A arte de traduzir: traduções e o debate sobre gramática, línguas clássicas, vernáculos europeus, puritas, escritura e costume letrado no Portugal dos séculos XVI a XVIII (The art of translating: translations …)

Autores

  • Marcello Moreira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb/Brasil) http://orcid.org/0000-0001-6827-2772
  • Milena Pereira Silva Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb/Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.22481/el.v15i2.3550

Palavras-chave:

Tradução, Gramáticas vernaculares, Puritas, Costume letrado, Escritura

Resumo

Este estudo propõe como seu problema o entendimento de duas práticas de tradução concorrentes no Império Português entre os séculos XVI e XVIII: a que defendia ser a boa tradução a que se atinha ao estabelecimento de equivalências lexicais exatas entre o original e o texto traduzido – cabendo, é claro, especificar os limites que as diferenças entre as línguas de partida e de chegada impõem ao próprio ato de traduzir, para além do que cada tradutor compreende ele próprio por e define como tradução mot à mot -, e aquela outra, que fixava como sua tarefa a determinação de equipolências entre unidades frásicas ou oracionais. Como se tentará demonstrar ao longo deste estudo, as diferentes práticas de tradução implicam compreensões muito distintas do valor diferencial das línguas de partida e de chegada, considerando-se que os textos de partida estão compostos, no corpus por nós constituído, em grego e latim; no valor diferencial das línguas de partida e de chegada, por seu turno, está implicada outra questão: a da querela gramatical sobre a superioridade das línguas clássicas frente às línguas modernas. É a esse conjunto específico de problemas que procuraremos dar uma resposta.
PALAVRAS-CHAVE: Tradução. Gramáticas vernaculares. Puritas. Costume letrado;. Escritura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcello Moreira, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb/Brasil)

Marcello Moreira é doutor em Literatura Brasileira pela USP (2000) e mestre em Filologia e Língua Portuguesa (1994) e doutorado pela mesma Universidade (2000). Atualmente é professor pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Desenvolve pesquisa sobre as relações entre filologia e campo historiográfico, além de uma outra, com João Adolfo Hansen, sobre a oratória no Império Português - séculos XVI e XVII. Ganhou com seu livro Critica Textualis in Caelum Revocata? Uma Proposta de Edição e Estudo da Tradição de Gregório de Matos e Guerra (Edusp, 2011) o Prêmio Jabuti na categoria "crítica literária", e também o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (2015) pela edição e estudo da poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra, em coautoria com João Adolfo Hansen.

Milena Pereira Silva, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb/Brasil)

Milena Pereira Silva é doutora em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Pesquisa as relações entre memória e notas históricas no gênero épico nas práticas letradas do Império Português do século XVIII.

Referências

ARISTÓTELES. Poetics. Edited and translated by Stephen Halliwell. Cambridge: Harvard University Press, p. 1-142, 1995.
BARROS, J. de. Grammatica da língua Portuguesa. Olyssippone: Apud Lodovicum Rotorigiũ, 1540.
BLUTEAU, D. R. Vocabulario Portuguez & Latino [...]. Authorizado com Exemplos dos Melhores Escriptores Portuguezes, & Latinos, e Offerecido a El-Rey de Portugal Dom João V pelo Padre Dom Rafael Bluteau [...]. Lisboa Occidental: Pascoal da Sylva, tomo VIII, 1721.
BOLGAR, R. R. The Classical Heritage and Its Beneficiaires. Cambridge: Cambridge University Press, 1954.
BUESCU, M. L. C. Gramáticos portugueses do século XVI. Lisboa, Lisboa: Bertrand, Biblioteca Breve, vol. 18, 1978.
CARVALHO, M. do S. F. de. Poesia de agudeza em Portugal. São Paulo: HUmanitas/Edusp, 2007.
CERTEAU, M. de. Montaigne's "Of Cannibals": The Savage "I". In: Heterologies: Discourse on the Other. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1986, pp. 67-79.
CHARTIER, R. À beira da falésia. A história entre certezas e inquietude. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002.
CICERUS. M. T. De inventione; De optimo genere oratorum; Topica. Edited and translated by H. M. Hubbell. Cambridge: Cambridge University Press, Loeb Classical Library, 1949.
CURTIUS, E. R. Literatura europeia e Idade Média Latina. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1957.
DOLET, E. La maniere de bien traduire d'une langue en aultre. Lyon: Dolet, 1540.
ESTIENNE, R. Traicte de la grãmaire Francoise. Paris: Robert Estienne, 1557.
GANDAVO, P. de M. de. Regras que ensinam a maneira de escrever e orthographia da lingua Portuguesa, com um Dialogo que adiante se segue em defensam da mesma lingua. Lisboa: Antônio Gonsalves, 1574.
GOODY, J. The Logic of Writing and the Organization of Society. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
HANSEN, J. A. A sátira e o engenho. Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
______. Agudezas seiscentistas. Floema, Caderno de Teoria e História Literária, 2A, Especial João Adolfo Hansen, p. 85-110, 2006.
______. Anatomia da sátira. In: VIEIRA, B. V. G. & THAMOS, M. Permanência Clássica. Visões contemporâneas da Antiguidade greco romana. São Paulo: Escrituras, p. 145-169, 2011.
KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. 2 ed., São Paulo: Perspectiva, 2005.
LEBRIJA, A. Gramática Castellana. Reproduction de l'édition princeps (1492). Publiée avec une préface par E. Walberg. Halle: Max Niemeyer, 1909.
LEITE, M. Q. O Nascimento da Gramática Portuguesa. Uso & Norma. São Paulo: Humanitas/Paulistana, 2007.
OLIVEIRA, F. Grammatica da lingoagem portuguesa. Lisboa: 1536.
ONG, W. J. Latin Language Study as a Renaissance Puberty Rite. Studies in Philology, vol. 56, n° 2, p. 103-124, 1959.
______. Oral Residue in Tudor Prose. PMLA, vol. 80, n° 3, p. 145-154, 1965.
______. Reading, Technology, and the Nature of Man: an Interpretation. The Yearbook of English Studies, vol. 10, Literature and Its Audience, p. 132-149, 1980.
PÉCORA, A. Teatro do sacramento. São Paulo: Edusp, 1994.
SAMÓSATA, L. de. Arte Historica de Luciano Samosatino. Traduzida de
Grego em duas versões Portuguezas pelos Reverendos Padres Fr. Jacintho de S. Miguel, Chronista da Congregação de S. Jeronymo, e Fr. Manuel de Santo Antonio, Monge da mesma Congregação em Portugal. Dadas à luz pelo P. Joseph Henriques de Figueiredo, Presbytero do Hábito de S. Pedro, e Capelão da Rainha Nossa Senhora. Dedicadas ao Excelentíssimo Senhor D. Francisco Xavier Joseph de Menezes, Conde da Ericeira, do Concelho de sua Magestade, Deputado da Junta dos Três Estados. Lisboa: Officina da Musica, 1733.
SAMOSATENSIS, L. Lucianus de Ratione Conscribendae historiae. Nurembergae, Fridericũ Peypus, 1515.
SILVA, M. P. As notas históricas no poema épico Vila Rica de Cláudio Manuel da Costa. 288 fl. Tese (Doutorado em Memória: Linguagem e Sociedade) – Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2017.
TODOROV, T. Simbolismo e interpretação. Lisboa: Edições 70, 1980.
VEYNE, P. Como se escribe la historia. Foucault revoluciona la historia. Madrid: Alianza Editorial, 1994.
VILLALÓN, C. de. Gramatica Castellana. Arte breue y compendiosa para saber hablar y escriuir em la lengua Castellana côngrua y decentemente. Anvers: Guillermo Simon, 1558.
ZUMTHOR, P. Essai de poétique médiévale. Paris: Seuil, 1972.

Downloads

Publicado

2017-12-31

Como Citar

MOREIRA, M.; SILVA, M. P. A arte de traduzir: traduções e o debate sobre gramática, línguas clássicas, vernáculos europeus, puritas, escritura e costume letrado no Portugal dos séculos XVI a XVIII (The art of translating: translations …). Estudos da Língua(gem), [S. l.], v. 15, n. 2, p. 131-152, 2017. DOI: 10.22481/el.v15i2.3550. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/article/view/3550. Acesso em: 21 nov. 2024.