, Lucila. Maternidade: transformações na família e nas relações de gênero. Interface Comunic., Saúde, Educ., v.5, n.8, p.47-60, 2001. DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-32832001000100004

THURLER, 2009. Quem pode fugir dos filhos indesejados? Em nome da mãe: o não reconhecimento paterno no Brasil. Estudos Feministas, Florianópolis, 2012, jan-abr. p. 313-337. DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-026x2012000100020

VELASCO, Clara. Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras. Portal G1. São Paulo, 2017. Disponível em https://g1.globo.com/economia/noticia/em-10-anos-brasil-ganha-mais-de-1-milhao-de-familias-formadas-por-maes-solteiras.ghtml

ZANELLO, Valeska. Dispositivo materno e processos de subjetivação: desafios para a psicologia. In: ZANELLO, Valeska; PORTO, Madge (Org.). Aborto e (não) desejo de maternidade(s): questões para a psicologia. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2016. p. 103 - 122. Disponível em: http://site.cfp.org.br/publicacoes/livros/page/2/

Downloads

Publicado

2023-08-31

Como Citar

Barbosa, C. de F., Oliveira Pires, E., & Di Gregório, M. de F. A. (2023). Mães Solo: Disputas e Embates da Monoparentalidade Feminina na Contemporaneidade . ODEERE, 8(2), 19-40. https://doi.org/10.22481/odeere.v8i2.13341