Biodiversidades étnicas e ancestralidades: ontologias indígenas e ética para futuros sustentáveis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/odeere.v8i3.13857

Palavras-chave:

Biodiversidade Étnica, Capitalismo, Cidades, Indígenas, Quilombolas

Resumo

Neste ensaio observamos que a biodiversidade é a multiplicidade de recursos existentes no contexto da vida da natureza do planeta Terra. Ela implica também a presença do elemento humano e sua condição étnica que é também, no mundo globalizado, étnico racial. A vida humana a partir das ancestralidades étnicas nos indicam que o caminho para um futuro sustentável sempre foi protagonizado por populações indígenas, povos das florestas, tradicionais e quilombolas. Estas civilizações humanas, indígenas, ribeirinhos, população do campo e da floresta, negros e quilombolas fornecem tecnologias milenares capazes de salvaguardar o planeta e possibilitar a permanência da vida e da espécie humana na Terra. A despeito disto, o argumento tecnológico e sustentável dos gestores públicos e empresariado capitalista é reducionista. Em sua demanda, a agenda 2030 para implementação dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) estão atrelados ao desenvolvimento econômico e social.  Em nossa compreensão, isto visa encapsular a todos na lógica das cidades, territórios do consumo e das trocas econômicas. Valores éticos opostos a existência do indígena, do negro e das populações do campo e da floresta. Neste sentido, a ancestralidade indígena e negra em sua ontologia, produz uma ética humana inalienável e insubmissa.

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Biografia do Autor

Regina Suama Ngola Marques, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - Brasil

Psicanalista, mestre, doutora e pós-doutora em psicologia e saúde mental da população negra, indígena e da diáspora africana no Brasil e na França. Esteve como Pesquisadora Convidada no Instituto dos Mundos Africanos em Paris (Bolsista Capes, 2016) com a colaboração e convite realizado por Elikia M'Bokolo na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS/Paris/França). Professora Associada IV , supervisora de Estágio Clínico no Centro de Ciências da Saúde da UFRB/ Psicologia. Professora Permanente do Mestrado em Relações Étnicas e Contemporaneidade da UESB-Jequié/BA. Eleita Coordenadora (2022-2024)  do GT Psicologia e Relações étnico raciais da Associação Nacional de Pesquisa, Ensino e Pós Graduação em Psicologia (ANPEPP). Mam'etu no Nzo Lemba Tatea Moxicongo Tumba Junssara. Organizadora dos livros Quilombos: psicologia, saúde e outras visões, 2019; Pedagogias e Tecnologias em Quilombos: Conquistas e novos desafios;  Cenários da Saúde da População Negra no Brasil: diálogos e pesquisas, 2021 e do Livro autoral premiado pela Fundação Biblioteca Nacional e Ministério da Cultura Psicanálise Infantil e Racismo: saúde mental nas relações étnico-raciais, 2023.

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Publicado

2023-12-21

Como Citar

Marques, R. S. N. (2023). Biodiversidades étnicas e ancestralidades: ontologias indígenas e ética para futuros sustentáveis. ODEERE, 8(3), 119-139. https://doi.org/10.22481/odeere.v8i3.13857