Metamorfoses negras: desfazendo sortilégios visuais do mundo ocidental
DOI:
https://doi.org/10.22481/odeere.v9i2.15066Palavras-chave:
sujeitos negros; metamorfoses; imagens; efabulaçõesResumo
Reflete-se sobre visões hegemônicas que, desde as primeiras elaborações imaginárias de um possível mundo ocidental no quarto século a.C., distorceram a imagem de povos africanos e sustentaram processos de colonização sob essa égide de pensamento.. Essas visões são fábulas, correspondendo a efabulações sobre a(s) África(s), africanos, descendentes. Existe um mundo fascinado há milênios por outro. Esse mundo fascinado e imaginado, o Ocidente, explorou e assumiu a narrativa sobre vários outros mundos, esmaecidos, rasurados, reinterpretados pela memória europeia, seja por traçados territoriais ou da narrativa histórica. O Ocidental se contrapôs, assim, ao Oriental, também esmaecido. O que seriam Oriente e Ocidente? Assim como não existe raça, mas existe racismo, talvez não existam Ocidentes e Orientes, mas Ocidentalismos e Orientalismos. Cabe perguntar: sob esses imaginários, onde fica a África(s), que se situa e se perde entre os “ismos” elaborados, em lugar avesso à ideia de civilização, de não-Ocidente, de não-Oriente, de “um não-lugar”? Essa África imaginada enfeitiça o Ocidente e ao mesmo tempo é por ele metamorfoseada. O romance O Asno de Ouro, do africano Apuleio (Século II d. C.), servirá de pretexto para a reflexão sobre essa metamorfose.
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