Medicalização e educação: um estudo sobre a formação de pedagogas e pedagogos
DOI:
https://doi.org/10.22481/aprender.i30.13796Palavras-chave:
Sociedade do cansaço., Saúde mental, Patologização, Formação de ProfessoresResumo
A preocupação com a saúde física e mental de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos tem crescido ao longo dos últimos anos, sobretudo a partir da pandemia de Covid-19. Tal preocupação tem produzido estudos e pesquisas acadêmicas; levantamentos e análises realizados por organizações nacionais e internacionais; políticas públicas nacionais; e orientações e planos de ação dirigidos às diversas nações. Se por um lado a atenção e o cuidado com as questões relativas à saúde física e mental são importantes e necessários, por outro, fazem pensar no risco da medicalização da vida, do sofrimento e do mal-estar. Tendo em vista que a escola tem sido lócus privilegiado de discursos e práticas medicalizantes, foi realizada uma pesquisa com o objetivo de averiguar se o processo de medicalização é abordado na formação inicial de pedagogos e investigar os conhecimentos dos participantes sobre a temática. Para tal fim, foi aplicado um questionário em 19 (ex)estudantes de uma universidade pública federal através do aplicativo Google Forms. Dentre os resultados, a análise indica que o tema ainda é pouco estudado no curso e que há pouca clareza na definição e diferenciação dos termos medicalização, patologização e medicação, e na compreensão das causas e desdobramentos do processo.
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