Corpo imagem: estereótipos e imagens de controle de mulheres trans e travestis e de homens cis negros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/odeere.v9i2.15091

Palavras-chave:

Desigualdades sociais, Homens cis negros, Imagem corporal, Imagem de controle , Travestis e mulheres trans

Resumo

A imagem corporal é constituída pela concretude material visual, mas também pela representação construída e compartilhada no imaginário social coletivo, a partir da significação sociocultural historicamente atribuída aos significantes que a compõem, como a cor da pele e os elementos que denotam gênero, numa perspectiva binária. Este texto toma o corpo como objeto, para discutir como a imagem e o imaginário social coletivo, alimentados por elaborações e representações socioculturais acerca de imagens corporais visuais e conceituais, atravessam as relações sociais de travestis e mulheres trans e de homens cis negros. Nas análises, o conceito de “imagem de controle” (Collins, 2019) foi a ferramenta teórico-metodológica fundamental para compreender como são atribuídas, a suas imagens visuais corporais e a suas representações, significações socioculturais, que remetem esses sujeitos a posições subalternas e, por vezes, à abjeção, legando-os a estereótipos negativos que funcionam para estruturar discriminações nas interações nos mais diversos espaços de sociabilidades e posições subalternizadas na hierarquia das desigualdades sociais, dissimulando condições sociais construídas como naturais e imutáveis.

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Biografia do Autor

Manuela Azevedo Carvalho, UEFS/UAB

Doutora em Educação, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), professora do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Integro o grupo de pesquisa Corpo e Educação, da Unicamp, e desenvolvo pesquisa sobre gênero, sexualidade e educação e sobre escolarização e desigualdades de modo geral. O produto mais recente publicado acerca de minhas últimas pesquisas foi o artigo “Escolarização de mulheres trans e travestis: violências e efeitos de vínculos de amizade”, na Revista FAEEBA, em 2023 (https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2023.v32.n72.p50-69).

Luciana Aparecida de Miranda, Faculdades Integradas Olga Mettig

Doutora em Educação, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), professora de cursos de pós-graduação da área docente pela FEIB. Desenvolvo pesquisa sobre escolarização e desigualdades envolvendo classe, gênero e raça, com interesse particular em trajetórias de exceção e desigualdades escolares. O produto mais recente publicado acerca de minhas últimas pesquisas foi a tese de Doutorado “Improváveis: trajetórias de homens pretos de camadas populares rumo ao ensino superior”, em junho de 2024, disponível no  Repositório da Unicamp (https://hdl.handle.net/20.500.12733/18639).

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Publicado

2024-08-31

Como Citar

Azevedo Carvalho, M., & Aparecida de Miranda, L. . (2024). Corpo imagem: estereótipos e imagens de controle de mulheres trans e travestis e de homens cis negros. ODEERE, 9(2), 72-93. https://doi.org/10.22481/odeere.v9i2.15091