Mal-estar de professores e pandemia: um espaço de escuta frente à morte na escola

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22481/aprender.i31.14603

Palavras-chave:

Mal-estar, Educação, Pandemia, Morte

Resumo

Os tempos pandêmicos forçaram a escola em relação ao encontro com a morte. Cenas narradas ou encenadas convocaram os educadores a se confrontarem com os desdobramentos desse encontro disruptivo. Coube aos professores se ocuparem dos efeitos mortíferos produzidos pela pandemia de Covid-19. Diante da morte, o silêncio costuma ser uma saída e, em relação aos educadores, não saber sobre o que fazer com ela na escola produz mal-estar, pois educar supõe uma posição de saber a ser sustentada. A partir de fragmentos das falas de educadoras da Educação Infantil, da entrevista com a diretora e coordenadora de uma escola pública da região serrana do Rio de Janeiro, questionamos se a intensificação do mal-estar vivido durante o período pandêmico poderia impactar nas formas de saber fazer com o mortífero que se presentificou no encontro com as crianças.Os espaços de escuta ocorreram no retorno das aulas presenciais, no início do ano de 2022, no formato de rodas de conversa, em uma pesquisa-intervenção. A possibilidade de colocar em palavras o vivido na escola possibilitou aos educadores reservar um lugar para a morte, ao invés de suprimi-la, oferecendo espaço para o não saber e a dúvida.

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Biografia do Autor

Cristiana Carneiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Psicologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro; Docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

Mariana Scrinzi, Universidade Nacional de Rosario e Universidade Autonoma de Entre Rios - Argentina

Doutora em Educação, Conhecimento e Inclusão social - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Docente da Universidade Nacional de Rosário (Argentina) e Universidade Autônoma de Entre Rios (Argentina)

Larissa Costa Beber Scherer, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestre em Educação - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Doutoranda em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Bolsista CAPES - doutorado.

Lila Tatiana Queiroz de Carvalho Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Especialista em Psicanálise com Crianças e Intervenção Precoce/Instituto São Zacharias de Estudos e Pesquisas (SEPAI) e Psicóloga pela Universidade Estácio de Sá/Nova Friburgo(RJ); Mestranda em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

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Publicado

2024-07-31

Como Citar

Carneiro, C., Scrinzi, M., Scherer, L. C. B., & Souza, L. (2024). Mal-estar de professores e pandemia: um espaço de escuta frente à morte na escola. APRENDER - Caderno De Filosofia E Psicologia Da Educação, (31), 295-308. https://doi.org/10.22481/aprender.i31.14603