As filosofias e as tecnologias de terreiro sob a interferência de Exu e dos caboclos: uma análise antropológica de experiências baianas
DOI:
https://doi.org/10.22481/odeere.v9i2.15102Palavras-chave:
Caboclo, Exu, Pedagogia cabocla, Pedagogia das encruzilhadas, TransnaçãoResumo
Este ensaio se propõe a analisar as chamadas tecnologias de terreiro em suas
expressões como filosofias e epistemologias soerguidas das ancestralidades
afroindígenas praticadas e sentidas pelas comunidades de candomblé da Bahia, numa
perspectiva antropológica, a partir das minhas últimas pesquisas acerca das atividades
civilizacionais destas casas em seus cultos ordinários, destacando as figuras divinas,
filosóficas e pedagógicas de Exu e do Caboclo. Trago aqui o meu sentimento do mundo
em cosmopercepções desenvolvidas em mim como nativo do candomblé e como
pesquisador encarnado nessas questões que me compõem como pessoa humana. O
terreiro é fazedor de filosofias e tecnologias e suas divindades se nos apresentam
como epistemologias que nos incitam a conhecer o mundo da vida através da
ancestralidade afroindígena que nos traduz como povo, como nação. É um ensaio que
percorre as estradas da rua com Exu, e os cainhos do mato com o Caboclo. Sente a
pedagogia das encruzilhadas com Luiz Rufino, e a partir de um exercício conceitual
meu, trago a noção de pedagogia cabocla em cruzos com o meu conceito de
transnação usado para negar a ideia de pureza ritual nas nações do congo-angola, jeje
e ketu , sentidas nos candomblés entre Salvador e o Recôncavo baiano. Aqui vai um
estudo antropológico em confluências com a literatura, MPB, história e cultura
popular.
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